LEONARDO BAGNO – Torcer exige presença

Compartilhe

Tricolores,

Escrevo a coluna de hoje antes do jogo de quarta-feira, contra o Palmeiras. Faço assim porque aproveitarei o feriado prolongado para viajar com a minha família e, por isso, não terei acesso nenhum a computadores para editar textos.  Daí que melhor escrever agora do que não escrever. De qualquer sorte, retorno no domingo porque na segunda tem jogo contra o Ceará, no Maracanã.

Careca: meu primeiro grande ídolo tricolor.

Sim, poderia ficar até terça no local para o qual estou indo e curtir ainda mais a minha família nesse feriado com cara de Carnaval fora de época, mas sem o calor intenso de fevereiro. Acontece que tem uma outra família minha que merece dedicação e é sobre isso que eu gostaria de falar com vocês.

Você conhece nosso canal no YoutubeClique e se inscreva! Siga também no Instagram

Primeiramente, para que não haja má interpretação, preciso firmar algumas premissas. A primeira delas é que todo mundo faz o que bem entender com a sua vida. Este texto jamais deve ser interpretado como uma cobrança seja lá de quem for. Estou apenas dizendo como a questão a ser abordada funciona comigo. E só. A segunda premissa é que ser Fluminense para mim é muito mais do que escolher um time apenas para ter sobre o que falar na hora que a conversa descambar para o futebol numa mesa de bar com amigos. Ou na hora do cafezinho no trabalho. Para esse propósito eu tenho um time de basquete na NBA, um de futebol americano na NFL, uma escola de samba no Rio de Janeiro e um tipo de cerveja preferido. Ser Fluminense, para mim, não é um hobby. É algo que vai muito além. É algo, como já disse por aqui, que me define. É intrínseco à minha pessoa. Indissociável. Uma derrota para o Mesquita me deixa deprimido, assim como uma derrota para o Barcelona (estou falando de depressão mesmo: que te dá vontade de deitar em posição fetal e só acordar no dia seguinte, sem querer falar com ninguém). Uma vitória em cima do Dom Pedro me faz dormir o sono dos justos, assim como uma vitória contra o Real Madrid (se bem que, neste caso, provavelmente não dormirei!). A terceira e última premissa é que cada um é Fluminense do seu jeito. Evidentemente que há consequências positivas e negativas desta relação, tanto para o tricolor quanto para o clube. Dependerá de como essa relação se dá. E o que você quer para você e para ele.

Armando Giesta: fundador da Young Flu, no estádio, onde é o nosso lugar.

Premissas feitas, digo que saber que o Fluminense está em campo sem a minha presença no estádio me incomoda. Porque não consigo vislumbrar outro lugar para estar que não ao lado do Fluminense, torcendo por ele. Essa vontade independe do time que entra em campo, da posição na tabela, do campeonato em disputa ou do presidente eleito. O Fluminense está em campo e isso basta. Ele deve ser defendido por sua torcida da qual faço parte.

Torcida, inclusive, que é, segundo o Michaelis, um “Conjunto de torcedores de um clube, de uma agremiação, de um atleta etc.”. Para que haja esse conjunto, precisamos definir o que é torcedor. E, segundo o mesmo dicionário, trata-se de um “indivíduo que torce em competições esportivas”. Mas o que é torcer? Ainda segundo o referido dicionário, torcer é “Manifestar com entusiasmo a preferência por um atleta, uma agremiação, um time etc.”.

O que seria um torcedor do Fluminense, então? Tricolor é aquele que se manifesta com entusiasmo a preferência pelo Fluminense em competições, tornando-se parte do conjunto de tricolores”.

Exemplo de não-torcida.

Como me manifestar em competições sem estar presente no estádio? Via Twitter? Facebook ou Instagram? Não, esse mundo virtual só gera ansiedade e depressão se não usado com parcimônia. A busca por likes e compartilhamentos é o que acaba definindo o comportamento de muita gente nas redes sociais. Prefiro permanecer com a minha vida no mundo real. E para ser torcedor do Fluminense no mundo real, como vimos, preciso estar presente nos jogos, ao lado daqueles que nutrem o mesmo carinho e amor pelo time das três cores mais lindas do mundo. É assim que me enxergo e é isso – junto com a minha família – que me faz ser feliz.

Não é suficiente, para mim, ver o jogo pela televisão, com o celular em mãos, criticando os infinitos passes errados do Richard no Facebook. Ou comemorando um gol espírita do Marcos Júnior no Twitter.

Isto é torcer. (Foto Alexandre Cassiano / Agência O Globo)

Se tenho meios para ir ao jogo, a minha condição de tricolor me impõe estar presente no estádio ao lado do Fluminense. Se assim não o fosse, não teria como eu me definir um torcedor. Torcer exige presença, exige entusiasmo e exige a escolha de um lado. Caso contrário, não seria possível eu me definir como tricolor. Ou eu teria que pedir ao Michaelis para mudar o significado da palavra para abraçar aqueles que se manifestam com entusiasmo sobre competições a preferência por uma agremiação. Difícil de acontecer. Para não correr nenhum risco, prefiro permanecer torcedor do Fluminense. No estádio, claro.

Saudações Tricolores,

Leonardo Bagno


Compartilhe

7 thoughts on “LEONARDO BAGNO – Torcer exige presença

  • 17/11/2018 em 09:14
    Permalink

    Com alguns diferenciais ! Torcida lota quando tem bom time , isso serve pra tudo ! Boa música bons filmes ,boas peças….. Ninguém aguenta ver jogadores pífios que mal sabem dar um passeio de 10m ,não há quem aguente! Quando há bom time não precisa clamar a participação dos torcedores que eles irão ! Pedir o comparecimento dela pra ver jogadores medíocres ,jogos horríveis é covardia!

    Resposta
    • 17/11/2018 em 17:35
      Permalink

      Jorge,

      Não há nada de errado na sua postura. Você consome Fluminense. Eu torço por ele. Ambos coexistimos. Só que cada um tem uma ligação diferente com o clube. Esse foi o ponto do texto. Não há cobrança alguma. Mas, se quiser comparecer na segunda, será muito bem-vindo. Estamos precisando da força.

      Saudações tricolores,
      Leonardo Bagno

      Resposta
  • 18/11/2018 em 13:03
    Permalink

    Também sou um tricolor a moda antiga ,essas modernidades me deixam com uma tristeza enorme pois outros torcedores se atrevem a dar pitacos onde nao são chamados ,mais concordo com os que falam que é preciso ter um bom time pra chamar torcida e isso faz tem que não temos devido aos canalhas que comandam o clube

    Resposta
    • 19/11/2018 em 12:08
      Permalink

      Marcos,

      Não tenho dúvidas de que time bom é motivo de torcida no estádio. Pode colocar o preço nas alturas que as pessoas dão um jeito de ir. O ponto aqui não é cobrar nada de ninguém. É apenas apresentar como eu enxergo a questão ir ou não ir ao jogo. Cada um faz o que acha que deve fazer, evidentemente.

      Hoje, estarei no Maracanã novamente. É o que me traz paz de espírito. Ainda que o resultado seja negativo.

      Saudações Tricolores,
      Leonardo Bagno

      Resposta
  • Pingback: a knockout post

  • Pingback: cz 75 kadet

  • Pingback: buy LSD online

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *