Nonato, Abel e Inter – o caso fora das quatro linhas

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Um dos mais badalados treinadores do atual futebol brasileiro, Abel Ferreira, do Palmeiras, certa vez disse temer que o Campeonato Brasileiro fosse decidido fora de campo. Em coletiva, após jogo da sua equipe, o português comentou o seguinte: ” Na última conferência (entrevista) disse que gostaria que esse campeonato fosse decidido dentro das quatro linhas por duas equipes, mas começo a ficar com algumas dúvidas. “. Pois esse que vos escreve está no mesmo caminho. Não só pela arbitragem tenebrosa contra o próprio Palmeiras – quem diria?!- mas por tudo o que acontece fora das quatro linhas. Mesmo.

Vejamos essa transferência de Nonato, que pertence ao Inter, mas estava emprestado ao Fluminense. Neste momento é importante esclarecer que o contrato, que chegou em julho de 2021, era até o final de 2022, e o Flu pagaria ao Inter R$ 500 mil, em 10 meses pelo empréstimo do volante. No contrato ainda havia a opção de compra – 50% dos direitos econômicos por R$ US$ 2,5mi – além da cláusula de proposta do exterior, que se chegasse o tricolor teria o direito de cobrir ou ficar com 10% dos valores negociados.

O Fluminense, pelo que se noticiou – inclusive pelo Saudações – tentou segurar o atleta, mas foi superado pelos valores apresentados ao time gaúcho e pelos cerca de R$ 600 mil que Nonato receberá mensalmente, em terras búlgaras. Mas e aí? O que aconteceu? Foi o Flu que não teve “fôlego” ou o Inter que precisou vender por, exatamente, não ter esse “fôlego”?

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As coisas não vão muito bem em terras coloradas – basta uma rápida consulta, nos sites sérios que cobrem o Internacional, para perceber que as finanças estão delicadas por lá. O time de vermelho do sul do país saiu cedo da Copa do Brasil e da Sul-Americana. Portanto, cerca de R$ 8 milhões entrando nos cofres ganha mais importância ainda. Isso porque, caso o Inter quisesse e pudesse, poderia esperar um pouco mais e ou ganhar os valores estipulados com o Flu, ou esperar a reta final da temporada, afinal seu jogador era titular absoluto, num clube que briga por dois títulos nacionais e, ainda por cima, é mundialmente famoso por revelar jovens talentos. Mas não pôde esperar. Ou, na melhor das teorias da conspiração, não quis.

Ora, um simples olhar na taleba de classificação do Brasileirão mostra que os dois times estão brigando juntos, na zona principal da tabela e que, a bem da verdade, são concorrentes diretos, no mínimo, por uma vaga na Libertadores 2023.

Tabela GE

Bom, daí vejamos: eu preciso de grana e ao mesmo tempo posso arrumar um dinheiro, vendendo jogador, sem prejudicar meu elenco e, de quebra (ou como principal motivo) desfalcar um concorrente direto… hum, qual a dúvida? Claro que eu vou vender.

E do lado tricolor? Valeria a pena arcar com R$ 12,5 milhões de reais (valores por metade do jogador) para mantê-lo aqui? Uns vão dizer que sim, outros que não e ainda teremos aqueles que serão os pais da matéria – aqueles que vão esperar o resultado do jogo contra o Corinthians, e a classificação do campeonato – para falarem: “Eu não te disse”?

O Flu ganhou com Nonato o dobro do que investiu, além do retorno técnico do jogador – que ajudou na campanha do Campeonato Carioca  – e vem sendo titular, nestes últimos momentos. Mas, em negociações como essa, as regras são essas: pintou proposta do exterior, o clube ou cobre ou dá adeus. E, acertadamente – ao sentir desse que vos escreve – o adeus foi bem dado.

E o Nonato? Não lhe desejo mal, apenas não quero mais saber dele. Preferiu ir para o poderoso futebol húngaro, ao lado praticamente, da guerra, se esconder por lá, do que ter a chance de ser campeão aqui. E é isso mesmo. O poder sempre esteve e estará nas mãos dos jogadores e seus empresários – pois são eles que assinam os contratos de trabalho. Se Nonato quisesse, não iria. Mas, o “se”…

ST

Washington de Assis

 


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