Convicção: substantivo feminino; crença ou opinião firme a respeito de algo, com base em provas ou razões íntimas, ou como resultado da influência ou persuasão de outrem; convencimento. Ou ainda: modelo de excelência ou de perfeição (us. freq. no pl.); princípio, ideal. Para se ter sucesso na vida, convenhamos, é preciso ter convicção. Acreditar naquilo que propomos e seguirmos firmes com esse propósito até o fim. E qual é o limite da convicção? Pergunta complicada de se responder. Mas, sabemos que quando se ultrapassa esse limite, entramos na zona da “teimosia”, e aí é que mora o perigo.
Inicio esse texto com as mesmas palavras que escrevi, lá em setembro do 2020, quando o Flu foi eliminado pelo possante Atlético-GO, também comandado pelo Wagner Mancini na ocasião. Repito ele quase na sua totalidade, pois a atmosfera é a mesma. Mudou somente o personagem.
Tá certo. Voltamos à Libertadores após um tempão e estamos caminhando na Copa do Brasil. Mas o futebol apresentado é pífio. Muito. E o pior, ou melhor, com um elenco melhor do que o do ano passado. Mas nosso treinador NÃO CONSEGUE fazer esse time jogar. Que meleca de esquema tático é esse, onde o ponta precisa voltar à nossa área para marcar? Onde não se tem nenhuma jogada de ultrapassagem? A teimosia de manter o mesmo esquema jogando com o Palmeiras líder e o América do Z4? Onde está o nosso futebol?
São jogos pífios, com apresentações de irritar qualquer monge tibetano, e o treinador tricolor se supera a cada partida. E o pior: não admite que errou. Como pode um time sem NENHUMA jogada ensaiada, sem jogadas de ultrapassagem, com um meio de campo incapaz de criar e frágil tal qual cristal? Tempo para treinar? Essa é a desculpa? Mas quem tem tempo para treinar no Brasil pós-pausa? Jogadores cansados? Qual o elenco que não está?
Temos que ter um padrão mínimo e um grau de satisfação e de retorno técnico bom para seguirmos convictos com aquilo que fazemos. Caso não haja pode até se manter a convicção para onde quer conduzir, onde quer chegar e de como quer liderar o clube, mas trocando as peças da engrenagem. Wagner Mancini, com um elenco até mesmo inferior ao do Flu, deu “aulas” de futebol, no jogo de hoje.
Já que isso não foi suficiente para abalar a convicção, que essa derrota vexaminosa, dorida, e cruel com a torcida seja capaz disso. A torcida, em sua maioria, entende que Roger não é o nome certo para está ali no comando do time. O que ele produziu nesses últimos meses? Já são oito! Ele conseguiu trazer algum padrão de jogo? Está dando a entender que seu trabalho deixará um legado a longo prazo? E eu também não acredito nisso. Com todo respeito ao profissional, ele não conseguiu, e não consegue, fazer esse time jogar. Não tem leitura de jogo e o discurso pronto é sempre o mesmo. O Flu ganha quando dá, quando o acaso permite, mas não constrói sua vitória nos jogos. Não vai atrás da vitória. E isso, por si só, já deveria ser suficiente para pensar em alternativas. Não se pode ir contra isso e despertar esse sentimento no coração da torcida.
Se não tiver grana para trazer ninguém, deixe nosso Marcão comandar a equipe. Pelo menos no final do ano passado, e da temporada que se encerrou nesse ano, ele conseguiu dar um padrão de jogo ao time. Ainda que não seja também uma unanimidade, ainda assim, será melhor do que o Roger. E aí o Flu pode procurar um outro treinador. Será melhor assim.
Um outro ponto fundamental, diga-se de passagem, é que o primeiro passo para sair desse momento é tão óbvio que talvez passe despercebido: reconhecê-lo. É necessário reconhecer que o Fluminense está irreconhecível. Muito. Não dá para jogar contra a torcida. Bancar uma convicção contra os milhões de apaixonados pelo Fluminense não é só arriscado. Me parece pouco inteligente. Ou nada inteligente.
A torcida tricolor quer gostar do treinador. Claro que quer. Pois quando isso ocorre, significa que as coisas começam a caminhar bem no clube. E qual o tricolor não quer ver seu clube bem? Sabemos que não temos grana para trazer nenhuma estrela, e a galera não está exigindo isso. Está exigindo o brio tricolor, que se perdeu em algum momento. Está exigindo que o orgulho de vestir a camisa entre em campo, e que o peso de nossa história seja respeitado por todos os profissionais que aqui estão.
Precisamos que escutem o povo tricolor, que sempre apoia o Fluminense. Precisamos voltar a confiar. Nós queremos isso. Precisamos disso. Não se pode ir na contramão e seguir impune. O limite de alguns já passou e o de outros está chegando. O time se arrasta em campo, com um treinador incapaz de fazer algo diferente. Chega de bancar o treinador.
O limite da convicção está logo ali, dobrando a esquina, na segunda casa à direita. E ele já está confabulando com a teimosia. E aí… as consequências virão.
ST
Washington de Assis