LEONARDO BAGNO – Terapia

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Para melhorar o astral.

Tricolores,

Curar ressaca pós-derrota é difícil. Escrever, então, ainda mais. Estou diante da tela durante alguns minutos. Já escrevi e rescrevi algumas vezes. Pensei em falar com vocês sobre a perseguição que o nosso Fluminense sofre por parte da Federação, mas desisti. Estava me fazendo mal escrever sobre o assunto. Passei a escrever sobre a presença das duas torcidas no último Fla-Flu, a fim de demonstrar que facilitar o acesso à compra do ingresso garantirá um maior público ao Fluminense, mas também desisti porque posso escrever sobre isso num outro momento. Então, resolvi escrever o que estou sentindo. Pelo menos servirá como terapia. Quem sabe eu consigo arrancar esse câncer que está dentro de mim? Afinal, pego-me lembrando, inconvenientemente e com certa frequência, o Leo Santos empurrando o jogador do Flamengo dentro da nossa área, aos 50 minutos do segundo tempo, quando este se dirigia para fora dela sem sequer ter a posse da bola.

Eu não gosto de criticar jogador gratuitamente nem de demonizá-lo. Pessoas erram o dia todo e desde sempre. Somos todos humanos e, por isso, falíveis. Mas por que o zagueiro que erra tem que ser o nosso? E dentro da área? E aos 50 minutos do segundo tempo? Sou contra a violência, mas talvez, a partir de agora, seja salutar colocar um capanga nas casas de cada um dos jogadores. Somente em jogos decisivos e clássicos. Nada sério. Só ficar lá. Uma capanga em cada casa, ao lado das mães, esposas e filhos. No intervalo, o capanga manda até fotos para os celulares dos jogadores para demonstrar que está tudo bem com seus familiares. Basta os jogadores não fazerem nenhuma estupidez que tudo permanecerá bem. Dentro da normalidade. Agora, empurrar o jogador adversário na quina da área, que se desembestava para fora dela, em direção à linha lateral do campo, sem ter a posse da bola, aos 50 minutos do segundo tempo? Precisamos desses capangas.

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Purificando o ambiente.

Brincadeira à parte, estava óbvio para todo mundo que qualquer contato dentro da área do Fluminense seria marcado pênalti contra a gente. É a famosa frase de que a oportunidade faz o ladrão. Se a oportunidade for dada, o ladrão aproveitará. Entretanto, se esta não acontecer, como o ladrão agirá? E estamos falando de Marcelo de Lima Henrique. Não estou aqui afirmando que se trata de um ladrão. Não tenho provas e seria leviano de minha parte. A analogia que quis fazer é que Marcelo de Lima Henrique não hesita em marcar lances em favor do Flamengo. E isso é notório. Basta ver as inúmeras polêmicas que todos nós conhecemos quando há a participação dele em jogos do Flamengo. O índice de aproveitamento do clube da Gávea em jogos que contam com a sua arbitragem, então, é simplesmente ridículo.

Em 19 partidas apitadas pelo árbitro, considerando somente os clássicos e jogos importantes ocorridos de 2007 até a partida contra o Fluminense na quarta-feira passada, foram 13 vitórias, 2 empates e apenas 4 derrotas. O aproveitamento é de 68,42%! Com esse aproveitamento, o Flamengo seria, hoje, o terceiro colocado do Campeonato Alemão, do Argentino, do Italiano e do Inglês. E segundo lugar do Campeonato Espanhol e do Francês. Ano passado, o Flamengo terminou em segundo no Brasileiro e ficou, como de costume, no cheirinho. Seu aproveitamento naquela oportunidade foi de 70,18%. Vejam que foi muito próximo do que ocorre quando o Marcelo de Lima Henrique é o árbitro em seus jogos. E, por favor, não se esqueçam que esse índice espetacular atingido pelo Flamengo com o referido árbitro considera apenas clássicos e jogos importantes! Não entram na relação partidas contra Olaria, Mesquita, Atlético-GO, Chapecoense e afins. É clássico ou jogo válido por fase final de turno.

São 12 anos de intervalo. Centenas de jogadores e dezenas de técnicos passaram pelos times envolvidos. Entretanto, o fato é que em quase 70% das vezes o Flamengo vence o jogo apitado pelo Marcelo de Lima Henrique. E não tem como acreditar que seja pela qualidade do time do Flamengo porque todos sabemos que não é. Ou o Flamengo é o segundo colocado do Brasileiro há 12 anos consecutivamente?

Filhão do melhor papai do mundo.

Pois bem, será que ninguém sabe disso na Comissão Técnica do Fluminense ou da Diretoria? Ninguém para dizer, antes de começar o jogo, que o árbitro daria qualquer coisa que fosse para facilitar a vida do Flamengo? O movimento inacreditável do Leo Santos dentro da nossa área, aos 50 minutos do segundo tempo, foi perturbador. Imediatamente o juiz, sem dar sequer tempo de a imagem chegar na sala do VAR – dada a velocidade de sua convicção -, apontou para a marca do pênalti. A certeza é comovente. Não há hesitação. Foi pênalti e pronto. Não se precisa de VAR para tirar a dúvida. Para quê? Ela inexiste. No lance do Everaldo, que também foi pênalti evidente, precisamos esperar por vários minutos enquanto o mesmo árbitro, antes convicto no pênalti aos 50 minutos do segundo tempo, acompanhava a repetição da jogada exaustivamente pelo monitor instalado dentro do gramado do Maracanã. A hesitação, portanto, existiu. Para o Fluminense, claro.

Por falar em VAR, fico imaginando o que foi aquela sala quando anularam o gol do mesmo Leo Santos com um minuto de jogo. Isso porque o bandeirinha marcou impedimento. De fato, Leo Santos estava adiantado e dava a impressão de haver tal irregularidade na jogada. No entanto, como todos sabemos, foi o jogador do Flamengo que jogou a bola para trás, o que validou a posição do jogador tricolor. Daí que imagino o seguinte diálogo, entre a salinha e o árbitro, através do sistema auricular de comunicação:

Melhor papai do mundo.

– Ih, Marcelo, não tá impedido, não.

– Não tá? Tem certeza?

– Tenho, Marcelo! Tá me estranhando? Quem deu o passe para o jogador do Fluminense foi esse tal de Renê. Falei que ia dar merda escalar esse cara. Abel não dá mais, Marcelo!

– Calma, rapaz. Deixa o Abel trabalhar. Meu filho tá tão confiante com o Abel que tá até na arquibancada. Ele sabe das coisas. Faz o seguinte, deixa eu ver isso daí. Coloca lá na televisãozinha.

– Já é!

Cinco minutos depois:

– E agora, rapaz? Não foi impedimento mesmo, não. Como a gente faz, hein?

– Sei lá, Marcelo… Se bem que… Se liga só. A FIFA num disse que o juiz, quando usar o VAR para analisar um lance, pode reavaliar tudo que estiver à sua disposição? Inclusive lances fora daquele que está sendo analisado?

– Eita! É mesmo! Gênio! Coloca isso aí de novo pra eu ver!

– Marcelo, olha ali, Marcelo! O grandão de faixa na cabeça deu um encontrão no do Flamengo. Marca falta, Marcelo! Marca falta!

– Será? Isso é disputa de bola, rapaz. Você achou falta mesmo? O cara sobe, disputa a cabeçada e pronto. Não há intenção de empurrar o jogador que tá com ele no lance. Isso é futebol. Esporte de contato. Não foi aquilo que o Rever fez no Henrique na final de 2017. Lá foi falta.

– Coé, Marcelo? Tu tá de sacanagem? Agora quem tá te estranhando sou eu! Marca falta nessa porra logo e toca o barco. 50 minutos do segundo tempo! 50!

– Tá certo. Tá certo.

Descanso para os olhos depois do papaizão aí de cima. Peço desculpas, mas foi necessário.

Enfim, vida que segue. Mais um jogo que o Marcelo de Lima Henrique apita e que o Flamengo sai vencedor. Mais um jogo que o Fluminense participa no Carioca e é prejudicado pela arbitragem. Mais um ano que servimos de escada para Flamengo e Vasco. Mais uma vez que o Fluminense não se impõe fora de campo. Mais uma derrota em clássico para a nossa conta. Cansa qualquer um. Quando iremos romper com isso tudo? Quando iremos colocar nosso clube de volta ao trilho?

Saudações Tricolores,

Leonardo Bagno

(Fontes de consulta sobre o aproveitamento do Flamengo em jogos arbitrados por Marcelo de Lima Henrique: Sr. Goool e Jornalheiros.)

 

ACRÉSCIMO DE TEMPO: +3

46min: Que pecado a cabeçada do Yony não entrar. Que pecado! A plástica do lance foi idêntica à jogada do Assis, na final de 1984. Eu juro que vi, durante microssegundos, o Assis ali. Voltei à realidade quando a bola bateu no travessão.

47min: Restou comprovado, dada a pequena presença da torcida do Flamengo, que dificultar o acesso ao ingresso gera uma frequência menor ao estádio. Portanto, o Fluminense precisa urgentemente repensar sua política de venda de ingresso, aumentando a capilaridade dos pontos de venda, distribuindo-os por bairros diferentes. O Fluminense não é Zona Sul como muitos pensam. Fluminense é Baixada, é Campo Grande, é São Gonçalo, é Friburgo e muito mais! Quanto mais gente tiver acesso ao ingresso, mais gente dentro do estádio. Simples assim.

48min: Torcer pelo Flamengo amanhã? Nem pensar! Depois eu vejo no que deu. Se formos para a semifinal do Carioca, estarei no estádio. Afinal, como torcedor do Fluminense, não me vejo em outro lugar que não seja ao lado dele. Até morrer! Agora, torcer por eles? Nem pensar!


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