Retorno de emprestados no Fluminense é o menor dos últimos anos

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No início deste mês de Fevereiro, o Fluminense teve o retorno de apenas de quatro jogadores que estavam emprestados. O zagueiro Reginaldo, o volante Caio Vinícius e os atacantes Lucas Barcelos e Pablo Dyego já até tiveram os contratos reativados e publicados no BID. O número poderia ser um pouco maior, mas o lateral Orinho e o atacante Matheus Alessandro deixaram o clube ao final de seus respectivos contratos. Contudo, ainda assim está muito abaixo do constatado nos últimos anos.

Retorno de Pablo Dyego ao Fluminense foi confirmado pelo BID, atleta estava emprestado ao CRB
Com contrato até o fim de 2021, Pablo Dyego retornou após o empréstimo ao CRB. Atacante já havia passado por Djurgarden, da Suécia, Légia Varsóvia, da Polônia, Ottawa Fury, do Canadá, mas que disputa uma Liga nos Estados Unidos, e San Francisco Deltas, dos EUA  (Foto: Reprodução/Fluminense Football Club)

O número é menor que 2020, por exemplo, quando cinco jogadores voltaram de empréstimos. De acordo com um levantamento da nossa reportagem, desde 2015, o Fluminense viu o retorno de jogadores emprestados um total de 125 vezes. Ao todo, 55 atletas colecionaram idas e vindas do clube.

Ano Retornos de Empréstimo
2021 4
2020 5
2019 14
2018 20
2017 17
2016 32
2015 33

Vale destacar que o levantamento considerou especificamente o ano de retorno dos emprestados pelo Fluminense. Por isso, alguns apareceram mais de uma vez na lista.

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Destas 125 vezes, em 96 se tratavam de atletas formados no clube. Enquanto que só em 29 eram compostas de jogadores contratados e posteriormente preteridos pelas comissões técnicas. Caso dos laterais Wellington Silva e Giovanni, do zagueiro Nathan Oliveira, dos meias Dudu e Felipe Amorim, além dos atacantes Osvaldo e Maranhão, por exemplo.

Plano Carreira

Em relação aos jogadores de Xerém, durante anos, a diretoria do Fluminense trabalhou com o chamado Plano Carreira. Idealizado pelo ex-diretor das divisões de base, Marcelo Teixeira. Assim, jogadores formados no clube costumavam ser emprestados a equipes de mercados alternativos para adquirir uma maior visibilidade e bagagem internacional. Os destinos eram países como Azerbaijão, Bélgica, Canadá, Estados Unidos, Finlândia, Índia, Polônia e Portugal, por exemplo. Ou eram emprestados para equipes de menor investimento onde teriam a oportunidade de atuar em mais partidas.

“O Fluminense trabalha de uma forma diferente da maioria dos clubes do Brasil em relação a base. O nosso projeto Plano de Carreira é uma dessas forma de trabalhar, que vem se destacando. É um projeto importante para Xerém e para o clube não só na parte financeira, já que conseguimos fazer diversas vendas de atletas que estavam sem espaço no elenco principal do clube, e só essas vendas já pagariam mais de cinco anos do projeto todo, assim como na parte técnica, com jogadores que chegam na equipe principal com boa rodagem e muitas vezes até mesmo internacional, como o Calazans e o Reginaldo, por exemplo, o que contribui também para o crescimento pessoal do atleta”, explicou Marcelo Teixeira enquanto ainda era dirigente do Tricolor.

O Samorin também entra na conta. Neste ínterim, seis jogadores formados no clube retornaram de empréstimo após reforçar a antiga “filial” do Flu na segunda divisão da Eslováquia: os laterais Igor Julião e Fernando Neto, o zagueiro Alan Fialho, o volante Marlon Freitas e os atacantes Peu e Zé Lucas.

Reginaldo e Pablo Dyego estão entre os campeões de retorno de empréstimo no Fluminense

O zagueiro Reginaldo, assim como o atacante Pablo Dyego, estavam emprestados ao CRB. O curioso é que a dupla está entre os que mais mais integraram o Plano Carreira. Desde 2015, o clube cedeu o zagueiro a outras equipes em cinco oportunidades, enquanto o atacante saiu e voltou um total de quatro vezes.

Os dois, no entanto, não superam Lucas Fernandes. Entre 2015 e 2020, o atacante, hoje no HC Sapporo, do Japão, foi e voltou de empréstimos oito vezes. Enquanto o meia Eduardo, assim como o lateral Fernando Neto, aparecem logo abaixo com seis cada.

Mas, no caso de Reginaldo, o número é ainda maior. Isso porque, se contarmos desde que o defensor de 28 anos subiu para os profissionais, já são nove empréstimos.

Reginaldo que estava entre os emprestados teve seu nono retorno ao Fluminense
Zagueiro Reginaldo, por exemplo, já defendeu Resende, PSTC, Metropolitano, FF Jaro, da Finlândia, Vila Nova, Ponte Preta, Botafogo-SP e CRB enquanto mantinha contrato com o Flu (Foto: Reprodução/Fluminense Football Club)

Além disso, vale destacar alguns empréstimos no mínimo curiosos. O meia Robert — hoje no Boavista —, por exemplo, chegou a ser emprestado por seis meses para o Barcelona, da Espanha. Enquanto o atacante Matheus Carvalho — atualmente no Náutico — passou pelo Mônaco, da França.

Por outro lado, o lateral-esquerdo Aílton — que veste as cores do FC Midtjylland, da Dinamarca, — chegou a jogar pelo Neftchi Baku, do Azerbaijão. Enquanto Alan Fialho — sem clube — defendeu o Arka Gdynia, clube da segunda divisão polonesa.

Mudança na transição dos jovens

Todavia, um dos motivos que podem explicar a diminuição no retorno de emprestados ao Fluminense está na alteração do processo de transição de jovens jogadores. Em 2020, o Tricolor passou a ter um time Sub-23. Projeto idealizado pelo gerente de futebol, Paulo Angioni, e que chegou às semifinais do Brasileirão de Aspirantes.

Assim, os jogadores que estouram a idade do Sub-20 podem continuar o desenvolvimento no próprio Flu. Nos profissionais, há dois jogadores titulares com passagens pelo Sub-23. O volante Martinelli e o atacante Luiz Henrique. Além de Wisney, André, Nascimento, John Kennedy e Samuel ‘Granada’, que também já estrearam pelo time principal.

Em contrapartida, a permanência destes jogadores não gera um impacto significativo na folha salarial. Isso porque, segundo Angioni, em quase todos os empréstimos para clubes do futebol brasileiro, o Fluminense fica responsável por arcar com parte dos salários.

ST

Lucas Meireles


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Lucas Meireles

Jornalista formado pela UFRRJ, apaixonado por esportes e pelas boas histórias.

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