Afinal, quem é dono de quem?
O Campeonato Brasileiro não tem um veículo de transmissão. É um veículo de transmissão que possui um produto chamado Campeonato Brasileiro. Os interesses comercias se sobrepõem aos esportivos, e isso há muito tempo. A concentração, óbvia e absurda de recursos, nesse ou naquele clube, é de enojar qualquer membro diretor do Cartel de Cali. A predisposição em socorrer aos que interessa é gritante por parte da detentora do campeonato. Ela é a dona e faz o que bem quiser com ele.
Paga quanto lhe convier, sob a escusa de mais audiência. Escala jogos quinta às 19h, segunda às 20h, sábado 21, quarta 21h45 ao seu bel prazer. E sempre com uma tabela mais interessante para A, no início do Campeonato, do que para os B,C,D e F’s que compõem a tabela. Sim, meus caros. Estamos caminhando para ver um ou dois times disputando tudo enquanto 18 ficarão acompanhando de longe, buscando uma vaga aqui numa Libertadores, tentando uma brecha na Copa do Brasil e, quem sabe, dar sorte na Sul-Americana. O mundo perfeito deles está começando a se desenhar.
Num ano em que recordes de arrecadação em bilheteria, sócio-torcedor e marketing serão explodidos, muito se falará sobre “gestão”, “austeridade no passado”, e outras ladainhas mais, mas JAMAIS falarão dos 500 milhões a mais que um time recebeu ao longo de 7 anos. Já explicamos aqui como tudo começou. Como a roda girou lá atrás e o que assistimos hoje, de braços cruzados, é a tal da espanholização, ou GLOBALIZAÇÃO, do futebol brasileiro. E tem dirigente, de um dos clubes que estaria dentro da patotinha que recebe mais, falando abertamente o que ocorre. Quer ver?
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Quem manda é quem paga. A CBF ajuda, a Globo paga:
“A CBF fez um calendário e não dá para reclamar. Chama a Rede Globo aí, fala deles. Eles pagam. Quando eles pagam você faz tudo pra eles. Eu entrego o horário pra eles do jeito que eles querem tudo pra eles. Eles pagam o Corinthians”
“Poder na mão dos clubes é balela, tá na CBF e na imprensa, de quem tem o poder de futebol”
Pois é. O presidente corintiano falou o que parece óbvio. E, corroborando com isso, vem os jogos da seleção brasileira – principal e olímpica – que tumultuam ainda mais o combalido futebol Varsileiro. Nunca antes na história desse país, nossa seleção teve tanto desprestígio. Ficaremos sem Caio Henrique pela 3ª vez no campeonato. Só pode ser sacanagem. Mas voltemos ao foco da coluna…
Hoje em dia é fácil dizer que o clube teve uma quebra recorde de audiência, por disputar determinada competição. Uma semifinal de Libertadores envolvendo dois times brasileiros envolve muita torcida, evidente. Todos sabem disso. Portanto os canais se preparam para a transmissão. No grupo Globo, somente a TV aberta passou o jogo. No SporTv não. Não foi coincidência, foi para aumentar os números.
Repetimos que não queremos que o bolo seja dividido igual, pois não seria justo. Mas que seja dividido de forma justa. Por mérito, audiência e classificação no campeonato. E não me venham dizer que cada clube tem que saber negociar melhor sua fatia. Sabemos que não funciona. Primeiro pela dependência absurda que os clubes atravessam e, sabidamente, a emissora joga com isso a seu favor. Segundo porque em bloco, a pressão é maior. Mas isso, caros torcedores, estamos longe de ver.
Os clubes deveriam se unir, antes que seja tarde. Talvez até seja tarde, mas precisamos começar a remediar agora, já! Flu, Vasco e Botafogo, Cruzeiro e Atlético, Inter e Grêmio, Bahia, Fortaleza, Ceará…. Athlético-PR, que já bater de frente e se segurou por conta de SÓCIO-TORCEDOR (Olha a importância aí). Santos também, que fica de fora do trio de ferro de São Paulo (COR, PAL, e SP). Essa galera tinha que se reunir ontem. Traçar planos de equalização de tudo e apresentar a FOX, TNT, Esporte Interativo, ESPN, Warner e quem mais estiver interessado no NOSSO CAMPEONATO. Pois hoje, nesse modelo, é com tristeza que repito. O Futebol VARSILEIRO está doente. Passou para UTI ontem. Foi “entubado” e os clubes também “entubam” quietos, o que lhes é proposto, ou imposto.
O CAMPEONATO BRASILEIRO NÃO TEM UM VEÍCULO DE TRANSMISSÃO; É O VEÍCULO DE TRANSMISSÃO QUE TEM UM PRODUTO, CHAMADO CAMPEONATO BRASILEIRO.
Ou mudamos isso, urgente, ou mudamos a alcunha de “País do Futebol” para “País de Veículo de Transmissão”.
ST
Washington de Assis
Foto: Lucas Merçon/FFC
Perfeita a explanação! É um absurdo a forma como o Grupo Globo intervém em todas as esferas da sociedade… Até com a graça do futebol estão conseguindo acabar.
Excelente texto. Como sempre!
Agora, ou os clubes que não fazem parte do grupo de privilegiados se unem e quebram esse modelo atual ou então só vamos acompanhar o Campeonato Inglês e a Champions League.
Só acho que deveria sim ter uma fatia de 70% igual a todos os clubes, e 30% distribuído de acordo com desempenho, colocação e audiência. Somente assim, o campeonato brasileiro, que já é chato na forma de pontos corridos, vai cada vez menos perdendo a importância… e ficando uma fábrica de desigualdades onde, o dinheiro fala mais alto. E com isso, mais uma vez é 7×1 Alemanha.
Há bastante tempo venho alertando sobre o assunto. Trata-se do “Óbvio Ululante” Como dizia Nelson Rodrigues, é muito fácil saber que o final da História é exatamente a ESPANHOLIZACAO do Futebol Brasileiro uma injustiça que se faz aos verdadeiros gigantes do nosso Futebol, hoje infelizmente colocados a margem devido a essa disparidade, mais um detalhe em falas do mesmo Nelson Rodrigues “A UNANIMIDADE É BURRA” , frase mais fácil ainda de entender. LAMENTÁVEL o que essa REDE NEFASTA GLOBOSTA faz com nossos Clubes
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