Em longa conversa, Odair Hellmann revela detalhes da restruturação do Flu e afirma: “Colhendo os frutos de três anos do projeto”

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O treinador Odair Hellmann, que trabalhou no Fluminense em 2020 e ajudou a levar o clube para Libertadores do ano seguinte, segue ainda muito presente ao falar da sua passagem pelo clube. O comandante foi convidado no podcast Flow “Sport Clube”, onde falou abertamente sobre diversos temas que envolveram o período em que esteve nas Laranjeiras.

“Eu tenho uma relação muito forte com o Fluminense. Joguei no clube em 1999 quando o clube esteva, talvez, no pior momento da sua história, na Série C. E voltei em 2020 naquele estágio que falei no início:, da construção, consolidação e da colheita…acho que hoje o Fluminense está estruturado para a colheita.”

Odair Hellmann comandou o Fluminense em 50 partidas e alcançou um aproveitamento de 56%. Foram 24 vitórias, 12 empates e 14 derrotas em quatro competições disputadas (Carioca, Sul-Americana, Copa do Brasil e Brasileirão). Foram 75 gols marcados e 47 sofridos. No total, 37 jogadores foram utilizados pelo treinador, desde medalhões consagrados até jovens das categorias de base.  No início de dezembro daquele ano, aceitou uma proposta milionária do Al Wasl, dos Emirados Árabes Unidos,

Odair com o troféu da Taça Rio, conquistado sobre o Flamenog (Foto: Lucas Merçon – FFC)

Hoje, o treinador tem residência mesmo no próprio país do Oriente Médio, onde mora com sua família e sua filha faz faculdade. Odair destacou muito o processo de reestruturação do Tricolor,  iniciado com ele em 2020.

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“Olha que engraçado e como a vida da volta. Eu entro em 2020 logo depois de 2019 o próprio Diniz ser demitido. Teve ainda aquele período em 19 com o Marcão. O Diniz é demitido pelos resultados, porque a torcida gostava do trabalho apresentado. O time teve muitos jogadores que despontaram e foram vendidos depois, saíram vários jogadores mesmo com o time brigando na parte debaixo da tabela. O futebol era muito bem apresentado, mas não estava tendo resultado.”

“Quando eu entrei, foi aquele primeiro passo, o da construção. Na época, não tínhamos como dar um passo muito grande pois não tinha dinheiro. O Mário e o Angioni, que são ótimos profissionais, sabiam como estavam os setores do clube (tecnicamente e financeiramente). Fizemos uma remontagem de time e uma remontagem de trabalho, que obviamente ia ter problemas, ia ter derrotas. Mas que lá na frente, era conseguirmos conquistar vitórias! E eles conseguiram observar isso em mim e no projeto. E lá no final (mesmo sem mim), conseguimos conquistar uma vaga na Libertadores, que gerou uma recuperação técnica dos anos anteriores, gerou dinheiro da CBF por causa da colocação no Brasileirão, gerou dinheiro da CONMEBOL pela classificação para a Libertadores. E o que o presidente faz? Investe novamente na equipe, buscam novos jogadores. Continuam com muitas dívidas, continuam com muitas dificuldades para contratar, mas sobra ali alguma verba para potencializar a sua folha de pagamento.”

Odair Hellmann comandou o Fluminense em 2020 – Foto: Lucas Merçon/FFC

Em 2021, mesmo sem Odair, Roger Machado assumiu o comando tricolor e levou o clube até as quartas de final da Copa Libertadores e ao fim do Brasileirão, novamente o tricolor conseguiu o apuramento para a competição internacional. O treinador ressaltou que o trabalho seguiu progredindo.

“Em 2021, você já vê o mesmo movimento, onde o clube conseguiu novamente se classificar para a Libertadores. Já começou a disputar melhor o Carioca. Comigo, em 2020, nós ganhamos a Taça Rio. O clube foi disputando as competições de igual para igual. Tudo isso fez parte do processo até chegar 2022 e 2023 com o clube tendo uma capacidade bem mais sólida de investimento, formar um grupo qualificado. O Diniz volta, faz um grande trabalho que o leva para Seleção Brasileira. Ganhou um título (Carioca de 2023) e pode estar perto de ganhar um outro!”

Por fim, o “Papito”, como é popularmente conhecido pelos jogadores das equipes onde trabalhou, fez uma reflexão do trabalho realizado no Fluminense, onde afirma que pensar a longo prazo, com um planejamento que consiga saber a realidade do clube, é mais possível atingir resultados no futuro.

“Esquece no momento o Odair, o Mário Bittencourt…em 2020, o Fluminense tinha condições de trazer um Jhon Árias? Um Marcelo? Naquele momento, o Marcelo queria vir para o Fluminense? O Fluminense não virou uma SAF… Não entrou dinheiro da noite para o dia para você fazer grandes movimentos financeiros com mais velocidade. Demorou um tempo para o Fluminense se consolidar… E teve que dar um passo de cada vez. Tanto que, em 2020, fomos muito bem no Campeonato Carioca, mas fomos desclassificados na Sulamericana. E isso gera um desconforto. Depois, estávamos muito bem no Brasileiro e depois, caímos na Copa do Brasil para o Atlético-GO, mas logo depois ganhamos de 4×0 do Coritiba. O trabalho vai seguindo porque, quem está dentro aqui (Mário e Angioni), além de ter a consciência, ele sabe o que é o momento de clube, ele sabe as dificuldades, as irregularidades. O pensamento era: estamos vendo o trabalho no dia-a-dia, estou vendo que a longo prazo, isso pode dar resultado. Então vou segurar o treinador, vou bancar, mesmo sendo cobrado e pressionado pelo torcedor. E foi isso que o Fluminense fez, por isso está conquistando tudo isso. O clube fez por merecer pelo trabalho do seu presidente, do Angioni e por todos os profissionais que lá passaram desde 2020 nesse processo de reformulação do clube.”

Números de Odair Hellmann são bons em seu início no Fluminense - Lucas Merçon/Fluminense FC

Em 2023, ele fez um trabalho no Santos, onde foi demitido há pouco menos de um mês.

ST

 


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