Reconhecer a luta é uma coisa; estar satisfeito é outra…
Saudações Tricolores, galera.
Inicio esse texto usando da velha máxima popular: “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Isso para argumentar que reconhecer o que os comandados de Odair Hellmann lutaram não é estar satisfeito com o resultado. Pelo contrário. Todo tricolor que se preza está puto em ter perdido pro rival. De novo. Se não estiver, temos que repensar um pouquinho. Não é porque o time dos caras é superior, e voltou a treinar mesmo contrariando orientações e o escambau, de todas as autoridades sanitárias do mundo, que devemos estar satisfeitos. Não, senhoras e senhores. Não estamos.
Mas, por outro lado, é preciso reconhecer que dentro deste cenário absurdo, em que os bastidores falaram mais alto do que qualquer torcida neste campeonato nefasto – que outrora foi um dos mais importantes regionais do mundo – o Fluminense deu orgulho. Pela entrega, pela luta e, no final das contas, por estar do lado certo.
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Reuniões às escuras, sem a presença dos únicos afiliados que divergiam das decisões; processos forçados no Tribunal de Justiça Desportiva – sabidamente presidido por um torcedor e com o procurador geral torcendo pro mesmo time de seu presidente – que disserta sobre temas, completa e sabidamente, alheios aos seus propósitos e fundamentos (como a decisão de permitir que o rival transmitisse o jogo, mesmo sendo o tricolor o mandante); arbitragens para lá de controversas; times se revezando em estádios de várzea (os populares estádios “raiz”) enquanto um único mandava seus jogos no conforto do melhor estádio do estado; a volta forçada de um campeonato que já se encerrou, e seus clubes, agora, voltarão a “só” treinar por quase 1 mês; e os jogos das finais sendo marcados um em cima do outro – não me recordo a última vez que um campeonato foi decidido quinta-domingo-quarta, com um espaçamento de tempo absurdo entre os jogos (como se tivesse a necessidade de se apressar os jogos, por conta de uma calendário apertado) mas, como dissemos, para agora os clubes pararem por quase 1 mês, sem fazer nada além de treinar. Repita-se mil vezes.
E como se não bastasse tudo isso, no dia da final, ou na sua véspera, é veiculado que a Federação vai processar um dos finalistas da competição que a mesma organiza. Parece piada pronta. Mas não é. Por isso, por tudo o que aconteceu no obtuso underground do Campeonato, é preciso reconhecer a luta da equipe.
Uns vão dizer que o time deveria ter voltado a treinar antes, também contrariando as orientações e tal. Mas isso é fácil falar agora – arquiteto de obra pronta tem um monte por aí. Mas, o fato é que, dentro desse cenário, vimos um time aguerrido em campo, lutando no limiar de suas condições físicas, contra um outro time passa por cima de regras e faz aquilo que lhe convier, ao que parece, sem nenhum tipo de sanção.
O Fluminense mereceu o título? Pelo que jogou ontem não. Não conseguiu produzir direito, se enrolou na maioria das saídas de bola, mas ainda assim achou, duas vezes com Marcos Paulo e uma com Evanílson, boas chances de marcar. Além disso, os comandados de Odair ainda tiveram que enfrentar um árbitro que parou o jogo por 50 vezes. Tudo era falta, sobretudo se um jogador trajando vermelho e preto tocasse o chão. Aos 9, o nosso 99 já estava amarelado. Num jogo que durou cerca de 100 minutos ao todo, uma falta a cada 2 minutos não deixa ninguém jogar. Se acrescermos o tempo que demoraram para levantar e cobrar as infrações…
Outro ponto foi a enceradeira que entrou em cena ontem. Como esse time faz cera. Parece piada, mas quem parecia não querer jogar eram eles. E ainda contaram com a ajuda de gandulas, que sumiram com as bolas ao final do jogo. Me recordo de um lance em que o Nino foi buscar uma bola e, como Muriel já havia buscado outra, ele a deixou ao lado da trave direita do goleiro. No lance seguinte, novo tiro de meta pro Flu cobrar. E a bola não estava mais ali. Ou seja, o gandula entrou, pegou a bola ao lado da trave, e sumiu. Lindo isso, não?
Por fim, a falta de sensibilidade de se colocar som artificial da torcida. Primeiro porque, na minha opinião, beira o ridículo. Segundo, porque ao lado ainda existe um hospital de campanha, com pessoas lutando por suas vidas e, para quem conhece o sistema de som do Maraca, certamente incomodou os enfermos. Mas isso, senhoras e senhores, é uma outra história.
Que o Flu aproveite esse tempo que terá, após 18 dias e 6 jogos (!!!) – e com apenas 10 de preparação – descanse e se prepare. Se depender da entrega desse elenco, podemos pensar em coisas melhores esse ano no Brasileirão – quem sabe uma vaguinha por ali, no G6? Que o Odair consiga acertar esse time, que corrija, com urgência, a nossa deficiência na transição para o ataque e que proteja melhor nossa zaga, nos contra-ataques. Que reveja suas opções de entrada, ao longo dos jogos. Que observe Miguel mais de perto, que dê chances aos moleques que treinam ali. Queremos acreditar em dias melhores. Precisamos disso.
Quanto ao carioca 2020? Seu campeão tem a sua cara. E como falei no início do texto. Reconhecemos a luta! Mas…
ST