LEONADO BAGNO – Mexa-se, Fluminense
Tricolores,
Um torcedor do Antofagasta, após o término do jogo de quinta-feira, declarou para um periódico local o que segue: “A equipe propôs o que estava ao seu alcance, mas faltava um volante de mais contenção. Enquanto o Fluminense é uma equipe hierárquica, que em nível internacional está indo bem, não é qualquer equipe”.
A organização tricolor não é surpresa para nenhum de nós. Todos sabemos que o Fluminense de 2019 é uma equipe extremamente organizada dentro de campo, que tem um esquema tático bem definido e que os jogadores estão imbuídos de que esta é a melhor forma de se apresentar para alcançar a vitória, que tem vindo nos jogos contra os adversários de menor expressão, mas que está devendo nos clássicos regionais (uma vitória, um empate e duas derrotas).
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O Fluminense desde 2008 vem tendo participações significativas em competições internacionais. Foram duas finais disputadas (2008 e 2009), uma semifinal (2018), três quartas-de-final (2012, 2013 e 2017) e uma oitava-de-final (2011). A única participação que passou desapercebida foi em 2014, quando saímos prematuramente na segunda fase da Sul-americana. Na competição atual, com o time jogando da maneira que está, tendemos a repetir o desempenho de 2008 e 2009.
O que o torcedor chileno não sabe é que, para o Fluminense não ser uma equipe qualquer, falta um elemento essencial: a torcida. Sem este elemento, o Fluminense é, sim, uma equipe qualquer. Um São Caetano ou um Audax desses da vida, que numa temporada monta um time razoável e, por conta da sua obediência tática, acaba tendo sucesso nela, mas sem chance de título por faltar justamente a força determinante. Sem torcida o Fluminense não é Fluminense. Sem torcida o Fluminense torna-se um Botafogo. Uma equipe qualquer, portanto.

Domingo, também conhecido como amanhã, o Fluminense volta a campo contra o seu maior rival. Justamente contra quem obteve a sua única vitória no ano quando teve a oportunidade de enfrentar equipes da primeira divisão. Dos cerca de 25 mil ingressos vendidos até ontem, 200 são para a torcida do Fluminense. Vou escrever por extenso, em caixa alta e separando as sílabas para dar mais dramaticidade ao fato: DU-ZEN-TOS são para a torcida do Fluminense.
Tenho um grupo de amigos, todos tricolores, evidentemente, que, em regra, vai a todos os jogos do Fluminense. Pouquíssimas exceções podem ser lamentavelmente mencionadas. Nele, brincamos que, contra o Flamengo, costumamos ser os 300 de Esparta, em clara alusão ao filme de mesmo nome, por conta do perfil guerreiro do torcedor que sai de casa para ir aos Fla-Flus e que consegue, mesmo em menor número, sobrepor-se aos rivais no canto. Jamais pensei, contundo, que a brincadeira se tornaria literal.
Urge a criação oficial e institucional, ou seja, dentro do Fluminense, de um grupo de trabalho para desenvolver soluções para o comparecimento em massa da torcida no estádio. Não dá mais para o Fluminense aceitar tal situação. Já passou tempo demais sem nenhuma – ou quase nenhuma – providência neste sentido. A essência do Fluminense é a sua torcida. Foi ela que, desde a sua fundação até o dia atual, fez o Fluminense ser o que é, com seu pioneirismo, sua história riquíssima e suas inúmeras conquistas. Não é possível que o Fluminense aceite essa realidade passivamente.
A criação de redutos tricolores, pelos bairros do Rio de Janeiro, para que se tornem ponto de encontro para quem quiser ir aos jogos; a utilização desses redutos como pontos de venda de ingressos; a ampliação do horário de funcionamento dos pontos de venda (das 10h às 17h é deboche); a utilização do serviço de entrega da própria Rappi, patrocinadora do clube, para a distribuição dos ingressos para os torcedores recebê-los em casa; e a imediata intervenção do clube para a liberação do acesso de bateria, bandeiras e faixas no Maracanã, que atualmente nada mais é do que um imenso cemitério, especialmente pelo silêncio praticado no local. Todas as opções são exemplos de algumas ideias que o Fluminense pode fazer para melhorar a vida do torcedor e tê-lo ao seu lado. Não dá mais para permanecermos como estamos. Chega!
Saudações Tricolores,
Leonardo Bagno
ACRÉSCIMO DE TEMPO: +4
46min: Eu vou ao jogo amanhã. Saio de Laranjeiras. Quem quiser carona (estou falando sério!), entre em contato comigo pelo meu Twitter (@LeoBagno) através de mensagem direta. Se o clube não faz a sua parte, que a gente a faça.
47min: Que golaço o nosso segundo gol contra o Antofagasta. Jogada de cinema. Já perdi a conta de quantas vezes revi o lance.
48min: O time precisa aprender a chutar mais de fora da área. Essa arma será imprescindível para vencer a barreira de times retrancados. E precisa manter a calma contra times que se acham poderosos, pois eles tentarão marcar em cima, sufocando a nossa saída, achando que iremos perder a bola na nossa intermediária. Se passarmos pelo primeiro bloco de marcadores, o campo estará completamente desabitado e poderemos, com extrema facilidade, marcar o gol. Espero que amanhã aconteça justamente isso, por quatro vezes. No primeiro tempo.