Análise Completa da Base: Flu faz certo em negociar atletas sub-20 e sub-23? Casos Ramon, Spadacio, Jônatas, Rafael Resende, César entre outros – O projeto “Plano de Carreira”

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Recentemente, o Fluminense negociou  alguns jovens atletas (muitos sem atuar no time principal) e essas negociações despertam várias questões no imaginário da torcida tricolor. Quais seriam os motivos de tais negociações? Será que esses jogares estourariam de verdade com a camisa tricolor, se tivessem oportunidade no elenco profissional? Afinal, se temos uma base tão boa, por que o clube não a aproveita melhor e acaba negociando tantos atletas, formados na base, mas sem oportunidades de se firmarem no profissional?

Nessa reportagem especial, vamos abordar negociações envolvendo jogadores como Ramon, Leandro Spadacio, Cesar, Jônatas e Rafael Resende. Porém, também abordaremos as questões envolvendo Mascarenhas, Patrick Carvalho e outros atletas mais antigos como Nogueira, Luiz Fernando, Eduardo Teixeira, Dori, Samuel Rosa, Marcos Júnior entre outros para explicar da melhor maneira como funciona esse processo dos atletas de base emprestados/vendidos para o mundo do futebol.

O PROJETO “PLANO DE CARREIRA”

Inciado durante durante a época em que a Unimed era patrocinadora e os jovens revelados em Xerém tinham poucas chances na equipe principal, o projeto visa manter vínculo com os atletas formados na base e realocar os jogadores sem espaço no elenco principal em times do Brasil e do mundo. O objetivo é que esses atletas ganhem experiência para poderem atuar com a camisa tricolor no futuro ou serem negociados para mercados internacionais, rendendo lucro ao clube.

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Mesmo com a saída da empresa e as dificuldades financeiras recentes, o projeto se manteve. Ex-Diretor esportivo da base, Marcelo Teixeira, que ficou de 2015 a 2019 no Flu, em entrevista para o Globo Esporte em 2018, defendeu o “Plano” e argumentou que o valor arrecadado com os jogadores negociados já superavam os gastos de cinco anos de projeto.

“O Fluminense trabalha de uma forma diferente da maioria dos clubes do Brasil em relação a base. O nosso projeto Plano de Carreira é uma dessas forma de trabalhar, que vem se destacando. É um projeto importante para Xerém e para o clube não só na parte financeira, já que conseguimos fazer diversas vendas de atletas que estavam sem espaço no elenco principal do clube, e só essas vendas já pagariam mais de cinco anos do projeto todo, assim como na parte técnica, com jogadores que chegam na equipe principal com boa rodagem e muitas vezes até mesmo internacional, como o Calazans e o Reginaldo, por exemplo, o que contribui também para o crescimento pessoal do atleta”, explicou o ex-diretor esportivo da base e que deixou o clube em 22/05/2019.

A marca Fluminense é sim bem vista no mercado mundial. Principalmente no quesito formação de jogadores. O atual projeto do sub-23 já havia sido desenvolvido no passado, mas com outros moldes. Era o antigo STK Flu Samorín – um time da segunda divisão da Eslováquia. Nele, o tricolor tinha parceria, onde enviava atletas, com o intuito de ganhar bagagem, experiência e reconhecimento internacional. Contestado por grande parte da torcida, o projeto foi encerrado em janeiro de 2019 (pouco antes de Abad deixar o comando do clube) muito por conta da grave crise financeira vivida pelo Flu. Sobre esse projeto, Teixeira afirmou em entrevista para o GE:

“Ele estava em um contexto do projeto internacional. Tinha como objetivo levar os jogadores a outros mercados para melhorar a formação O Samorin, realmente, não deu certo pois o Fluminense, naquele momento, deu um passo maior do que a perna. Não tinha como dar esse passo. Foi um erro pela dificuldade financeira por não poder arcar com o projeto. Ele era fantástico, continuo achando isso e ninguém me tira isso da cabeça”.

Mesmo sem o clube eslovaco, atletas tricolores sempre despertam o interesse de clubes do exterior, inclusive de clubes médios, que tem algum destaque em seu respectivo país e sua respectiva liga. Nos últimos anos, pudemos observar vários jogadores, sem espaço no elenco principal, que ficam sem contrato e acabam deixando o clube sem qualquer receita.

Por exemplo: Peu, Nogueira e Luiz Fernando. O trio acabou ficando sem contrato com o Flu e, após tantos empréstimos e sem uma sequência no clube, acabaram por não ter seus contratos renovados. O primeiro acertou com o CD Aves e os demais com o Gil Vicente, ambos os times atuantes da primeira divisão do futebol de Portugal. Nos empréstimos, o Flu manteve o vínculo, mas sem precisar arcar com os vencimentos dos atletas, na esperança de que os mesmos se valorizassem e gerassem algum lucro aos cofres tricolores.

Nessa lista temos também o atacante Dori, que começou a sua carreira no Fluminense em 2008 e jogou apenas duas partidas profissionais pelo tricolor. Artilheiro da Copinha de 2009, e hoje aos 30 anos, ele acumulou diversos empréstimos para clubes da China como Changchun Yatai, Guangdong Sunray Cave e Harbin Yiteng. Como sempre foi emprestado para times chineses, optou por não renovar com o clube e saiu sem custos para o IM Zhongyou em 2017. Ele é o estrangeiro há mais tempo em solo chinês (desde 2012).

Matheus Alves, outro atacante que nunca atuou entre os profissionais do Fluminense, seguiu os mesmos passos. Depois de vários empréstimos para França (Istres), Finlândia (FC Lahti), Coreia do Sul (Gangwon) e Malásia (Pahang FA). Em janeiro de 2018, aos 24 anos, decidiu seu destino longe do Flu e acertou com o Suwon City, clube da segunda divisão da Coreia do Sul em uma operação que gerou R$ 100 mil aos cofres tricolores.

Outro que nunca chegou a vestir a camisa nos profissionais foi Stefano Pinho, mais um atacante. Suas experiências internacionais com empréstimos no início da carreira foram para o Colorado Rapids-EUA em 2013 e para o Myllykosken Pallo-FIN em 2014. Porém, criou raízes no país americano, retornando em 2015 no Fort Lauderdale Strikes (time de Ronaldo Fenômeno). Aos 24 anos, anotou 16 gols e dando seis assistências, em seu primeiro ano na NASL. Nos dois anos seguintes, foi emprestado para o Minnesota United até seu contrato acabar com o Flu e indo gratuitamente para no FC Miami, onde foi novamente artilheiro. Na sequência, acertou com o Orlando City, ficando no clube por dois anos. Hoje em dia, está no futebol chinês, no Xinjiang Tianshan Leopard. Na época em que brilhou com a camisa do Miami, ele disse em entrevista:

“Para minha carreira isso é muito bom. Estou aqui há três anos e em dois fui o melhor jogador e artilheiro, seleção do campeonato”.

O meia Raphael Augusto, também cria de Xerém, passou por situação semelhante. Revelado em 2009 e tendo apenas quatro jogos pelo Fluminense, sempre foi emprestado para equipes de menor expressão. Mas, em todo o seu período vinculado ao clube, conseguiu emplacar uma temporada no DC United-EUA e no Légia Varsóvia, equipe da primeira divisão da Polônia, ganhando visibilidade fora do país. Deixou o tricolor gratuitamente em 2016 após um ano emprestado no Chennaiyin FC, da Índia onde assinou com o próprio clube. Ficou por lá por três anos até se transferir em 2019 para o Bengaluru FC, também da SuperLiga Indiana. Hoje, aos 29 anos é um dos melhores e mais badalados jogadores da liga.

Mais um homem de frente que está em solo internacional e que não passou pela categoria principal foi o atacante Zé Lucas. Após passar seis meses no Samorín, no meio de 2016, ele se acertou com o Renofa Yamaguchi, da Polônia. Depois, se aventurou no futebol de Malta, passando por Qormi e Zebburg Rangers antes de chegar no Pietà Hotspurs FC, da primeira divisão do país. Em entrevista, ele afirmou que deseja ficar no país:

“No momento não tenho vontade de voltar pro Brasil pra jogar não, sim penso em ir pra vários países, gosto muito de conhecer novas culturas. Visito minha família uma vez no ano fico em torno de 2 meses. Temos alguns clubes que são bem organizados, não atrasam salário. É um bom lugar pra se viver.  Me sinto em em casa aqui.”

 

Por último, o caso mais recente e emblemático é o de Marcos Júnior. O Kuririn, como é carinhosamente apelidado pela galera, sempre vestiu a camisa do clube que torce com muito amor e garra. Porém, optou por deixar o clube de forma gratuita no fim de 2018 para acertar com o Yokohama Marinos, do Japão. Uma das causas de não querer ficar no clube era sua relação com o ex-mandatário Pedro Abad. O atacante desabafou na saída do gramado após a vitória contra o América-MG e aconselhou o presidente a deixar o cargo “pelo bem do clube e da sua família”. Ele virou artilheiro do Campeonato Japonês em 2019 e na temporada atual, novamente está concorrendo a esse prêmio. Até hoje, o torcedor tem muito carinho pelo jogador.

Mas será que todos esses clubes, em que esses atletas ex-Flu atuam, teriam condição de pagar algum valor para o Flu caso quisessem contratar tais jogadores, na vigência de seus contratos com o tricolor?

Particularmente, creio que sim. Caso não,  que fossem feitos acordos para manter partes dos direitos econômicos desses jogadores.

A grande questão está na quantidade de jogadores que o Fluminense forma anualmente e que, em muitos casos, acabam por não performar nos profissionais. Hoje, a base tricolor conta com cerca de 330 atletas em Xerém. Destes, 80 já possuem contrato profissional com o clube, com multas rescisórias e todo o resto. Ocorre que, ao se aproximar do término destes contratos, o clube precisa tomar a decisão de quem fica – e aí refazer o contrato, com bases salariais maiores e a consequente multa milionária – ou quem ele negocia, para ou não perder “de graça” ou pelo menos manter parte dos direitos econômicos.

Grande exemplo disso são os atletas que hoje incorporam o elenco principal – ou que recentemente foram negociados. Lucas Barcelos estreou e, para grande parte da torcida tricolor, não convenceu. Imaginem se o Flu informa que renovou com o atleta, antes mesmo dele estrear entre os profissionais, por 5 anos com salários altos e multa astronômica. A galera iria ficar furiosa. Do outro lado, temos o Marcos Paulo que, agora valorizado, dificulta as negociações com o Fluminense, “obrigando” o clube a negociá-lo para fora. Esse seria o caso de “bola dentro”.

Muitos são os exemplos de atletas que surgiram e se firmaram – e com isso conseguiram melhores condições – e outros tantos que optam por não renovar com o clube e lucrarem com a própria negociação. Sim, a lei Pelé tirou o poder dos clubes e o colocou no colo dos empresários. Vivenciamos o caso do Evanílson, por exemplo. O atleta não renovou com o Flu, firmou vínculo com o Tombense e, para não perder 100% do jogador, o clube firmou um acordo onde manteve, ao menos, 20%. Muitos questionam: por que não fechou com ele antes? Por que esperaram ele se firmar nos profissionais? Erro de avaliação, atrelado ao que falamos acima. Imagina se o Fluminense fecha um contrato desse tipo com o Peu, antes de observá-lo no time principal? Pois é. Um trabalho minucioso, que requer muito estudo e que, por mais que se tenha todos os cuidados, não consegue ser 100% certeiro.

É sempre garantido que um clube internacional vai atrás desses jogadores? Não. Como mostraremos mais ao fim. Várias histórias, de vários atletas, que não engrenaram e estão rodando clubes de menor expressão no Brasil. Mas a questão é que caso os atletas tiverem passagem por determinado país, em determinado mercado, isso poderia se tornar um facilitador de negociação e, até mesmo, de experiência e desenvolvimento, para que ele retornasse e compusesse o elenco principal.

Dando o outro lado da moeda, tivemos também atletas tricolores que não estouraram no time principal e após seguidos empréstimos para times internacionais, tiveram seus passes adquiridos por clubes de fora. Como foi o caso do meia Eduardo Teixeira e do lateral Ailton, ambos vendidos ao Estoril-POR em 2017.

Os valores da negociação não foram divulgadas, mas o Estoril fez questão de exercer a compra dos direitos econômicos depois do término do empréstimo de Eduardo.

Sobre Ailton, o clube lusitano exerceu a compra de 45% dos direitos do lateral esquerdo. O Fluminense recebeu 800 mil euros pelo jogador. Com isso, o Flu ainda tem direito a 15% de qualquer transferência futura do jogador e mais a porcentagem que tem direito como clube formador.

Três meses depois, foi vendido para o Stuttgart, da Alemanha por 2,5 milhões de euros, na época, pouco mais de R$10 milhões. Airton rendeu dinheiro ao Fluminense em três situações. A primeira foi porque o clube português exerceu a compra de 45% dos direitos do lateral esquerdo Ailton. Com isso, o Fluminense tem direito a 15% de qualquer transferência futura do jogador, além da porcentagem por ter sido o clube formador. Ao assinar com o clube alemão, o tricolor recebeu R$ 1,3 milhão por um atleta que só atuou pela base.

Alguns sabem dessa, mas o volante/lateral Fabinho, do Liverpool, foi revelado em Xerém. Aos 18 anos e sem atuar pelos profissionais, o jogador foi vendido para o Rio Ave, de Portugal em 2012 pela quantia de R$ 2 milhões, dos quais o Tricolor teve direito à metade – R$ 1 milhão – por ser dono de 50% dos direitos econômicos do jogador. Após sucesso no Mônaco-FRA, hoje é um dos craques do Liverpool.

O mesmo caso aconteceu com Samuel Rosa. E olha que o atacante até teve destaque entre os profissionais, sendo reserva imediato de Fred em 2012 no título brasileiro. Após empréstimos para LA Galaxy-EUA e Sport, ele foi vendido para o Hatta Club. Na temporada seguinte, o clube manteve o atleta. Nesses dois anos no clube dos  Emirados Árabes, foram 56 partidas e 26 gols (quase um gol a cada dois jogos).

Outra situação foi com o atacante Lucas Fernandes, que estava emprestado ao Consodole Sapporo, do Japão, em 2019. E ficou por lá. O clube japonês exerceu a opção de compra prevista em contrato no fim do ano passado e ele, aos 25 anos, continuou em solo oriental. Os valores da transação não foram revelados.

Outro caso de sucesso do projeto foi a venda de Léo Pelé, no início de 2019. O São Paulo investiu cerca de R$ 3 milhões na contratação do jogador, que assinou um contrato de quatro temporadas após seguidos empréstimos no Londrina e no Bahia e um bom ano com a camisa do Fluminense.

A principal venda até hoje foi a de Biro Biro em 2015 ao Shanghai Shenxin, da Segunda Divisão da China, por US$ 1,4 milhão (cerca de R$ 5,4 milhões). O Tricolor tinha 50% dos direitos do atleta, portanto, ficou com aproximadamente R$ 2,7 milhões. O restante foi dividido entre Nova Iguaçu e Traffic.

As vendas de Samuel ao Hatta Club-QAT, de Eduardo ao Estoril-POR, e de Ailton ao Estoril e ao Stuttgart-ALE juntas, renderam mais R$ 3 milhões ao clube (informação do Globo Esporte em 2018).

Ou seja, vimos que até o momento o Flu aproveita esse “Plano de Carreira” feito em cima de alguns atletas, consegue lucrar com esse projeto e ainda coloca jogadores em cenário internacional. Vimos que essas vendas praticamente cobrem todo o investimento que o Flu faz anualmente nas categorias de base e ainda geram lucro bruto para o clube.

Após a saída de Teixeira, antes da eleição do presidente Mário Bittencourt, o “Plano de Carreira” ainda não havia sido pensado como iria ser continuado. Com o novo mandatário, que vem passando muita seriedade no trabalho executado até o momento em tentar reerguer o Fluminense, esse projeto retornou com mais força e organização.

CASOS MAIS RECENTES – GESTÃO MÁRIO

RAMON

Após ficar 2019 emprestado no FC Ryukyu-JAP, o Tricolor acertou a transferência do lateral de 21 anos para o próprio clube japonês no início dessa temporada. No negócio, o clube de Laranjeiras manterá 40% dos direitos econômicos do atleta visando retorno em uma futura negociação. Os valores não foram revelados.

A ideia do Flu era ter o jovem no sub-23, porém, ele preferiu seguir no Japão, onde já atuava como profissional. Ele assinou um contrato de dois anos com renovação automática de mais um.

O jovem, que é primo do lateral-esquerdo Marcelo do Real Madrid, da Espanha, também revelado pelo Tricolor, moveu uma ação contra o clube com uma cobrança de R$ 233.856,89 entre salários e férias atrasadas, FGTS, multas e honorários advocatícios.

LEANDRO SPADACIO

No meio de 2019, o tricolor vendeu o garoto, na época com 19  anos, para o Shabab Al Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, time no qual Everton Ribeiro estava antes de ser contratado pelo Flamengo. A operação de compra de 70% dos direitos econômicos, ou seja, o Tricolor manterá 30% pensando em valorização futura. O valor da venda foi de US$ 500 mil (R$ 1,9 milhão) ao clube das Laranjeiras.

Na época, Mário explicou a venda do atacante em coletiva de imprensa:

“Esse atleta, especificamente, já havia subido para o profissional duas vezes, treinado com Abel Braga e Marcelo Oliveira, é de qualidade, mas não conseguiu performar no profissional – não significa que não possa performar no futuro – e desceu para a base. Esteve em um período de treinos com Diniz e também não foi aproveitado. E foi, neste momento, superado por atletas mais jovens. Há atletas de 16, 17, 18 anos treinando no profissional. Ele estava próximo de 20 anos. E aí chegou uma proposta do mundo árabe – não houve nenhuma proposta da Europa – do clube comprar 70% dos direitos e o Fluminense ficar com 30%”

CÉSAR

Negociação mais recente do Fluminense, o lateral esquerdo César, de 20 anos, da equipe sub-23, foi vendido para o futebol português. O jogador assinou contrato em definitivo por quatro anos com o Portimonense. Os valores totais da transferência não foram divulgados, mas o Fluminense ficou com 30% dos direitos econômicos do atleta.

RAFAEL RESENDE

Em setembro de 2019, o Fluminense acertou a venda de Rafael Resende, 19 anos, volante do sub-20, ao Sharjah FC, time dos Emirados Árabes Unidos. O Flu manteve 30% dos direitos econômicos do jogador visando uma eventual nova venda. Ele era titular no sub-20 e disputava o Brasileiro da categoria.

JÔNATAS

No dia 26/12/19, o Flu acertou a venda de Jônatas, de 18 anos e atacante do sub-20, ao Al Ain, dos Emirádos Árabes. O tricolor vendeu 70% dos direitos econômicos do atleta por cerca de US$ 300 mil (R$ 1,2 milhão). Jônatas, inicialmente, defendeu a equipe sub-21 do clube árabe. Ele esteve emprestado ao Hatta Club.

EMPRÉSTIMOS

Mascarenhas

O lateral-esquerdo de 21 anos deixou o clube em janeiro de 2020 e assinou contrato até junho de 2021 com o Vitória de Guimarães, de Portugal, por empréstimo, com opção de compra definitiva ao fim do período de 1 milhão de euros. Na época, foi uma transação muito questionada pela torcida, pois o Flu ficou apenas com Orinho e Egídio para a posição.

Patrick Carvalho

Retornou de empréstimo ao clube essa semana e será integrado ao time sub-23. Com 23 anos, o jogador ainda não atuou pelo time profissional do Fluminense. Ele foi emprestado pela primeira vez em 2016, e desde então, tem rodado de um clube para o outro. Tem passagens pelo Lahti (Finlândia), Nova Iguaçu, Boavista, Tupi, Chiasso (Suíça) e Al-Akhdoud (Arábia Saudita). Seu contrato com o Flu vai até o fim do ano. Essa é aquela situação: O que o Flu deve fazer? Renova com o atleta, em condições melhores, e espera ele performar nos profissionais? Deve negociar o atleta a qualquer custo?  Ou esperar e ver o atleta sair “de graça”?

Lucas Ribeiro “Macula” e  Jeferson

Informação de ontem publicada pela nossa reportagem, o Flu negocia a transferência de mais dois jogadores para o Estoril, de Portugal. São eles Jefferson, atacante do sub-20, e Lucas Ribeiro (Macula), atacante do sub-23 que entrou em campo no último sábado na vitória contra o Botafogo. A situação de Jefferson, de 18 anos, está mais encaminhada e os clubes estão próximos de acertar o empréstimo do jogador por uma temporada com opção de compra fixada.

Já a situação de Lucas Ribeiro ainda está em fases mais preliminares, como adiantou o Globo Esporte.com. Flu e Estoril ainda conversam sobre o modelo da transferência do jovem de 20 anos.

CASOS SEM SUCESSO INTERNACIONAL

Agora, de forma breve, abordaremos casos de outros jogadores, também formados em Xerém (até alguns esquecidos pela torcida) mas que não conseguiram desenvolver suas carreiras no exterior e que perambulam o futebol brasileiro, atuando por times menores. Os zagueiros Wellington Carvalho, Elivélton, Sandro e Reginaldo; Os volantes Marlon Freitas, Fábio Braga, William Oliveira e Rafinha; Os meias Tartá, Luquinhas, Lucas Patinho e Robert; Os atacantes Matheus Carvalho, Bruno Veiga e Michael.

Dos citados, alguns tiveram experiências internacionais durante os seus períodos vinculados ao Flu. Outros, somente após deixar o clube.

Rafinha – Depois do término do seu contrato em 2017, rodou por clubes menores no Brasil e só conseguiu acertar sua primeira experiência internacional em 2019 com o Kalmar FF, da primeira divisão da Suécia, assinando contrato de quatro anos.

Tartá – Na época em que esteve vinculado ao clube, foi emprestado para o Kashima Antlers, do Japão. Após o término do seu contrato, passou por alguns clubes de fora como Ulsan Hyundai, da primeira divisão da Coréia do Sul, Police Tero FC, da Tailândia e Foolad FC, do Irã.

Robert – Grande promessa do Flu que nunca vingou, assinou em 2012 seu primeiro contrato profissional, com multa rescisória de R$ 190 milhões. Pelo Flu, fez 13 jogos no time principal e teve dois gols marcados. Robert chegou a passar um período no Barcelona B em 2015 até seu contrato acabar em 2018. Antes de defender o Boavista no Carioca de 2020, jogou na liga de Hong Kong no Kitchee SC e no Hoi King SA.

Matheus Carvalho – Em 2015, foi emprestado pelo Mônaco-FRA. Em fevereiro de 2016, já sem contrato, foi para o Fort Lauderdale Strikes-EUA. Hoje, está no Náutico.

Fábio Braga – Antes de se aposentar e virar empresário de futebol, no período em que estava no Flu, foi emprestado para o CSM Politehnica Iași, da Romênia.

Sandro Silva – Poucos lembram dele no Flu. Revelado em Xerém, o zagueiro Sandro Silva fez apenas 7 jogos pelo clube. Sua única experiência fora foi no Kazma Sporting Club, do Kuwait onde ficou de 2009 até 2011. Após mais de uma década atuando em diversos times no futebol brasileiro, agora aos 32 anos, vai defender o Renofa Yamaguchi, da segunda divisão do Japão.

Conclusão

Após tantos valores, histórias e explicações, podemos observar que essas vendas/empréstimos desses atletas mais recentes (Ramon, Spadacio, Resende, César, Jônatas – Mascarenhas, Lucas Ribeiro e Jeferson) na gestão Mário Bittencourt é algo completamente comum dentro do clube. São jogadores que provavelmente não terão espaço no elenco profissional e que estão sendo superados por atletas mais jovens. Para essa decisão ser tomada, há todo um estudo realizado com a equipe do Departamento de Scout e Estatística em conjunto com todos os treinadores das categorias de base e profissional.

Então, é elborado todo um planejamento para a carreira do jogador, emprestando ou vendendo-o para um mercado mediano/expansionista para que o jogador possa ter uma carreira sólida e não ficar encostado sem poder jogar futebol. E o dinheiro ganho com as vendas, é totalmente reinvestido nas categorias de base de Xerém.

“Sem atuar profissionalmente, como vamos saber se esses caras podem render algo? E se o cara arrebentar e virar um grande jogador?” – Pergunta que provavelmente muitos vão fazer.

Há casos esporádicos, como exemplo um Fabinho? Sim. Mas foi um jogador dentre todos os citados acima que realmente faz um grande sucesso incluído nesse projeto do “Plano de Carreira”. Como visto também, muitos desses jogadores que não vingaram no clube estão felizes e confortáveis com suas carreiras fora do país. Vivem bem, recebem em dia e conseguem apresentar um bom futebol nas respectivas ligas em que atuam. São atletas consolidados no mercado em que estão.

Esse projeto é comprovado há quase uma década de que funciona e que ajuda o Fluminense a manter os investimentos em Xerém, hoje em dia, a maior fonte de renda do clube. Temos hoje no elenco, nomes como Calegari, John Kennedy, Miguel, Marcos Paulo, Evanílson, André, Luan e Wallace com altas multas rescisórias e que, futuramente, irão ajudar muito o clube nessa questão financeira. E esses jogadores, só estão hoje vestindo a camisa do Flu pelo investimento feito nos anos anteriores com o projeto “Plano de Carreira”. É um ciclo. E quem ganha, é a marca Fluminense Football Club.

Essa é a prática que identificamos nas Laranjeiras. Essa matéria, como sempre, visa trazer mais luz às ações tricolores para que a torcida, com mais conhecimento, forme a sua própria opinião.

E aí, galera tricolor? Aprovam? Desaprovam? Sentiram falta de alguma outra informação?

Saudações Tricolores,

João Eduardo Gurgel

 

 

 

 

 

 

 

 


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