Fred projeta estreia do Flu na Libertadores: “Favoritismo não entra em campo”

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*Contribuiu Gabriel Gonçalves

A dois dias da estreia do Fluminense na Libertadores, o atacante Fred concedeu entrevista coletiva no CT Carlos Castilho. Capitão tricolor não apenas hoje, mas também há oito anos na última participação do Flu na competição, o camisa 9 projetou o retorno do clube ao maior torneio da América do Sul e também a estreia contra o River Plate, no Maracanã.

“Nosso sentimento é o que sempre aconteceu desde sempre, que é de respeitar os nossos adversários. Com o River não será diferente. Porém, é ter muita coragem e personalidade para agredir o River todo instante. Futebol é um jogo muito emocional. Vai ter momento no jogo que nós vamos ter a posse de bola e ter o comando da partida, mas terão momentos que será o nosso adversário. A nossa briga vai ser para tomar espaço em todos os setores do campo e agredir ao máximo. O nosso time sabe que o favorito é o River, não só no nosso grupo, mas em toda a Libertadores. Mas nós que estamos aqui dentro sabemos da nossa força. Sabemos que quando entra em campo só depende da gente. Então estamos muito confiantes e vamos dar a vida na quinta-feira. É muito importante a gente estrear somando ponto, vamos jogar em casa diante de um adversário gigante. Uma vitória nessa estreia, em casa contra o River, nos daria uma confiança e um respeito até o segundo jogo muito grande.”

O centroavante também falou sobre as chegadas dos reforços para a temporada, sobre um eventual favoritismo de algumas equipes e como enxerga o Fluminense na briga.

“A gente precisa continuar fazendo o que deu muito certo ano passado, né? Um trabalho simples e de muita competitividade. Porém, internamente, eu vejo grupo muito mais encorpado. Já vejo o resultado do trabalho do Roger e vejo também os reforços que chegaram, né? Foram cinco reforços que além de aumentar o peso, aumentou muito a nossa qualidade técnica. Cazares, Manoel, Wellington, Bobadilha, o Abel… os caras treinaram ontem e num nível lá em cima. Nós acompanhamos e todo mundo ficou muito satisfeito. É essa força do elenco somado a essa molecada que já tá com um ano de rodagem.”

“Nós vamos ter sessenta e poucos jogos no ano. Nesses sessenta e tantos jogos, vai ter período que o Bobadilha vai estar melhor que eu e ele vai ser titular, ou que o Abel vai tomar o lugar e vai ser melhor. E é impossível manter o nível durante essas sessenta, quase setenta partidas. Então, o Fluminense acertou muito nesses reforços. E o ambiente é saudável independente de se você estar jogando ou não. Vamos estar felizes e dispostos a ajudar o tempo que for.”

“Em relação a favoritismo, ele não entra em campo. O que vai importar pra gente e nos colocar na condição de brigar por esse título é passar de fase. Ali tudo se iguala. Eu acho que temos muitas condições de chegar lá. Então, nós vamos ter que caminhar passo a passo, sabe? Nosso grupo é muito difícil, nós vamos enfrentar os melhores da América. Mas estamos confiantes que podemos enfrentá-los de igual pra igual.”

Fred também falou sobre a possibilidade de atingir marcas individuais no Fluminense, como se tornar o segundo maior artilheiro da história do clube.

“Meu início no Carioca foi muito bom, estou com a média muito boa de gols. Mas fiz gols nos dois primeiros jogos e fiquei chateado porque nossa equipe perdeu. Eu não estou me preocupando com as marcas pessoais como eu me preocupava antes. Hoje se eu conseguir segurar uma bola para o Kayky, se eu conseguir dar um passe e a gente sair vitorioso, no fundo do meu coração, eu saio bem mais tranquilo. Eu estou num desespero para ganhar um título importante com o Fluminense nesse final da minha carreira para poder desfrutar o resto da minha vida.”

“Seria especial fazer dois gols na estreia da Libertadores e já atingir essa marca grande (se tornar o segundo maior artilheiro do clube). Poder atingir e retribuir esse carinho todo da torcida com uma Libertadores, com uma estreia em cima do River, seria o melhor sonho possível, né? Eu, com certeza, não dormiria comemorando esse feito.”

“Em relação aos 400 gols, é uma marca que me senti muito honrado, principalmente com a camisa do Fluminense. Eu acho que a gente merecia passar por isso junto, e eu não receberia tanto carinho se fosse com outra camisa. Queria agradecer a todos os torcedores pelo carinho, pelas homenagens e espero que possam vir muito mais gols.”

Foto: Lucas Merçon/FFC

Presente na última participação do Flu na Libertadores, em 2013, Fred também falou sobre aquele ano, fez um paralelo consigo de oito anos atrás e lembrou da partida dramática contra o Argentinos Juniors, que valeu a classificação para a segunda fase daquele ano.

“Em 2013 o clube tinha jogadores que vinham de títulos e já jogando Libertadores nos anos anteriores. Agora, temos um grupo com muitos jovens, que vão experimentar a competição. Sentir o prazer de jogar uma Libertadores. Em relação a mim, o que mudou foi o vigor físico, não tem jeito. Hoje eu me cuido mais, porém estou um pouco mais experiente. O que não mudou foi a vontade de ganhar e ser campeão, por isso estou jogando ainda, mas quando o juiz apitar o início da partida a sensação será a mesma. De querer ganhar e brigar por cada bola.”

“O jogo contra o Argentino Juniors foi muito importante para mim. Estava todo mundo desacreditado, imprensa, alguns da torcida e alguns dentro do vestiário. A gente falou que íamos entrar, fazer o nosso melhor e lutar até o fim. O mesmo lema desde 2009. Naquela competição, eu lembro que foi uma loucura. A gente começou ganhando, eles empataram e fizemos 3 x 2. Aos 45 pintou um pênalti, eu lembro que naquela época eu tinha errado dois ou três pênaltis seguidos, mas aquele pênalti ninguém quis bater. Procurei alguém para bater, segurar aquela bronca, mas ninguém quis. Mas graças a Deus eu fiz o gol e antes de eu bater o Enderson Moreira pediu ao Edinho para me avisar que se eu fizesse a gente estava classificado. Foi uma informação que só colocou um peso nas costas. Ficou na memória as coisas boas.”

“Quando classificamos para a Libertadores no ano passado, o sentimento foi de orgulho e satisfação. Hoje, o sentimento é de muita responsabilidade. A gente sabe o peso que é. Então, é muito importante a gente conseguir passar para as oitavas. Vamos botar peso aqui no Maracanã e dar a vida fora de casa. Quando o juiz apita, o peso vira prazer e a gente coloca tudo ali, em campo.”

Sobre como controlar a ansiedade e dosar o espírito brincalhão, característico do grupo

“A ansiedade a gente tira no nosso dia a dia ali, né? No tapete verde, onde a gente sente leve e esquece de tudo, inclusive dessa responsabilidade que a gente tem. Em relação as brincadeiras, quando a gente perde os jogos, por exemplo, eu e o Nenê percebemos que todo mundo sente muito. Nós somos os mais brincalhões, mas não fazemos isso só por perfil nosso. Fazemos também porque a gente sabe que solta, que a molecada se sente mais à vontade e que o time fica mais solto. Então, mesmo quando tem um resultado adverso, internamente a gente não pode mudar muito. Desde que o resultado aconteça com a gente se entregando, fazendo o que foi treinado e combinado entre a gente. Nós temos o nosso acordo de todo mundo se dedicar, brigar por cada bola até o final. Então, assim, se a gente fizer o que está acordado e perder o jogo, por mérito dos adversários, a gente vai continuar feliz com o ambiente, porém querendo melhorar sempre. Esse é o espírito aqui dentro do Fluminense”.

Relação com Cazares desde os tempos de Atlético-MG

“Quando fui perguntado sobre o Cazares, já estava meio fechado. O presidente perguntou “o que você acha do Cazares?”, eu falei “acho que ele é craque”. Naquela goleada sofrida contra o Corinthians (pelo Brasileirão de 2020) ele fez a diferença. Ele perturbou muito os nossos volantes, é um jogador com uma visão muito apurada. Ele é tipo o Ganso, bem inteligente. Para mim, ele é acima da média do futebol brasileiro. Quando o presidente me perguntou eu falei que considero craque. Tive uma temporada maravilhosa com ele quando joguei no Atlético-MG. Ele me deu muitos passes para gol. Sou fã do Cazares como jogador e como ser humano. Tenho certeza que ele vai brilhar com a camisa do Fluminense.”

O Fluminense entra em campo pela primeira rodada da Libertadores 2021 na próxima quinta-feira (22), contra o River Plate, no Maracanã.

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