Fala, Professor! Roger: ”O futebol não é uma disputa de quem tem mais posse de bola”.

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Por Bruno Sznajderman e Gabriel Gonçalves

O Fluminense conseguiu sua primeira vitória no Campeonato Brasileiro 2021, pelo placar mínimo, diante do Cuiabá,  às 11h em São Januário. Na coletiva, Roger falou sobre a partida, o horário, e muito mais, confira:

Análise do jogo e fala sobre Yago Felipe

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”Um jogo difícil, em um horário ruim, que o adversário está mais habituado que nós a jogar. Às vezes me parece que o futebol brasileiro pensa que está em Londres. No inverno de Londres jogando às 11h da manhã. Uma coisa é você jogar às 11h da manhã em Santa Catarina, no Paraná, no Rio Grande do Sul, no inverno, outra coisa é você jogar no Rio de Janeiro e Nordeste. Um desgaste muito grande, mas sabemos que o adversário viria com uma proposta de tentar explorar as costas dos laterais. Fazer um pivô de centro para romper uma linha de grandes números de jogadores que tínhamos no ataque. Fizemos um primeiro tempo equilibrado, não sofremos muito tivemos algumas oportunidades, mas de fato concluímos a nossa chance no segundo tempo numa boa jogada com Yago que vem se destacando. O Biel vinha atuando bem e conseguiu colocar a bola nas redes”.

Vigésimo quarto jogo da temporada, Gabriel Teixeira participando de todos! O que você percebe na evolução do Biel?

”Quando vi os primeiros jogos no Estadual, que ele atuou, eu imediatamente me dei conta que ali estava um jogador completamente preparado do ponto de vista não só técnico, mas, sobretudo, tático e emocional. Um jogador que não sentiu o peso da estreia, seja naquele momento ou na Libertadores. Que não sentiu o peso de estrear no Brasileiro. Dentro das variáveis tanto físicas, quanto técnicas. Ele é um dos jogadores mais potentes que temos no grupo, mais completos”.

”As variáveis físicas do Biel são comparadas a jogadores europeus. Então quer dizer que ele aguenta fazer um jogo de altíssima intensidade ao longo da janela dos 90 minutos. E eu tenho até dificuldades de encontrar um ponto que o Gabriel precise evoluir, porque ele tem várias características importantes. Ele tem drible, ele tem força, ele sabe jogar no corredor de velocidade, ele não foge do confronto físico. Também tem característica de enfrentar se for o caso, tem recomposição”.

”Talvez o que precise evoluir se tiver que evoluir é o cabeceio se posso dizer alguma coisa. Mas até agora o que tenho visto do Gabriel é um jogador extremamente completo em todos os sentidos. Fico muito feliz de estar participando do surgimento de um jogador como ele.”

Quarta feira o Flu enfrenta o Red Bull pela partida de volta da terceira fase da Copa do Brasil, o que esperar? Falar sobre vantagem

”O primeiro de tudo é não considerar essa vantagem, embora que significativa, de gois gols, porém a gente sabe que tudo acontece no futebol. Eu salientei para os atletas que era importante o primeiro jogo da decisão, seja ele tendo acontecido em casa ou não. Mas a disputa está aberta, a partir de agora, a gente começa a se concentrar. Ontem, em casa, eu vi a rodada do Brasileiro, com o Bragantino atuando contra o Bahia. Já vi algumas peças e alternativas que o Barbieri pode usar nesta quarta-feira. Mas agora, nesse momento, só quero curtir esses três pontos e aproveitar o final de domingo, para amanhã novamente focar nessa tão grande decisão de quarta-feira. Mas, a gente espera, obviamente, que o adversário venha forte, duro, buscando tirar essa diferença e a gente continuar nossa crescente evolução”.

Como lidar com a maratona e organização dos treinos

”Primeiro foi muito bom chegar no clube e pegar uma base tão bem formada do ano anterior, com o Marcão. E começar a incrementar gradativamente, incluir alguns conceitos através da metodologia de treino que a gente gostaria de ver. Hoje eu consigo enxergar os conceitos, principalmente, em algumas fases do jogo. Na fase de defender e atacar, os princípios macros do jogo. Quem é que ataca, por onde ataca, quem é que fica próximo pra transição, pra conter a transição. Como é que são as movimentações de encaixe pra marcar, qual estrutura a gente adota dependendo do adversário, a altura que minha linha vai marcar, compacta-la. Isso tudo foi gradativamente. Teve pouco treino, eu tenho muito treino com o G2 e G3. A gente divide em G1, aqueles que mais jogam, G2 e G3. A gente espera, ao dar o treino pro G2 e G3 que eles vão assimilando a forma de grupo. Isso vai ser passado pros outros atletas que estão jogando, e as correções são feitas, invariavelmente, através do feedback visual do vídeo. Hoje mesmo, a palestra do jogo, em parte, foi amostra do jogo que a gente teve com o Red Bull, o que a gente fez de consistente, o que precisávamos melhorar pontualmente para este jogo e a estratégia para o jogo de hoje. É muito feedback de vídeo, que não é o ideal, mas como o grupo já está assimilando o trabalho, você consegue manter. Mas, em algum momento a gente vai precisar de uma semana aberta, porque, os princípios vão se perdendo a medida que você não consegue executá-las no treino. Mas isso, nesse momento é o que a gente tem, e a gente está conseguindo evoluir assim”.

Posse de bola

”Primeiro que o futebol não é uma disputa de quem tem mais posse de bola. É uma disputa de quem tem a posse de bola e consegue ser mais eficiente. Eu costumo analisar algumas métricas importantes que é a posse de bola relacionada a quantas vezes eu consigo finalizar ao gol adversário ou chegar no último terço do campo empurrando o adversário para trás. Eu posso ser extremamente ofensivo tendo 40% de posse de bola e chegando 10, 15 vezes no último terço finalizando 5 ou 6 vezes com perigo do que aquele que teve 60% de posse”.

”O cenário brasileiro e por vezes o externo deseja empurrar que todo mundo tem que propor jogo hoje. Mas independente do grupo, da característica que você tem, da capacidade dos jogadores, todo mundo tem que propor jogos. Defender bem é organização e talento. Atacar bem dessa forma é talento e organização. Se inverte essas variáveis. O fato de você não ter a bola não significa que você é mais defensivo. Pelo contrário. Às vezes você não tem a bola, mas está propondo o jogo. Porque está impondo ao adversário o jogo que você deseja. Levar a bola para onde você quer, roubar a bola para chegar ao gol adversário”.

Movimentação do Biel nesta partida

”O que estamos tentando construir é como o Nenê está jogando no tripé pelo lado esquerdo e o Biel tem a capacidade para flutuar dentro do bloco e girar onde está mais poluindo que eles possam trocar de posição. Principalmente na fase ofensiva do jogo e o Biel possa flutuar mais como aconteceu hoje. Ele conseguiu fazer o gol por dentro, a posição do tripé do Nenê. Estamos buscando alternativas para que a gente não fique preso dentro do modelo”.

 

FOTO: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.

 


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