Tricolores,

Eu nunca dei dois treinos na minha vida. Também nunca acompanhei um treino no CT para saber quem merece ser titular ou reserva do nosso time. Mas eu sei o que é o Fluminense. Não só sei como zelo para que ele sempre seja o Fluminense. Justamente por isso que eu não aceito o que não seja Fluminense.

Em 2020, vejo jogadores entrarem em campo com a camisa verde, branco e grená. Com escudo nosso e tudo.  Só que eu não consigo identificar que time é esse. A certeza, no entanto, é que não se trata do Fluminense.

O time treinado pelo Odair pode ser qualquer coisa, menos o Fluminense. Digo isso porque a nossa postura, desde o início dos trabalhos dele até hoje, não é de time que entra em campo para vencer. O time passa o jogo inteiro tentando achar um gol. Quando tem a sorte de achar, passa o resto do jogo torcendo para que o jogo acabe, com onze jogadores no nosso campo de defesa.

Nem vou entrar no mérito dos jogadores que saem e entram em campo, se são os que deveriam ou não. Como disse no início, eu nunca dei dois treinos na minha vida.

Só que eu sei o que é o Fluminense. Não só sei como zelo para que ele sempre seja o Fluminense. Volto a insistir.

A filosofia de jogo do técnico Odair é essa que vemos. Não vai mudar. Ele não esconde de ninguém, deixando claro, portanto, que o time dele joga assim e jogará desse jeito enquanto ele for o nosso técnico. Vence quando der. Se não der, pelo menos não perde. E tem gente que se encanta com isso.

O encanto acontece porque ano sim e ano também o Fluminense disputa o Campeonato Brasileiro para não cair. Assim, o tricolor menos atento com a história do clube passa a achar interessante e até justificável a nossa posição atual na tabela de classificação.

“Estamos numa posição condigna com a nossa situação financeira, bem como com a qualidade do nosso time e elenco”, raciocinam, suponho, os tricolores menos zelosos com a nossa história.

Não poderia discordar mais.

Estamos dentro de um Campeonato Brasileiro de baixíssima qualidade. Tivéssemos vencido o jogo hoje, dependendo de alguns resultados favoráveis – que têm acontecido rodada a rodada -, terminaríamos em quarto lugar. Vejam só isso. Este time de qualidade duvidosa, com um elenco extremamente limitado, se tivesse vencido hoje, figuraria entre os quatro melhores do Campeonato Brasileiro até então.

E por que não figurará?

Porque o técnico não tem postura de campeão. Pior ainda: porque me parece que o presidente também não tem postura de campeão. Não tem porque não podemos esquecer que o objetivo maior do Fluminense neste Campeonato Brasileiro, dito e determinado pelo próprio presidente, é alcançar a pré-Libertadores (o que deve ser o objetivo mínimo de 20 entre os 20 times que disputam a competição).

Só que esse objetivo, anunciado pelo presidente, não é sincero. Não pode ser. Basta ver a nossa postura em campo para constatar isso. Se fosse, a postura do time hoje, jogando contra o antepenúltimo colocado do Campeonato Brasileiro, com a chance de terminar a rodada em quarto lugar, não seria a que vimos. Afinal, quem busca a pré-Libertadores tem a obrigação de procurar a vitória. O time do Odair não busca a vitória.

Será que o Odair não entendeu o objetivo traçado pelo presidente? Será que o presidente não foi claro em transmitir o seu objetivo para o Odair? Ou será que o objetivo não é bem esse?

Pois bem, não foi a primeira vez que o Fluminense do Odair se portou com medo em campo. Além disso, sabemos que o presidente está de acordo com essa postura porque, quando instado a manifestar-se sobre o técnico, diz que ele está privilegiado e que iremos assim até o final.

Portanto, só posso concluir que o real objetivo do presidente é permanecer na primeira divisão, mesmo disputando um campeonato de baixíssimo nível, com um time e elenco que, se realmente vestissem e incorporassem a nossa camisa, poderiam alcançar voos maiores.

Vejam, se o Fluminense tivesse vencido o Atlético-GO, o Bragantino e o Botafogo, jogos que tivemos postura de Bangu e que tínhamos tudo para vencê-los, seríamos, hoje, o líder do Campeonato Brasileiro.

Não se deixem enganar: o objetivo do Fluminense sempre será o de ser campeão. Não se desiste de um campeonato antes dele ter começado, como fez o presidente em 2020. Pré-Libertadores é pouco para o Fluminense. E é muito para o Odiar. E parece que é muito para o presidente também. Que o presidente reveja sua posição e se lembre que o Fluminense é enorme. Não basta dizer, presidente. É preciso portar-se como enorme. Ainda há tempo.

Saudações Tricolores,

Leonardo Bagno

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#FORAMURIEL