A ponta do iceberg

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Essa semana, conversando com um amigo botafoguense, ouvi que a nossa torcida é muito emocionada. Que nós, acostumados com títulos, não nos conformamos quando temos um time mediano (pra não dizer ruim). Muito disso porque, num saudoso passado recente, vivemos um período de protagonismo no Brasil e na América. Ainda, que nós acreditamos demais: na mais modesta demonstração de um bom futebol, já tratamos de abrir um espacinho na sala de troféus e que isso seria causa da nossa revolta a cada eliminação.

Acreditamos em uma Sula aqui, uma Copa do Brasil ali, mas o tempo tratou (e ainda trata) de nos mostrar que o verde da esperança, sozinho, não ganha título e que a má fase, na verdade, é a nossa realidade – e continuará sendo por longos anos a menos que as coisas mudem.

E por que, meus caros, falo nisso?

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Porque essa conversa me fez pensar muito. Primeiro que não devemos nos acostumar a perder. Repararam que cada vez mais aceitamos derrotas contra times inferiores ou menores sob o argumento de que “é sempre assim”? Eventualmente perderemos, afinal faz parte do jogo. O que não pode é naturalizar o fracasso, isso sim é errado.

Além disso, concordei em parte com o que ele disse: quando vencemos, costumamos achar que está tudo bem, ficamos otimistas. Quando perdemos, é o fim do mundo. E aí, por causa da derrota, criticamos A, B ou C – que já deveriam ter sido alvos de críticas muito antes.

Vivemos assim há oito anos. Quantos mais virão?

Por conta das eliminações precoces e absurdas, estamos indignados. Mas e se tivéssemos sobrevivido? Estaríamos cobrando uma gestão mais responsável, transparente e profissional? Sabemos separar o campo dos bastidores?

Veja bem, não estou dizendo que não podemos comemorar vitórias – independente do momento -, mas que precisamos analisar o todo. O que vemos em campo é a pontinha do iceberg de toda uma gestão, de decisões tomadas antes e agora.

Fomos pioneiros no movimento de profissionalização dos jogadores na década de 30. Me parece muito contraditório – e até desrespeitoso com a nossa história – não seguirmos nessa vanguarda, agora visando a profissionalização da gestão.

Faltam 28 pontos.

ST


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10 thoughts on “A ponta do iceberg

  • 30/09/2020 em 10:15
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    Mais um artigo imperdível, com todos os “porquês” nos lugares certos.

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  • 30/09/2020 em 10:20
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    Parabéns pelo discernimento e coerência dos seus comentários!

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  • 01/10/2020 em 09:50
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    Respeitosamente, divirjo. O Fluminense tem completos 118 anos. Nessa longa trajetória, vivemos momentos de glória e momentos bem difíceis. O que vemos é mais uma destas fases. Mas, por pior que esteja é bem melhor que entre 1996 e 2000. Com os sinais se apresentando em 1988 em diante. Hoje vendemos jogadores promissores e contratamos outros que não o são, os perdemos para clubes com mais dinheiro. Naqueles anos desmontamos o time tricampeão e um time da base, que vencera a Taça São Paulo. A troco de nada. Perdemos 6 jogadores para o Bragantino que acabou vice campeão brasileiro. O presidente da época chegou a lamentar que o clube fosse de futebol. Saímos disso e conquistamos 2 brasileirões. Num curto espaço de tempo. Creio que nossa grandiosa história aponte que estável é a imensidão e curtas são as crises. Não percam a fé.
    Saudações Tricolores

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    • 01/10/2020 em 12:18
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      Oi Bruno, concordo que de modo geral, os períodos de seca tem durado pouco. Meu ponto é que o ultimo período vitorioso que tivemos talvez não acontecesse sem o dinheiro da Unimed. Antes disso, ao meu ver (e posso estar enganada) não havia a mentalidade de gerir o clube de forma séria – nos sentido de responsabilidade financeira, transparência, etc – o amadorismo passava batido. Hoje não mais, não podemos achar que gestões amadoras levarão o Flu ao topo, porque dificilmente ocorrerá. O futebol brasileiro ta em um processo lento de transição nesse sentido. Nosso rival organizou a casa e está como está (sem entrar no mérito de terem sido sempre beneficiados financeiramente, pq isso não apaga o bom trabalho feito anteriormente). Enfim, a conversa é longa, mas sempre um prazer trocar essa ideia! ST

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      • 01/10/2020 em 17:35
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        É exatamente isso, não é uma crise rumo à destruição mas uma revisão. E sim o dinheiro da Unimed foi muito importante. Mas, não foi isoladamente. Hoje temos aí o Palmeiras, montado no dinheiro, mas resultado nem tanto. O que enxergo foram duas gestões terríveis, em sequência. A primeira que rompeu com tudo que nos ajudava, patrocinador, empresa de material esportivo e ídolos, a outra que veio para encobrir estes desaceetos – mas nem isso me parece tão ruim quanto o “bom, bonito e barato” que quase acabou com o futebol do clube nos anos 80/90. Ainda passamos sufocamento financeiro, mas vejo com bom olhos um futuro não muito longínquo. Quanto à nossa filial do remo, nem gosto de me comparar. Se levantarmos o véu, poderíamos ficar horrorizados, e nem todo foi boa gestão- lembre do terrível acidente, os emails etc. Vamos em frente!

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  • 01/10/2020 em 16:01
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    Infelizmente no FFC faltam pessoas sérias, que queiram realmente executar uma “disrupção” real. E além de mal intencionados, são incompetentes e feudalistas.

    E a cada ano fica mais difícil por conta do endividamento do FFC e ficamos a “Espera de um Milagre”, com o verde da esperança.

    O time horroroso que goleou o Coritiba, nos mostra o quanto somos “judiados” !! Ave FFC !!

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