Mário Bittencourt concede entrevista coletiva no CT Carlos Castilho; Confira as respostas
O Presidente Mario Bittencour concedeu entrevista coletiva no CT Carlos Castilho na manhã desta terça-feira (30). Confira as respostas dada pelo mandatário do clube.

P: “Queria que você fizesse um balanço das contratações do Fluminense e se, daqui pra frente, o que você projeta de contratações e se o torcedor pode ter esperanças no Thiago Silva”
R: “Essa é a primeira coletiva depois do título da Libertadores para falar da abertura de 2024 e de projetos não só do futebol mas de todo o clube. Talvez a gente foque em falar mais das contratações mas também estou abertos a perguntas não só do futebol mas sobre todo o clube.
Com relação as contratações: a nossa diretoria, composta por Angioni e Fred, fizeram um desenho pra que esse ano sejamos mais competitivos do que em 2023. Nós conquistamos a Libertadores, sonho nosso e do clube, mas isso na nossa cabeça nos traz uma responsabilidade de manter o Fluminense disputando os grandes títulos em 2024. Novamente a Libertadores, buscando o bi, temos a recopa, a disputa do tri estadual, Brasileirão, Copa do Brasil… Portanto entendemos que eram necessários contratações para termos um elenco com mais peças de reposição. Isso em momento nenhum afeta o nosso planejamento financeiro. O Clube ainda está em reconstrução, falei isso voltando do mundial. Nós iremos manter os pés no chão. Das contratações atuais, só fizemos compra de direitos econômicos na compra do Terans, assim como foi na montagem para 2023. Precisamos continuar tratando as dívidas do clube com muito carinho. Os títulos não podem fazer a gente colocar os pés pelas mãos. Óbvio que a gente aumentou as nossas receitas e tivemos premiações importantes, mas que foram utilizadas para pagar elenco, salário e, depois de 20 ou 30 anos, ter todas as obrigações trabalhistas pagas ao final do ano, e nós não iremos sair dessa linha. É importante falar no começo do ano pra deixar claro que o título da Libertadores só nos deu mais responsabilidades: no campo, pra buscar mais títulos, e fora dele, sem fazer nenhuma loucura, pq o clube precisa continuar se equilibrando. A gente achava que a reconstrução completa se daria entre 9 e 10 anos, hoje a gente conseguiu trazer isso pra mais perto. Acho que no final de 2025 o clube estará muito preparado pro futuro, com conquistas esportivas e austeridade financeira.
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Sobre novas chegadas de atletas: eu creio que ainda iremos fazer uma ou duas contratações de agora até o meio do ano. Nós temos cinco competições importantes e pode ser uqe tenha alguma saída, lesão… Então a gente procura trabalhar com um pouco mais de cuidado no sentido de ter um elenco com maires reposições do que no ano passado.
Sobre o Thiago, tivemos uma conversa há mais tempo em que ele nos disse que só vai definir seu futuro ao final do contrato com o Chelsea. Temos que esperar, não há nenhuma promessa, apenas uma excelente relação e uma excelente amizade. Ele acompanha nossos jogos, manda mensagem parabenizando e a gente tem o sonho, nunca neguei, de trazer ele ao final do cotnrato com o Chelsea. Mas nesse momento não tem nada de concreto.”
P: “Você falou de fazer mais contratações… Você falou de tornar o time mais competitivo. Qual foi o olhar para 2024 para isso? Mescla entre jovens e experientes? E se você puder falar sobre o olhar do clube sobre patrocínio master, nesse momento de vários clubes tendo grandes propostas….”
R: “Com relação ao patrocínio, vou pegar as palavras da Leila, presidente do Palmeiras: ela outro dia disse que temos que tomar muito cuidado sobre o que as pessoas dizem sobre esses valores do mercado. As vezes as notícias não refletem exatamente quais são os valores e as condições das empresas suportarem esses valores que prometem pagar. A gente aqui não trabalha desse jeito, assim como em venda de jogadores. Tem gente que não divulga o valor fixo e o bônus… a gente divulga. Tem muita gente fazendo contrato de 30% do valor e colocando o restante em bônus tendo que ser campeão de tudo na temporada. As notícias em nada nos aflinge. A gente conhece o mercado por dentro e sabe quanto as pessoas estão pagando e o que dizem os contratos. Das 10 notícias que saíram nesse início do ano, duas são verdades e oito não (sobre valores e contrato). Sobre o nosso caso: a gente tem uma relação muito boa com nossos parceiros e criamos muita credibilidade, em pagar nossos credores e em honrar contratos, e não é diferente com os patrocinadores. Eles chegaram num momento difícil do clube e pode ser que fiquem ou que saiam. Continuaremos com uma relação amistosa e de respeito, a gente não fecha portas com ninguém e mantém boas relações. Mas já dizemos ao nosso parceiro que os valores atuais estão diferentes do que o mercado vem pagando, mas não sobre os valores que vem sendo divulgados. Gostaria muito que todos fossem claros e divulgassem seus contratos. Os clubes tem seus momentos e o do Fluminense é muito bom, mas obviamente que existe um mercado de valores nesse sentido de patrocínio. A gente vem conversando com eles e entende que os valores atuais não condizem com o momento do Fluminense. Já foi um bom contrato, hoje não é um bom contrato. Se a gente caminhar pra uma renovação com valores justos, ficaremos felizes. Mas se não acontecer, vamos conversar com outros parceiros que vem nos procurando e vamos falar com o parceiro atual com muito respeito e gratidão. Nesse momento é isso: seguimos com contrato em vigor e estamos buscando uma readequação.
Com relação ao planejamento, fizemos a seguinte leitura: primeiro, sobre a mescla, que no clube como o Fluminense é muito importante. Não é segredo pra ninguém que nós por não termos a melhor situação financeira temos dificildades de aquisição de jogadores. O mercado subiu muito e de dois anos pra cá os valores triplicaram, quadruplicaram, e as nossas receitas não acompanharam. Por isso, não conseguimos acompanhar, por isso precisamos ter paciência de buscar apostas, em jovens e em jogadores grandiosos que estão de saída de outros clubes, como foi o Felipe Melo, onde entendíamos que ele tinha muito a dar ao futebol ainda. Vamos seguir nessa filosofia de formar jogadores da casa e de trazer jogadoras já consagrados para o elenco.
Sobre o Terans, os valores divulgados não são a vista. As vezes eu fico preocupado por ver na rede social coisas como “Fluminense vendeu fulano por x milhões”, mas o dinheiro não vem de uma vez pro caixa. O que a gente vem hoje é um planejamento feito em cima do que já fazíamos, que é mesclar a juventude com oportunidades de mercado, como o Lucumi, com jogadores experientes como o Douglas e como o Renato Augusto. Fazer o registro aqui que esses jogaodres tinham vontade de vir pra cá e não era por dinheiro: eles tinham propostas maiores e quiseram vir pra cá trabalhar com o Diniz e com esse ambiente do clube. Nos últimos cinco anos os jogadores passaram a querer vir jogar aqui. O Renato quando soube do interesse fechou conosco em uma hora, ele sequer discutiu a proposta. Quem está vindo acredita no projeto e isso é muito importante.
Ano passado, se a gente tivesse algumas peças de reposição, poderíamos ter lutado pelo título brasileiro. A gente não fez escolhas, a gente poupou pelo fato das competições serem concomitantes. Nós ganhamos a competição mais importante da história até aqui, mas o que notamos foi que se a gente conseguisse ter mais reposição com experiência no elenco, a gente conseguiria ganhar mais de um título grandioso. É uma nova aposta nossa, sem fazer nenhuma loucora. Óbvio que há um reajuste na folha, mas dentro das nossas condições, já que temos que continuar pagando dívidas. Se não tivéssemos dívidas, poderíamos até dobrar a folha, mas não é o caso. Segue sendo no nível que podemos pagar. Mas agora podemos ser mais competitivos do que fomos em 2023.”
P: “Duas questões: qual é a real situação do André? Ele fez um acerto que ficaria até o mundial e pareciam ter vários times interessados, e até agora não há nenhum posicionamento… e a outra questão: foi você que fez o acerto do Diniz ir pra seleção e ele saiu de uma forma que ninguém esperava, de repente dispensado por causa dos resultados na seleção. Você fez um acerto com o Ednaldo e de repente ele rompe e decide colocar um técnico definitivo. O Diniz ficou muito chateado. Foi você que fez esse acordo, pode falar melhor o que aconteceu?”
R: “Com relação ao André: tivemos uma proposta no meio de 2023 do Liverpool de 30 milhões de euros mais bônus. Negamos já que tínhamos o acordo com o atleta de ficar até o final do ano para ganhar a LIbertadores, e deu certo. De lá pra cá teve uma segunda proposta de um outro clube inglês de um valor bem abaixo dos 30 milhões e o Flu recusou. Essa situação não nos preocupa já que a nossa relação com o André é muito correta. Ambos aceitaram a permanência e entenderam que o André precisa sair com uma venda pra um lugar que ele queira ir. A cabeça do jogador tá muito boa e é o que eu mais me preocupo, pra ser honesto. O André sabe que temos o combinado dele sair, mas a gente conversa semanalmente e ele tá tranquilo. Hoje temos sondagens e a janela fecha daqui 2 dias. Ou chega uma proposta nessas próximas 48 horas que agrade clube e atleta e ele sai agora, ou a janela fecha e aconteça uma venda para ele sair no meio do ano. Realmente não é uma situação que nos preocupa.
Eu fui muito criticado por ter recusado a proposta pro André falando que cometi uma irresponsabilidade financeira, se eu vendo seria criticado por ter tido irresponsabilidade esportiva, não tem jeito. A gente tá tranquilo, o Paulo e o Fred dedicam 100% do seu tempo ao dia a dia do Fluminense e to monitorando tudo o que tá acontecendo. Pode ser que vocês se surpreendam com uma proposta chegando nas próximas 48 horas ou que a janela feche e ele seja negociado pro meio do ano. É importante pra ele e pra nós também.
Em relação ao Fernando, vou responder tudo o que eu sei, o restante deve ser perguntado à CBF. Eu comando o Fluminense. Se o Diniz ficasse lá o trabalho dele iria aparecer na Copa do Mundo. Ele já estava criando o modo dele de jogar mesmo se reunindo pouco, mas futebol leva tempo. Hoje eu falei com os atletas que nós conquistamos a maior glória do clube em 2023, mas que ela começou em 2019, colocando um tijolo de cada vez e com pouca receita. Levaram-se cinco anos para contruir isso. Nós hoje somos líderes do campeonato com o Marcão que já nos colocou na Libertadores outras duas vezes. Nos critam muito por ter um auxiliar fixo, mas graças a ele podemos disputar o mundial, dar as férias e disputar o carioca com o Marcão, sendo líder do campeonato. Aqui dentro se sabe o que se faz.
A contratação pela CBF foi com o intuito do Fluminense em não perder o Diniz. O Fernando não dividia o tempo dele com a seleção, nos momentos dele no Fluminense ele estava 100% dedicado ao Fluminense. Na época nós topamos dividir por enxergar que as datas da seleção brasileira não iriam atrapalhar, pelo menos durante um ano. A partir da Copa América iria atrapalhar, mas até aí chegaria o Carlo Ancelotti. Foi ofertado ele ser auxiliar o Ancelotti e ele recusou pra continuar no Fluminense. Pode ser que ele ficasse na seleção sem o Ancelotti? Podia, mas o combinado não era esse. O que aconteceu no final do ano passado foi que por uma decisão do Ednaldo, ele resolveu romper o contrato e pagar a multa, comunicou a gente, agradeceu por termos aceitado a conciliação e terminou o vínculo. O que eu sei é até aí, os motivos que a CBF rompeu cabe à CBF responder. Só o que eu achei que não se conectou foi que tinha um combinado de não atrapalhar o Fluminense, mas no velório do Zagallo eu disse que o Fluminense não fez nenhum movimento avisando à CBF dizendo que estava atrapalhando. Foi a CBF que quis romper. Se faltou o respeito com o Diniz, eu não sei. Se o Dorival foi contratado antes, aí eu concordo com você que sim, mas aí é a linha de trabalho de cada um. Mas a vida segue e a gente torce pelo sucesso da seleção e do Dorival. Falando como tricolor, fiquei feliz da vida do Diniz continuar aqui.”
P: “Queria saber sobre a janela: o clube ainda procura um zagueiro? Ou se vê satisfeito? Você falou sobre a provável saída do André: caso ele saia, há a busca por uma reposição pra ele?”
R: “Com relação a zagueiro: o que o Fernando é que ele quer primeiro olhar esse início de temporada, já que nós temos zagueiro. O Fluminense nesse momento tem o Manoel, Antonio Carlos, Marlon, Felipe Melo, David Braz, Luan Freitas e o Thiago Santos que é opção na zaga. Vocês sabem a maneira dele de trabalhar, as vezes usa André e até Martinelli de zagueiro. Ele gosta de trabalhar com elenco mais curto que o normal, só que como eu disse, temos que esperar um pouco o baralho mexer nessa temporada. Como eu já disse: zagueiro quando você tem 6, tem 5. Quando tem 5, tem 4. Quando tem 4, tem nenhum. Tive essa experiência quando fui vice presidente e terminamos o ano improvisando na posição. Hoje temos um treinador diferente nesse quesito. Se o André não sai agora a gente passa a ter mais uma opção de zagueiro. Ainda vamos esperar mais um pouco, a não ser que apareça uma oportunidade de mercado.
Com relação ao André, se a gente permanecer com ele é espetacular. Mas a saída dele já era planejada e o Diniz entende que no elenco temos opções pra posição, como o Martinelli costuma ser. Nesse momento, com o que temos, caso o André saia, estamos bem servidos.”
P: “Queria perguntar sobre a situação de dois jogadores: do Arias e de como foi a situação pra trazer o Douglas Costa”
R: “Sobre o Arias, saiu em algum lugar que ele recebeu proposta da Rússia e é verdade. Nós recusamos. Ele não quis ir e o valor pra nós não era legal. Mas se ele quisesse ir, tentaríamos chegar em um valor interessante pra nós. Mas até hoje só teve essa sondagem. Ele tem um contrato longo conosco e tenho muito interesse em que ele fique. O representante dele tem uma relação muito boa conosco e entende a idolatria do jogador. O próprio Arias já falou que não sabe o futuro dele é verdade, pode chegar uma proposta que a gente não consiga cobrir, que seja boa pra ele, e ele saia. Pode acontecer como aconteceu com o Nino, a gente convencer ele a ficar pra ganhar a Libertadores e deu certo, assim como o André.
Sobre o Douglas, foi uma oportunidade de mercado como eu falei. Ele tinha uma proposta muito boa de fora do Brasil e não priorizou o dinheiro, priorizou o nosso projeto. O Diniz já tinha falado da vontade de contar com ele aqui, o Fred sempre falou como ele era brilhante. Ele vinha fazendo uma boa temporada na MLS. Falamos que não tínhamos condição de pagar o que ele ganharia na Turquia mas que gostaríamos de ter ele conosco. Ele topou, conversou por telefone com o Paulo e com o Fred. Hoje ele me agradeceu a oportunidade e disse que olha o Fluminense como mais uma oportunidade de mostrar o grande jogador que ele é.”
P: “Queria perguntar sobre a polêmica do gramado sintético. O que o senhor pensa sobre o Maracanã e sobre Laranjeiras em relação a gramado sintético?”
R: “Minha posição sobre gramado é sempre contra o sintético por vários motivos. Ele é necessário em algumas situações, como em um CT onde usa-se muito os campos e que é importante usar para recuperar a grama natural de outros campos. Eu sei que tem estudos pros dois lados, dizendo que tem mais ou menos lesão. Eu defendo por princípio do jogo: o futebol sempre foi jogado em grama natural e o gramado sintético muda o jogo, é um outro jogo. Os meus jogadores falam que o jogador fica mais lento e a bola fica mais rápida. A FIFA aprova mas não necessariamente é bom. Você joga 80% das vezes na grama natural. O sintético traz uma modificação. E discutindo resultado esportivo: todo clube que usa sintético começa tendo resultados esportivos melhores pela dificuldade de adaptação do jogador visutante. Há conversa sobre clubes que são contrários ao sintético de que normalmente se poupa jogadores, então quem manda jogos na grama artificial normalmente enfrenta equipes reservas. Você pode ver que nós mesmos e outros clubes poupam jogadores titulares na grama sintética. Isso beneficia quem joga em campo sintético. Outro argumento de defesa é que diminui o custo, mas se um clube não tem condição de manter um gramado, tem que trabalhar com outra coisa. Não sou só eu que sou contra, os jogadores não querem jogar lá. Teve time disputando título que teve que tirar jogo do seu estádio pra show e que depois o treinador do Grêmio falou que o Suárez só jogou porque o jogo não seria mais no sintético. O Messi exigiu no contrato na MLS que não jogaria em gramado sintético. É outro jogo, é outro futebol. Quem opta é por resultado financeiro. Os gramados naturais são ruins em campos onde tem dois times mandando jogos semanalmente, como Castelão, Maracanã e etc, mas quando a gente descansa o campo o campo recupera. Dizer que não dá pra manter um gramado natural num país tropical… o argumento é puramente financeiro. Vocês deveriam perguntar ao clubes que usam sintético se é melhor fazer cinco shows no estádio no ano ou ganhar títulos. Na liga inglesa é proibido, na holandesa também. A FIFA autoriza mas não faz os seus jogos no sintético. Os jogadores não gostam e é ruim. Não é possível que se gaste milhões por ano e não tenha dinheiro pra manter um campo de grama natural. A maioria dos clubes da Série A é contra, não vou citar os nomes. Temos que rever. Tem que ser decidido pelos clubes em arbitral.”
P: “Gostaria de falar de Laranjeiras. Esse ano o Flu já mandou jogo em Moça Bonita, no Luso Brasileiro. Como está a questão de Laranjeiras com a prefeitura? Há essa ideia?”
R: “Com relação aos jogos desse início de 2024: esse é um ano atípico. Nosso elenco ficou de férias opr causa do mundial e nosso time principal ficou sem investidores para jogar em outras praças. Temos sempre investidores pra levar os jogos para outras praças que paga todos os custos. Tem que ser um jogo de apelo e nós não fomos procurados por ninguém, por não ser um elenco principal. Não tivemos essas propostas e priorizamos ficar aqui, até pra focar na final da Recopa, onde teremos uma viagem pra Quito. Foi um planejamento pra não sair do RJ e pra preservar o Maracanã. As escolhas por Bangu e pela Ilha foram pensadas no sentido amplo do clube. Esse ano podemos mandar jogo do Brasileiro no ES, no DF, mas no estadual, em conta da disputa do mundial, o apelo esse ano foi diferente.
Sobre Laranjeiras: o Fluminense busca a venda do potencial construtivo para a reforma das Laranjeiras. A nossa ideia, que é uma lei que tem que ser aprovada na Câmara. Eu tive recentemente com o Eduardo Paes e a tendência é que isso ande em 2024 e que a venda desse potencial construtito seja usado para revitalizar Laranjeiras para jogos de 6 a 7 mil torcedores, para mandarmos jogos lá no futuro. Se a gente obtiver a aprovação dessa lei e desse projeto, a gente parte pro projeto executivo, mas não é algo pra agora. A gente pode até começar a obra esse ano, mas não acredito que por causa dessa burocracia seja possível jogar em Laranjeiras no prazo de um ano. Mas acredito ser possível a partir de 2026.”
P:” Queria perguntar sobre as finanças: tudo que está sendo feito é dentro das possibilidades do clube? A venda do André era parte do planejamento e ainda não aconteceu. A venda dele faz parte do planejamento pra folha salarial? Quais estratégias estão traçadas para aumento de receita?”
R: “A gente não faz planejamento jogando pra cima pensando em receita extraordinária. Obviamente se elas acontecerem, teremos mais condições de buscar novas peças no meio do ano. Mas eu queria deixar isso muito claro. A gente conquistou até o momento o maior título da história do clube e temos que aproveitar para continuar arrumando a casa. O Mattheus Montenegro tá aqui e ele sempre fala a mesma frase: nos primeiros cinco anos a gente equilibrou a dívida e agora tá chegando uma segunda fase de matar a dívida. O que a gente conseguiu até aqui foi muito bom, equilibramos a dívida e conquistamos no campo. Eu quitei a dívida do Sornoza só mês passado, levei cinco anos pra pagar uma dívida construída em 2017. Nosso objetivo agora é mostrar pro mercado que conseguímos fazer muita coisa dentro e fora do campo e mostrar que conseguimos matar a dívida dentro dos próximos 4 ou 5 anos. A gente equacionou a dívida e agora chegou a hora de dar uma pacada e começar a usar o dinheiro do futuro muito mais pra trazer jogadores, sem criar grandes dívidas. O futebol é uma ciência incerta, as vezes você contrata um jogador que dá errado e você continua pagando por um tempo, mas não podemos fazer como no passado de ignorar a dívida e deixar virar uma bola de neve. A gente cuida da dívida, estamos sempre atento a ela. Por isso conseguimos manter a dívida mais ou menos do mesmo tamanho e agora nos próximos dois anos precisamos de alguém que “compre o nosso barulho” pra chegar lá e resolver a dívida ou parte dela, pra gente a cada ano fortalecer cada vez mais o futebol do Fluminense.”
P: “Sobre o Maracanã: o ex-presidente do Vasco garantiu que a proposta deles pro Maracanã seria maior que a da dupla FlaxFlu. Como o Fluminense lida com isso e o quanto o Flu é dependente caso perca essa concessão?”
R: “Eu gosto muito do ex-presidente do Vasco, mas ele falou só a parte da proposta que interessa ao Vasco. A proposta engloba questões financeiras e técnicas. Flamengo e Fluminense estão muito seguros da proposta que fizeram e isso vai ser decidido pelo governo. A gente acredita que temos totais condições de ficar com o Maracanã já que a nossa proposta nas questões técnicas é muito mais factível do que a do Vasco.
Sobre as receitas do Maracanã, elas são muito importantes pra nós, mas elas não dizem respeito a sobrevivência do Flumiennse. O que do Maracanã vai pro caixa do Fluminense é de bilheteria e Match Day. Nos úlitmos anos, Fla-Flu colocaram mais de 100 milhões no estádio, em reformas como a atual do mercado. Ninguém hoje no Brasil tem a capacidade da dupla FlaxFlu para geirr o Maracanã. Nossa proposta está entregue e temos muita confiança de que ficaremos no estádio por muitos anos, com regras bem definidas pros outros clubes usarem, desde que seguindo o cronograma do estádio e pagando o aluguel. Ficam querendo criar uma guerra sobre esse assunto, mas esse assunto é puramente técnico. Quando se nega o estádio, se nega por motivos técnicos. Flamengo e Fluminense que são os concessionários do estádio saem de lá pra preservar o gramado… O Fluminense tirou dois jogos da Pré-Libertadores de 2022 de lá para preservar o gramado. Seja com quem ficar o estádio, o gramado não comporta três clubes jogando lá. Eu tive a oportunidade de ver jogos no antigo Maracanã e não tinha referência. Hoje eu vejo os vídeos no Youtube e o gramado era muito ruim. Jogavam seis clubes: Fluminense, Flamengo, Vasco, Botafogo, América e Bangu, tinha preliminar… O mundo mudou, não tem como jogar mais daquele jeito. Temos que entender que esse papo de “o estádio é de todos”. Tem outros equipamentos públicos que tem concessionários. A ponte Rio-Niterói é pública mas você não pode ser pagar o pedágio.
Vou fazer um relato: sabe quantos jogos o Fluminense tem a mais que o Vasco na história do Maracanã? Quase 900. O Flamengo tem mais de 2000 jogos a mais que o Vasco. Por uma questão simples: o Vasco tem Sâo Januário e faz a opção de jogar lá. Em 1998 o Maracanã estava vazio para a final da libertadores e o Vasco escolheu São Januário, assim como a final do Brasileirão de 2000. O Vasco tem direito de jogar lá, mas não mais direito que Flamengo e Fluminense. É um equipamento público e não podemos esquecer que em 2013 Flamengo e Fluminense quiseram o Maracanã, enquanto Botafogo e Vasco não quiseram. Optaram diversas vezes em não jogar no estádio, e nós sempre optamos pelo Maracanã. O Fluminense foi convocado a participar da licitação do Engenhão e não quisemos, quisemos o Maracanã. O Botafogo quis o Engenhão. Fui mal interpretado por ter opinado no Engenhão, que também é um equipamento público, e tem concessão do Botafogo. Se Vasco e Botafogo tem o direito de meter o dedo na administração de Flamengo e Fluminense no Maracanã, porque nós não podemos questionar o gramado sintético no Engenhão, por exemplo? Podemos ganhar ou perder a licitação, isso não significa que eles não podem jogar lá. Jà foi dito em conversas de almoço que, se estivermos eliminado de alguma competição e eles quiserem jogar lá, claro que não tem problema. Mas tem que ser uma questão técnica apenas.”
P: “Qual é a meta orçamentária do Fluminense pra cada competição de 2024? E pra venda de jogadores?”
R: “A gente vai ter a reunião de orçamento amanhã. Em razão do mundial a gente atrasou um pouquinho, normalmente é em dezembro, mas tava todo mundo dedicado ao Mundial. A gente ainda não tem os números mas a linha é no sentido de manter os pés no chão, fazendo uma estimativa realista daquilo que já conquistamos e do que podemos conquistar. Tem clube que trabalha no sentido inverso pra cima e pra baixo. A gente vai tentar olhar os últimos cinco anos, os investimentos que fizemos, e tentar projetar 2024. A gente estimou Copa do Brasil mais longe do que fomos, mas também estimamos Libertadores mais curta do que fomos. Pra esse ano, vamos tentar manter no orçamento nos trilhos.
Sobre jogadores, o Fluminense tem que se orgulhar de Xerém. Se o Flu chegou vivo em 2019 é porque tivemos jogadores para vender. O nosso número anual médio é de 100 milhões de reais de vendas. A gente tem que continuar vendendo, O que eu pretendo a partir de 2024 é de, além das grandes vendas, começar a fazer vendas menores de jogadores que sentimos que não vamos absorver. Uma das coisas que infelizmente aconteceu é que a CBF acabou com o Brasileirão Sub-23. Esse time do estadual seria o Sub-23. Seriam jogadores no mercado e aptos para usármos.”
P: “Sobre a proposta do Guga, o Flu pensa em vender? Caso saia, tem opções?”
R: “Não houve proposta pro Guga. Eu vi a notícia do Feyenord e não entendi. As vezes acontece da gente receber uma proposta por email no final de semana e ficar sabendo só depois. Eu fiquei sabendo pela imprensa e olhei em todos os emaiis, liguei pro Fred, pro Angioni… Liguei pro representante e ele me disse que uma pessoa da Holanda iria nos procurar, mas essa pessoa não existiu. Não teve proposta. Um dos representantes nos perguntou ontem se temos interesse em vender e eu neguei. Não teve proposta.”
P: “Houve alguma evolução com o BTG na expectativa de conseguir um parceiro para injetar dinheiro no clube para trazer o alívio das dívidas?”
R: “A gente tem uma dificuldade em diminuir as dívidas por causa dos juros. Se olhar no balanço, veremos uma diminuição pequena, por causa dos juros. A gente fez novas dívidas, mas a gente mais pagou do que fez. O nosso projeto é buscar um investidor para que parte do dinheiro seja para dar uma ‘pancada’ na dívida e a outra parte seja pra investir no futebol e, no futuro, todo ele investido no futebol.
Com relação ao BTG, as conversas seguem. Eu tenho muita tranquilidade dele demorar. Quanto mais demorar, melhor. Tá provado que quem saiu correndo em busca da primeira oportunidade não fez o melhor negócio. A gente segue bastante alinhado. O nosso desenho é de que, quando acontecer, seja um desenho diferente desses atuais. A gente já tá definido internamente de que não venderemos o controle do clube. Tem gente que vende dessa forma com um desenho jurídico importante. Não vou dar prazo, mas a gente acredita que ao longo de 2024 essa questão vai caminhar para mudarmos o rumo definitivamente o rumo do clube.”
P: “É um legado do Diniz para que os jogadores da base joguem igual na base e no profissional?”
R: “Eu acho que sim. É um legado da gestão. O trabalho é feito por muita gente. A base do Fluminense é muito forte. A gente tá estruturando melhor, mas tem muito o que fazer. Xerém é grande tem muito tempo. Tem muita coisa que poderia ter sido feita no passado, A gente é muito convicto do que está fazendo e nenhuma decisão é tomada sem amadurecimento das decisões. O outro legado que gostaríamos de deixar é a questão da austeridade. Tem que haver uma curva de crescimento esportiva mas sem ser desordenada ao ponto de comprometer o futuro do clube. A hora que a gente conseguir abater as dívidas, vamos poder investir cada vez mais. Hoje a gente parcela, empurra pra frente, pede ajuda. E hoje isso é uma felicidade enorme: terminamos 2023 com todas as obrigações pagas, salários, premiações e etc. Isso o Fluminense não tinha há muitos anos. Para deixar uma mensagem positiva para o torcedor: hoje o clube está equiilbrado e gostaríamos de um dia ter um clube com muito dinheiro em caixa. Antes era desespero, hoje tá equilibrado, O que queremos deixar de legado é o clube ter dinheiro em caixa para investir cada vez mais, sem a preocupação com as dívidas. 80 ou 90% dos clubes do Brasil vivem o mesmo problema. Esse é o legado que podemos deixar, de austeridade e de convicção, como por exemplo a comissão técnica fixa do clube. Eu botei tudo embaixo do guarda chuva do Angioni, incluindo a base. Todas as lesões da base e do futebol feminino são tratadas com o Filé, por exemplo. E o resultado tá aí no campo. Lógico que a gente tinha a preocupação com esse começo de ano, mas o trabalho é tão sólido e convicto que mesmo com o elenco do mundial de férias, estamos na liderança do campeonato. Isso é um histórico que iremos deixar no clube.”
P: “Sobre a parte financeira: ano passado saiu notícia sobre antecipação de verbas da liga e que alguns clubes fizeram essa antecipação. O Fluminense fez essa antecipação? Se sim, qual o destino dessa verba?”
R: “Essa verba não é uma antecipação, é uma compra de 20% dos direitos dos clubes pelos próximos anos. Isso é pago em parcelas e o Fluminense ainda tem parcelas a receber. O investidor pediu para antecipar alguams parcelas e o Fluminense recebeu e ainda tem a receber. O dinheiro do Fluminense está num caixa único, não exite caixa do CT, de Xerém ou algo assim. O dinheiro entrou e foi utilizado ao longo do ano, não todo. Os investimentos do clube serão feitos com o dinheiro que vai entrando. Se vier um investidor novo, pegaremos parte do dinheiro para pagar dívida e o restante direcionado para o futebol. A logística do dia a dia custa muito, ainda mais esse ano com libertadores e mundial, com viagens e hoteis. O nosso problema ainda é: temos muita receita mas temos problemas com fluxo de caixa. As verbas de TV só começam a entrar em maio, então até Abril temos dificuldade de receita, já que a grande parte da verba é do campeonato brasileiro. Quando a gente faz proposta por jogador, inclusive, a proposta é pra começar a pagar no meio do ano, e isso confunde até os clubes da europa, que não entendem que começos a receber mais receita só em maio. No caso específico de 2023, recebemos uma premiação grande da Libertadores. Parte pagou salário, parte pagou premiação de jogadores e parte está no caixa do clube. A premiação do Mundial ainda não foi paga, estamos esperando. A gente pagou a logística do mundial em dezembro e ainda não recebemos a premiação. Mas ainda temo duas parcelas para receber dessa antecipação de 20% das receitas da liga.”
P: “Um dos méritos da usa gestão é o Fluminense ter virado pedra no sapato do Flamengo, podendo ser tri carioca esse ano. Queria te perguntar se o FlaxFlu é um campeonato a parte, mesmo com um orçamento menor”
R: “Primeiro, vou discordar sobre sermos uma pedra no sapato do Flamengo, Nós somos o maior rival deles desde o primeiro Fla x Flu. É uma rivalidade sadia, cada um defendendo suas cores. A diferença desse momento talvez seja a questão do investimento. O Flamengo passou por um período de reconstrução. Eu mirava muito a gestão do Bandeira de Mello. Ele suportou muita coisas para entregar um Flamengo mais organizado pras gestões seguintes e que também administram muito bem o clube. O clássico tem uma história rica desde muito antes do meu mandato. Nos últimos quatro estaduais, dois títulos pra cada lado. O trabalho deles também é muito bom, duas libertadores recentes, sempre disputando o topo, também pelo investimento que possuem. A gente vai continuar trabalhando para manter o Fluminense aonde ele tem que estar, disputando os títulos com todos os clubes do país, mas com muito pé no chão. Nós temos conquistas que não são títulos nos últimos cinco anos que foram muito importantes. A gente ter classificado para a fase de grupos da Libertadores em 2020 no meio da pandemia é um feito grandioso. As pessoas falam muito de 2008. O Fluminense tem 10 disputas de Libertadores na usa história e duas finais. A gente tem que continuar construindo esse terreno. A gente fala muito da importância do tri campeonato estadual e da Taça Guanabara. Eu sou um torcedor de arquibancada e, quando eu era menino, eu via os rivais ganharem a Taça Guanabara e Taça Rio e achava que era muito importante ganhar aquilo. Eu tenho até hoje todas as faixas de Taça Guanabara. Quando ganhamos a Guanabara de 2022, o Felipe Melo falou “a maior conquista nossa é essa aqui e depois a próxima”. A gente está disputando o tri campeonato a vera, tanto que estamos em primeiro. Estamos trabalhando em ciam de conquistas. Depois o tri estadual, depois a recopa. Temos que ter muito orgulho de termos um mundial de clubes no horizonte em 2025. E é necessário continuar falando de finanças para que a gente consiga continuar buscando conquistas. É igual a nossa vida: a gente tira férias, viaja, mas depois começa as aulas do filho e temos que voltar a trabalhar. Se não fizermos um bom ano, seremos cobrados. A gente que ser campeão da Guanabara, do Carioca, da Recopa… Vai ser campeão de tudo? A chance é pequena, mas essa mudança de mentalidade foi construída por todos os funcionários. Depois de 10 anos a gente conseguiu colocar de novo o Fluminense no lugar que ele merece.”