Análise Tática: Sistema defensivo do Flu é destaque contra o Atlético-MG

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O sistema defensivo do Flu teve uma atuação elogiável no empate em 0 a 0 contra o Atlético-MG. Diante de um dos ataques mais avassaladores do Brasileirão, o Tricolor teve muito menos posse de bola. Mas, se segurou a marcação e por pouco não conseguiu a vitória.

Entretanto, antes de falar do sistema defensivo do Flu, é preciso primeiramente examinar o futebol do Atlético-MG. O Galo, do técnico Jorge Sampaoli, pratica um jogo propositivo. Em seus melhores momentos no Campeonato Brasileiro, o clube mineiro apostou na troca de passes no campo do adversário. Circulando a bola até que ela chegue aos laterais ou pontas no mano-a-mano. Estes, por sua vez, cruzavam para os jogadores que infiltram ou buscavam a finalização.

O técnico Marcão entendeu este estilo e adotou uma estratégia para combatê-lo. Como o próprio treinador explicou na coletiva de imprensa.

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“A formação do Atlético nós já sabíamos. Fizemos isso nos treinos ao longo da semana. Sabemos que eles seguram o Guga e liberaram o Arana. Tem os homens de dentro que toda hora estão pisando na área, sabíamos que teríamos que correr cinco ou seis metros para trás”, contou o técnico do Flu.

Mudanças no sistema defensivo do Flu contra o Atlético-MG

Sendo assim, o treinador adotou uma linha mais baixa de marcação e mudou o posicionamento de alguns jogadores. Abriu mão dos volantes lateralizados e recuou Martinelli, por exemplo. O camisa 38, que ainda não perdeu desde que assumiu a condição de titular, atuou como uma espécie de “pivô defensivo”. Sem a bola, se posicionava entre os zagueiros Luccas Claro e Matheus Ferraz — que substitui Nino, lesionando — formando uma linha de cinco defensores.

Martinelli foi um destaques do sistema defensivo do Flu diante do Atlético-MG
Assim como Egídio, Martinelli terminou como um dos destaques do sistema defensivo. De acordo com o site SofaScore, contra o Atlético-MG, o volante venceu quatro dos seis duelos terrestres e um duelo aéreo. Além disso, conseguiu três desarmes e seis interceptações (Foto: Lucas Merçon/Fluminense Football Club)

Enquanto que, quando o Flu recuperava a bola, se adiantava para ligar os contra-ataques. Como mostra o mapa de calor do versátil volante.

Mapa de calor de Martinelli contra o Atlético-MG
(Foto: Reprodução/SofaScore)

Por outro lado, a recomposição dos pontas Lucca e Luiz Henrique, sobretudo no primeiro tempo, dobrava a marcação pelos lados. Impedindo os atleticanos de jogar no “um contra um”.

Lance do Atlético-MG contra o sistema defensivo do Flu
Neste lance é possível observar como a marcação do Fluminense estava compactada. Eram sete tricolores contra cinco atleticanos. Como não havia espaço, o meia Nathan, então, se viu obrigado a finalizar sem perigo para Marcos Felipe (Framme: Reprodução/ge)

O resultado foi um jogo consistente na defesa. Embora tenha tido mais posse de bola (28 contra 72%) e tenha trocado mais de 530 passes a mais no Maracanã, o Galo não conseguiu envolver o Flu. O Tricolor liderou nos números defensivos. Conseguindo 18 desarmes, 18 interceptações e 18 cortes. E o goleiro Marcos Felipe, por exemplo, precisou fazer apenas uma defesa ao longo da partida.

Pecado nos contra-ataques

Se o sistema defensivo do Flu pode ser elogiado contra o Atlético-MG, o mesmo não pode ser dito da parte ofensiva. Do meio para frente, o Tricolor errou muitos passes. Foram 62 passes errados ao longo do jogo.

Por isso, o Fluminense recuperava a bola. Mas logo a perdia novamente para o Atlético-MG.

Com o passar do tempo, Sampaoli lançou o time ainda mais à frente. O argentino com o chileno Eduardo Vargas e o veterano Diego Tardelli — que não entrava em campo desde Março de 2020. E os espaços então começaram a surgir nas costas dos defensores.

No melhor contra-ataque, Nenê lançou John Kennedy, que entrou no lugar de Fred que sentiu antes do intervalo. O jovem atacante, no entanto, acabou caindo sozinho dentro da área.

Lance de gol do Fluminense contra o Atlético-MG
Já nos acréscimos, o Fluminense adiantou a marcação e conseguiu recuperar a bola no campo do adversário. Na melhor oportunidade, Caio Paulista serviu Pacheco, que entrou livre pela esquerda e saiu cara-a-cara com Everson. Mas o peruano bateu em cima do goleiro (Framme: Reprodução/ge)

Com o empate, o Fluminense se mantém muito próximo da classificação para a pré-Libertadores. Entretanto, o Tricolor perdeu a oportunidade de ultrapassar o São Paulo e encostar no próprio Atlético-MG. O próximo do Flu é na próxima segunda-feira (15), às 18h, diante do Ceará na Arena Castelão.


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Lucas Meireles

Jornalista formado pela UFRRJ, apaixonado por esportes e pelas boas histórias.