Contra o Fluminense, Pelé marcou a obra-prima que deu origem a expressão “gol de placa”

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O futebol, por vezes, consagra expressões sem que as pessoas saibam ao certo como surgiram. Mas, a história do “gol de placa” está intimamente ligada a Pelé e ao Fluminense. O Rei do Futebol — que faleceu na última quinta-feira (29) — marcou cinco gols contra o Tricolor ao longo da carreira, porém o golaço anotado com a camisa do Santos pelo Torneio Rio-São Paulo que ficaria marcado.

A obra-prima fez com que o jornalista Joemir Beting mandasse gravar um placa com os dizeres: “Neste campo no dia 5-3-1961 Pelé marcou o tento mais bonito da história do Maracanã”.

Naquela tarde de domingo, cerca de 80 mil pessoas assistiam a Fluminense e Santos. O Peixe vencia por 1 a 0 — com gol do Rei — quando Pelé recebeu a bola aos 41 minutos da etapa inicial. Da área santista, o camisa 10 então partiu para cima e atravessou o gramado fazendo fila na defesa tricolor. Em primeiro lugar passou por Valdo — não confundir com Waldo, maior artilheiro da história do Flu com 319 gols em 403 jogos. Depois por Edmilson, Paulinho, Célio. Altair, Jair Marinho e Pinheiro também não conseguiram impedi-lo. Ao todo foram seis adversários antes de dar um toque na saída de Castilho.

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Página do Globo logo após o gol de placa de Pelé contra o Fluminense
(Foto: Reprodução/O Globo)

“Era um gol visto do princípio ao fim, como nunca se vira outro. Então aconteceu uma coisa inédita. A multidão não se levantou. Continuou sentada. Mas prorrompeu em palmas. Não houve um só espectador que não batesse palmas. Era uma ovação de Teatro Municipal. As palmas não paravam aumentando de intensidade. Batia-se palmas olhando para o campo, para Pelé. Pelé ouviu as palmas e olhou para as arquibancadas do Maracanã”, escreveu o cronista Mário Filho no livro Viagem em torno de Pelé (1963).

Memórias do gol de placa de Pelé sobre o Fluminense

O gol de placa de Pelé foi mais valorizado por acontecido em cima da forte sistema defensivo do Fluminense. O Rei do Futebol passou, por exemplo, por Paulinho Ladrão — jogador que popularizou a expressão “ladrão” por suas roubadas de bola. Além disso, driblou  jogadores com histórico na Seleção Brasileira, como os zagueiros Jair Marinho e Pinheiro, além do lateral Altair.

“O Pelé me conhecia e quando cheguei na cobertura ele não me driblou. Tocou no canto do Castilho”, afirmou Pinheiro.

O feito histórico do Rei do Futebol, no entanto, não tem gravação. Na época, o Canal 100 — cinejornal que exibia os gols — filmava apenas os lances dentro das áreas. Mas a genialidade de Pelé estava na jogada por inteiro.

Como definiu o jornalista Texeira Heizer em sua coluna no extinto Jornal dos Sports “O segundo goal foi um poema. Apanhando a bola na sua área, veio caminhando como quis e quando quis – e só resolveu chutar porque se não chutasse não teria graça. E só esse tento pagaria qualquer preço majorado no Maracanã”. No mesmo jornal, Mário Filho definiu, “êste goal de Pelé valeu o espetáculo e três vezes mais o preço do ingresso”.

O Estadão, por outro lado, tentou traduzir em meras palavras o lance. “Pelé marca o segundo ponto do Santos, após dominar Pinheiro, Altair, Edmilson e Clóvis. Castilho ainda tentou cobrir a visão do avante santista, mas o chute foi tão perfeito quanto a jogada que o propiciou”, destacou o jornal.

Indignado, na tribuna, o cronista e tricolor Nelson Rodrigues bradava “Essa obra vai ficar sem memória”. A queixa inspirou o então jovem jornalista Joemir Beting a mandar confeccionar a placa para que o gol de Pelé jamais fosse esquecido.

Placa de Pelé no Maracanã
(Foto: Reprodução)

O que aconteceu com a placa do “gol de placa”?

A placa original foi dada de presente ao próprio Rei que depois a entregou ao Maracanã. Hoje, o item que dá origem a expressão gol de placa está guardada no acervo do Museu do Futebol, no Templo do Futebol.

Em exposição, no entanto, está uma nova placa que Pelé recebeu em 2000, no aniversário de 50 anos do Maracanã, junto a quatro fotos do golaço marcado pelo Rei. O Tour do Maracanã está aberto a visitição — exceto em dias de jogos — das 9h às 17h e a entrada custa R$ 60 reais.

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ST


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Lucas Meireles

Jornalista formado pela UFRRJ, apaixonado por esportes e pelas boas histórias.

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