Advogado do diabo – O projeto de futebol do Fluminense é melhor do que acreditamos
Tricolor, a primeira coisa que eu gostaria que você soubesse ao começar esta leitura é que esse texto se trata de uma OPINIÃO do escritor, não o posicionamento do site. Digo isso por se tratar de um assunto polêmico. Mas dê uma chance, talvez você mude de ideia – como eu mudei recentemente.
Convenhamos, quem não está de saco cheio de passar ano atrás de ano sonhando com uma mísera Sul-Americana? Todo ano é torcer por um G6, mas se classificar pra Sul-Americana com sossego também não é um mau negócio. Pera lá! Quando foi que isso se tornou normal? Acho que uma parcela da torcida está normalizando um período longo longe do protagonismo, enquanto uma outra tenta reagir e dizer que isso tudo está errado. Temos que lembrar que o Fluminense dos últimos 7 anos deveria ser um clube em transição, não que fosse a nossa realidade.
E é por isso que não devemos nos conformar com qualquer resultado negativo, principalmente um vexame, como as eliminações para Union la Chalera e Atlético-GO. No entanto, não devemos pensar somente no resultado imediatista. Foi com esse pensamento que jogamos fora anos como 2018 e 2019, que contava com bons elencos para a realidade financeira, mas que necessitavam de uma grande venda no ano seguinte. O projeto de futebol do Fluminense não foi montado para levantar taça neste ano. G4? Sonho distante. Se fechar as contas no “verde” e não for rebaixado – perdendo assim uma cota milionária de TV – já é uma vitória. A ideia, pelo menos ao meu ver, é que o clube consiga aos poucos ir se estruturando financeiramente, para assim não precisar vender suas jóias.
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O Fluminense é um dos poucos times do Brasil auto-suficientes. A gente consegue montar uma base competitiva com metade do elenco composto por jogadores vindos da base. A ideia não é ter dinheiro no caixa para ir às compras, igual nosso rival, que precisa comprar quem a gente forma. É ter dinheiro no caixa para não precisar vender. Aí ninguém segura a gente. Se não for a ideia, pelo menos parece estar mirando nessa direção.
Pensando dessa forma, o elenco do Fluminense foi montado com diversos jogadores livres no mercado, apostas baratas e jovens de Xerém. Não foi montado pensando em disputar o G4, muito menos estar a 3 pontos do líder depois de 19 rodadas. Mas as apostas estão se mostrando certeiras. Odair Hellmann foi um dos maiores motivos de revolta da torcida tricolor durante boa parte do ano. Eu mesmo não aguentava mais o time jogando para trás, com pouca criação no ataque e sem nenhum padrão. Mas vocês se lembram como começou a montagem do Corinthians campeão mundial em 2012? Com uma eliminação vexatória contra o Tolima em 2011. O time não demitiu o técnico Tite e em 2 anos o clube já era campeão brasileiro, da Libertadores e do mundial.
Não que o Odair vá levar o Fluminense para o mundial em 2021 – mas bem que seria irado. Mas uma coisa temos que admitir: O cara encontrou seu jogo no clube. A nossa defesa, tão criticada há anos e mais anos, hoje é o nosso grande ponto forte. Hoje não tem um torcedor que não esteja ao menos DE BOA com nosso quarteto de zaga. Já se foi o tempo que eu só gostava de 1 zagueiro em todo elenco.
Temos que admitir também que a chegada de Danilo Barcelos, tão criticada antecipadamente, mudou a cara do time. Eu realmente acredito que ele pode avançar e fazer um cruzamento que encontre a testa de um jogador nosso. Ele me fez esquecer que Caio Henrique jogava ali no ano passado. Boa pedida do Odair.
Com a zaga segura na proteção, e sendo bem participativa no ataque – muito graças a Danilo Barcelos -, o treinador teve mais tempo para arrumar o meio e o ataque. O ataque, que não conta com nenhum grande nome, ainda está longe de ser um setor prolífero. Mas o meio já se mostra muito mais encaixado. Dodi, que é muito responsável pelo sucesso desse time, vem sendo uma das grandes surpresas da temporada. No entanto, caso não consiga seu acordo ideal, poderia ser substituído por André ou Calegari facilmente – até mesmo por Yago Felipe. Yago inclusive é outro que também vinha em baixa, mas que ultimamente vem tendo certo destaque positivo. O jogador foi eleito o “Destaque do Jogo” pelos seguidores do Saudações Tricolores no Twitter na última partida, contra o Fortaleza.
Michel Araújo e Nenê apresentam mais perigo que qualquer dupla de meias que jogaram no Fluminense há pelo menos 5 anos. Com o time em situação tranquila, Luiz Henrique vem se mostrando um grande talento. Até o Caio Paulista vem se mostrando útil na rotação, e o Felipe Cardozo pelo menos não atrapalha mais. Aos poucos, o ataque vai se firmando.
Para finalizar, queria deixar claro que eu acho que esse trabalho não é nada mais do que obrigação de quem é responsável pelo futebol do clube. O Fluminense não é o primeiro caso da história do futebol de um time de baixo custo com um bom desempenho. O Athletico-PR foi campeão de uma Sul-Americana e uma Copa do Brasil assim. Os dirigentes são pagos para isso e não estão entregando nada “a mais”.
No entanto, acho que já podemos pensar em deixar para trás essa fase de apenas criticar. Criticar a montagem do elenco, criticar o trabalho do treinador, criticar os jogadores que não deixaram o clima ficar pesado mesmo com atrasos nos salários. Esse time tem algo especial que a gente não via há muito tempo.
Vamos dar um voto de confiança no projeto. Se as coisas continuarem fluindo bem, a tendência é só melhorar. E se você quiser ver o quanto pode melhorar no futuro basta dar uma olhada na garotada de Xerém que vai começar a subir para os profissionais.
ST