Mário Bittencourt fala sobre divisão das receitas no futebol brasileiro: “Tem clubes que ganham de 13 a 15 vezes a mais, mas não vendem de 13 a 15 vezes mais”
Em entrevista ao programa “No Mundo da Bola”, da TV Brasil, o presidente Mário Bittencourt falou sobre a atual divisão de receitas do futebol brasileiro. Um dos membros da Liga Forte Futebol (LFF), o mandatário também explicou a diferença em relação a proposta da Libra.
De acordo com Mário Bittencourt, os dois grupos diferem sobre a divisão de receitas no futebol brasileiro. Enquanto a LFF prega o que considera ser uma divisão mais justa, alguns clubes da Libra não desejam abrir mão do percentual maior que recebem atualmente. Ainda assim, a ideia é que no futuro as duas ligas se tornem uma para gerir as competições como o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil.
“Clubes como Corinthians, por exemplo, como o Palmeiras, individualmente já faturam mais que Vasco, Fluminense, Botafogo. Em que? Em contratos de patrocínio, em venda de ingressos, em venda de camisas porque tem uma torcida maior. Então, em todas as outras receitas já faturam mais e faturam muito, muito mais nas receitas de televisão e nas receitas comercias”, afirmou Mário Bittencourt.
Segundo o presidente, a LFF — grupo do qual fazem parte Fluminense, Athletico-PR, Atlético-MG e Inter entre outros — hoje defende que 45% das receitas seja igual para todos. Enquanto de 30 a 35% seja por performance e o restante por audiência — e não por engajamento como defende a Libra.
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“Engajamento vai entrar redes sociais, o que é difícil de aferir… Por que audiência? Porque é fácil de medir quantos televisores estão ligados. Porque ela flutua. Obviamente pelo tamanho da torcida, o Fluminense não terá a mesma audiência que o Corinthians. Entretanto, em alguns momentos da competição essa diferença vai diminuir porque o Fluminense pode estar bem na competição”, pontuou o presidente.
Mário Bittencourt prega divisão mais justa das receitas

O presidente citou como exemplo a Premier League — responsável por gerir o Campeonato mais rico do mundo, o Inglês —, onde a diferença entre quem terminou em primeiro lugar e em último é de apenas 1,6 vezes. No entanto, afirmou que a LFF planeja seguir o exemplo de La Liga, da Espanha, onde a diferença entre o campeão e o lanterna é de 3 vezes.
“Hoje, no futebol brasileiro, o primeiro ganha cerca de 13 a 15 vezes mais que o último”, garantiu o presidente.
Mário Bittencourt também criticou o modelo de mínimo garantido em alguns contratos de pay-per-view. De acordo com o presidente, teve clube que ganhou 14 vezes que o Fluminense sem vender um número de pacotes condizente a mais. Esta distorção, aliás, viria dos anos em que o futebol brasileiro se baseou apenas nas pesquisas de tamanho de torcida.
“Eu vou apresentar um argumento que vai sepultar de vez essa discussão. O que importa é a quantidade de vezes que você vende mais comercialmente a mais que o adversário. Porque existe diferença entre torcedor e simpatizante. Nós temos clubes que tem mais torcida que o Fluminense, pelos números de pesquisa, mas o Fluminense tem muito mais sócios-torcedores que estes clubes. Tem clubes que duas vezes, três vezes o tamanho de torcida do Fluminense, mas que não vendem duas, três vezes mais camisas que o Fluminense”, disse.
“Nós temos clubes que ganham dinheiro de TV de 13 a 15 vezes mais, mas nenhum destes vendem de 13 a 15 vezes mais que os outros. A nossa ideia é que tenha um parâmetro mais justo de acordo com o que cada clube produz comercialmente”, continuou.
Diferenças em relação a Libra
O presidente também pontou as diferenças de pensamento entre os blocos em que grande parte dos clubes das Série A e B se dividem atualmente. Mário relembrou a aproximação da LFF com empresas que são especializadas na montagem de liga e no mercado financeiro. Mas, segundo o dirigente tricolor, a ideia da Libra é que os clubes primeiro se unam primeiramente para só então discutir a divisão de receitas.
“O nosso grupo defende o contrário que é, primeiro a gente discute a divisão para depois se juntar. Até porque um dos critérios defendidos pela Libra é votação por unanimidade para se discutir o critério de dinheiro. E aí, meu amigo, vai se sobrepor sempre quem tem uma condição financeira melhor por causa dessa distorção do futebol brasileiro”, continuou.
Também apontou uma contradição nos rivais Botafogo e Vasco, que defenderam uma divisão igualitária no contrato com a Band para a transmissão do Campeonato Carioca, mas que estão na Libra junta com Flamengo, Corinthians e Palmeiras.
“Vasco e Botafogo, por exemplo, publicaram uma nota dizendo que queriam que dividisse igual, igual, 25% para cada um. Mas lá, na Libra, eles defendem um critério que é muito mais injusto que este implantado no Campeonato Estadual”, pontuou.
Por outro lado, ainda que os dois blocos tenham visões diferentes, Mário Bittencourt garantiu que não há nenhuma animosidade entre os dirigentes de um lado ou de outro.
“Estávamos todos lá ontem tomando um café, participando da reunião conselho técnico. Estávamos todos lá, participando e tentando encontrar um caminho. Eu acho que vamos encontrar um caminho no futuro. Somos todos homens inteligentes, grandes presidentes de clubes e eu acho que a gente vai encontrar um denomidor comum em breve”, finalizou.
ST