Antes da estreia, relembre as outras participações do Fluminense na Libertadores

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Nesta quinta-feira (22), o Fluminense faz a sua estreia na Copa Libertadores da América 2021 diante do River Plate no Maracanã.  Embora seja um gigante do futebol brasileiro, esta é apenas a sétima vez que o Tricolor disputa a competição. E o ST aproveita para lembrar como foram as outras participações do Flu no principal Torneio da América do Sul.

Criada pela Conmebol em 1960, a então Copa dos Campeões da América se tornou Copa Libertadores em 1965. O nome surgiu como uma homenagem aos heróis da independência como Simon Bolívar, na Venezuela, Jose de San Martin, no Peru, Bernardo O’Higgins, no Chile, José Gervasio Artigas, no Uruguai, e Dom Pedro I, no Brasil, por exemplo.

Mas, inicialmente, os brasileiros não deram muita atenção ao Torneio. Durante os primeiros anos, o Campeonato Brasileiro e os Estaduais ainda eram mais relevantes. Até a década de 1990, por exemplo, apenas o Santos, de Pelé, o Flamengo, de Zico, e o Grêmio, de Renato Gaúcho, haviam conquistado o título. Tanto que, em suas duas primeiras participações, o Fluminense sequer passou da primeira fase.

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Desde então, a Libertadores se tornou uma verdadeira obsessão de clubes e torcidas. Em sua melhor campanha, o Flu por pouco não levantou o troféu em 2008. Mas, acabou perdendo nos pênaltis para a LDU. Nas participações seguintes, o Tricolor caiu uma vez nas oitavas e duas vezes nas quartas-de-final. Sendo que, nas últimas, acabou caindo diante dos futuros finalistas.

Troféu da Libertadores é o mais cobiçado da temporada
Por tradição, todos os campeões da Libertadores recebem uma plaquinha no troféu oficial (Foto: Reprodução/Conmebol)

Aproveitando o clima de Libertadores, o ST relembra todas as outras vezes que o Fluminense disputou a competição:

1971

Em 1971, o Fluminense estreava na Libertadores com a credencial de campeão do “Maior Campeonato Brasileiro de Todos Os Tempos” — como ficou conhecido o Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1970, porque contou com a participação de todos os 23 tricampeões mundiais, além do técnico Zagallo.

Na época, apenas 20 clubes se classificavam para o Torneio. Sendo os campeões e vice-campeões nacionais que, por sua vez, eram divididos em cinco grupos regionalizados.

O Flu então caiu no Grupo 3 juntamente com Palmeiras, vice-campeão brasileiro, e os venezuelanos do Deportivo Galícia e Deportivo Itália.

A campanha até teve um início empolgante. O Tricolor — do técnico Zagallo e de Félix, Samarone, Lula, Flavio Minuano e cia. — começou vencendo o Palmeiras, da Academia Alviverde, por 2 a 0 em pleno Parque Antártica.

Jornais repercutiram a vitória do Fluminense sobre o Palmeiras pela Libertadores de 1971
Assim como no Robertão, Fluminense venceu o Palmeiras em São Paulo. Desta vez, o artilheiro Flavio Minuano marcou os gols da vitória Tricolor (Foto: Reprodução)

Entretanto, o Tricolor acabou derrapando na reta final. O time de Laranjeiras sofreu uma surpreendente derrota para o Deportivo Itália em casa, por 1 a 0, episódio que ficou conhecido pela impressa venezuelana como “Pequeño Maracanazo“. Destaque para o arqueiro ítalo-venezuelano Vito Fasano, que aguentou um verdadeiro bombardeio do ataque tricolor.

Vitória do Deportivo Itália no Maracanã entrou para a história do futebol venezuelano. Clube atualmente se chama Deportivo Petare (Foto: Reprodução/Deportivo Petare Fútbol Club)

Na sequência, também perdeu para o Palmeiras em pleno Maracanã pelo placar de 3 a 1. Assim, o Fluminense terminou a primeira fase com duas vitórias, dois empates e duas derrotas. O Tricolor somou oito pontos (as vitórias na época ainda não valiam três) e ficou com a segunda colocação, atrás do Palmeiras. Como apenas o primeiro avançava, o Flu, portanto, acabou eliminado na primeira fase.

Capa dos jornais após a eliminação do Flu na Libertadores 1971
(Foto: Reprodução)

1985

Assim como em 1971, mais uma vez o Fluminense retornava à Libertadores como o atual campeão brasileiro. Desta vez, o Tricolor contava com outros grandes nomes de sua história como Paulo Victor, Delei, Romerito, além do casal 20, Assis e Washington, por exemplo.

Mas a campanha foi pífia. O Tricolor das Laranjeiras caiu no Grupo 1, ao lado do rival Vasco, além de Argentinos Juniors e Ferril Carril Oeste, ambos da Argentina.

Jornais após a estreia do Fluminense na Libertadores 1985
O extinto Jornal dos Sports classificou positivamente o empate entre Fluminense e Vasco na estreia da Libertadores (Foto: Reprodução)

O Fluminense encerrou a sua participação no Torneio com três empates e três derrotas, apenas três gols marcados e seis gols sofridos, terminando na terceira colocação. À frente apenas do Cruzmaltino e, ainda assim, pelo saldo de gols.

Jornal após a última partida do Fluminense na Libertadores 1985
Jornal destacou que Fluminense não venceu um jogo sequer (Foto: Reprodução)

Por outro lado, o Argentinos Junior, primeiro colocado do grupo, chegou longe. O time responsável por revelar ao mundo ninguém menos que o craque Diego Armando Maradona conquistou a Copa Libertadores pela primeira e única vez após bater o América de Cali, da Colômbia, na final.

2008

Depois de passar 23 anos sem disputar a Copa Libertadores da América, o Fluminense novamente chegava como campeão. Mas, dessa vez o título era da Copa do Brasil.

Para o retorno à competição, o Tricolor — ainda na Era Unimed — investiu pesado. O clube repatriou o lateral-direito Gabriel, que estava no Málaga, da Espanha. Além disso, trouxe o meia Dario Conca, ex-Vasco, e os atacantes Dodô, ex-Botafogo e Washington ‘Coração Valente’, que estava no futebol japonês.

O sorteio levou o Fluminense ao Grupo 8. Ao lado de Arsenal de Sarandí, da Argentina, LDU, do Equador, e Libertad, do Paraguai. Com quatro vitórias — incluindo uma antológica goleada por 6 a 0 sobre o Arsenal — um empate e uma derrota, o Tricolor conseguiu a melhor colocação geral. Conquistando, portanto, o direito de decidir todas as fases do mata-mata em casa.

Nas oitavas-de-final, o Flu passou de forma relativamente fácil. Com duas as vitórias sobre o Atlético Nacional, da Colômbia. A segunda inclusive com gol do ex-zagueiro e hoje treinador do clube, Roger Machado. Mas, a vantagem de decidir em casa viria a ser fundamental dali em diante.

Renato Gaúcho sentado no gramado
Renato Gaúcho refletindo sentado no gramado logo após a classificação diante do São Paulo se tornou uma das principais imagens daquela Libertadores (Foto: Pedro Kirilos/Photocamera)

Fortes emoções até a final

Os destinos de Fluminense e São Paulo se cruzaram nas quartas. Após perder por 1 a 0 no Morumbi, o Flu saiu na frente no Maracanã com gol de Washington. O empate de Adriano Imperador veio como um banho de água fria na empolgada torcida tricolor. Mas os gols de Dodô e de Washington, aos 47 minutos do segundo tempo, salvaram o Flu time da eliminação.

Washington comemorando o terceiro gol do Fluminense contra o São Paulo pelas quartas-de-final da Libertadores 2008
Toda emoção de Washington comemorando o gol diante do São Paulo ((Foto: Pedro Kinklos/Photocamera)

Já na semifinal, o adversário era outro “Bicho-Papão” de Libertadores, o temido Boca Juniors. O empate em 2 a 2 na Argentina calou a torcida xeneize — feito lembrado na canção “Desde Pequeno Eu Te Sigo”, da torcida. Enquanto a vitória por 3 a 1, no Rio, sacramentou o passaporte para a primeira e até então única final de Libertadores na história do Tricolor das Laranjeiras. Além disso, um clube brasileiro voltava a eliminar o Boca da competição, algo que não acontecia desde o Santos do Rei Pelé.

Por fim, restava apenas a LDU. Na altitude de 3500 metros de Quito, o Flu perdeu por 4 a 2. Já no Maracanã, a LDU abriu o placar, mas três gols de Thiago Neves levaram a decisão para os pênaltis.

Thiago Neves comemorando pelo Fluminense na final da Libertadores 2008
Thiago Neves se tornou o primeiro jogador a marcar três gols em um jogo de final da Libertadores (Foto: Pedro Kinklos/Photocamera)

No entanto, o Flu acabou sendo derrotado por 3 a 1 e deixou escapar o sonho de ser campeão em casa.

2011

Três anos depois do vice, o Fluminense estava de volta à Libertadores. O primeiro desde a épica Arrancada do Time de Guerreiros em 2009.

Mas, diferente da participação anterior, o Tricolor teve uma primeira fase muito mais conturbada. O Flu, tricampeão brasileiro, caiu no grupo 3. O mesmo de América-MEX, Argentinos Juniors e Nacional, do Uruguai.

Mesmo contratando jogadores de experiência internacional como Diego Cavalieri, Edinho, Araújo e Rafael Sóbis, o Flu não venceu nos três primeiros jogos. Para piorar, viu o técnico Muricy Ramalho — que recusou um convite da Seleção Brasileira para ser campeão brasileiro pelo Fluminense — pedir demissão. Enquanto aguardava por Abel Braga, a diretoria optou por deixar o então auxiliar-técnico permanente, Enderson Moreira, no comando.

Com Enderson, a vitória por 3 a 2 sobre o América — com um golaço de Deco aos 42 do segundo tempo — deu uma sobrevida.

Mas, a derrota para o Nacional fez com que o Flu precisasse vencer o Argentinos Juniors, na Argentina, por 2 gols de diferença.

Só que antes da partida teve outra polêmica. Autor do gol do título em 2010, Émerson Sheik foi afastado pela diretoria porque teria cantado uma música do Flamengo no ônibus.

Classificação na “Bacia das Almas”

Entre tantos problemas, o espírito do Time de Guerreiros retornou. Aos 43 do segundo tempo, o Fluminense vencia por 3 a 2. Até que Edinho — para surpresa de todos — foi derrubado na área. Pênalti que Fred converteu e garantiu a heroica classificação. O camisa 9, aliás, definiu este como seu maior momento em Copas Libertadores.

Fred comemorando o quarto gol sobre o Argentinos Juniors
Capitão Fred comemorando o gol de pênalti contra o Argentinos Juniors. Logo após o apito final, começou uma briga entre os jogadores (Foto: Rafael Moraes/Photocamera)

Com duas vitórias, dois empates e duas derrotas, o Tricolor terminou na segunda posição do grupo. Com apenas 8 pontos, passou com a segunda pior campanha na Classificação Geral.

Contudo, o Fluminense não chegou muito mais longe. Nas oitavas, o Flu até venceu o Libertad no Engenhão por 3 a 1. Em um jogo que terminou de madrugada por conta dos apagões no Estádio e contou com este golaço de Marquinho.

Mas, na partida de volta, a derrota por 3 a 0 no Defensores Del Chaco custou mais uma eliminação do Flu.

2012

Em 2012, o Fluminense chegava à Libertadores pela primeira vez sem ter sido campeão no ano anterior. O Tricolor — que disputou o título até as últimas rodadas — acabou ficando em terceiro no Brasileirão.

Na fase de grupo, o Flu teve pela frente dois velhos conhecidos, o Arsenal de Sarandí e o Boca Juniors, além do Zamora, da Venezuela. Mas o Fluminense fez bonito. Com cinco vitórias  e uma derrota, o Tricolor voltou a protagonizar a melhor campanha da Classificação Geral. Destaque para a vitória por 2 a 1 sobre o Boca fora de casa, fazendo do Fluminense o primeiro brasileiro a vencer os argentinos em La Bombonera desde o Paysandu em 2003.

Deco contra o Boca Juniors
Deco comemorando o segundo na vitória do Fluminense sobre o Boca (Foto: Lucas Merçon/Fluminense Football Club)

Nas oitavas, o Tricolor empatou em 0 a 0 com o Internacional no Beira-Rio. E no Rio, a vitória por 2 a 1 garantiu a classificação para as quartas-de-final.

Só que o destino ainda reservaria mais um encontro com o Boca. Os xeneizes, desta vez, venceram por 1 a 0 — em um jogo polêmico — disputado em Buenos Aires. Enquanto que, no Engenhão, Carleto cumpriu o sonho de seu pai e anotou, de falta, o gol que ia devolvendo o placar. Até os 45 do segundo tempo,  a decisão estava indo para os pênaltis. Mas o carrasco uruguaio, Santiago ‘El Tanque’ Silva, anotou o gol de empate do clube argentino.

Santiago El Tanque Silva comemorando o gol que eliminou o Fluminense da Libertadores 2012
‘El Tanque’ ainda se apoia na cabeça de Thiago Neves para comemorar o gol que eliminou o Tricolor (Foto: Reprodução)

Assim, o Tricolor acabou eliminado. E, em contrapartida, o Boca chegou até a final. Mas o time de Riquelme e cia. acabou perdendo a decisão para o Corinthians.

2013

Por fim, chegamos a 2013. Assim como em 1971, 1985 e 2011, o Fluminense chegava à competição com a credencial de campeão brasileiro. Este último com quatro rodadas de antecedência.

Do atual elenco, apenas Fred e o goleiro Marcos Felipe estavam inscritos na competição. Na Libertadores, o tetracampeão entrou no Grupo 8 juntamente com Grêmio, Caracas, da Venezuela, e Huachipato, do Chile. E o Tricolor conseguiu uma boa campanha. Sobretudo fora de casa. Mas o clube derrapou em casa com o empate diante do Huachipato e a derrota para o Grêmio.

Rafael Sóbis triste na derrota para o Grêmio pela Libertadores 2013
Sóbis expressando toda a sua indignação na derrota para o Tricolor Gaúcho no Engenhão (Framme: Reprodução/SporTV)

Com três vitórias, dois empates e a supracitada derrota, o Fluminense terminou na primeira colocação, com 11 pontos. O que levou o Flu à enfrentar os equatorianos do Emelec nas oitavas.

No Equador, o Emelec acabou vencendo por 2 a 1. Mas o Fluminense conseguiu reverter o placar em São Januário, ganhando por 2 a 0, com gols de Carlinhos e Fred.

Já nas quartas, o clube encarou o Olimpia, do Paraguai. Novamente na casa do Vasco, o Fluminense esbarrou na forte retranca paraguaio e ficou no empate em 0 a 0. Enquanto que a vitória do Alvinegro por 2 a 1 no Defensores Del Chaco pôs fim mais uma vez ao sonho de conquistar à América.

Fred brigando com os zagueiros diante do Olimpia
Fred briga com os zagueiros na derrota por 2 a 1 para o Olímpia. Embora o camisa 9 tenha se esforçado, o gol do Flu foi marcado por Rhayner (Foto: Ricardo Ayres/Photocamera)

Por outro lado, o Olimpia chegou até a final da competição. Mas, da mesma forma que o Boca Junior no ano anterior, acabou perdendo a decisão para um brasileiro. No caso, o Atlético-MG.

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ST

Lucas Meireles


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Lucas Meireles

Jornalista formado pela UFRRJ, apaixonado por esportes e pelas boas histórias.