Carpini afirmou: “Se fosse o Fábio, não daria escanteio”, mas ‘esquece’ que o próprio Fábio foi um dos pioneiros na punição

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Técnico do Juventude questionou critério da arbitragem no lance que originou o gol da vitória do Fluminense, mas goleiro tricolor foi um dos primeiros a gerar escanteio para adversário pela nova regra em abril deste ano.

Uma vitória com a cara do Fluminense, no fim e na raça. O gol de Thiago Silva aos 52 minutos do segundo tempo, que garantiu o 1 a 0 sobre o Juventude nesta quinta-feira (16), foi precedido por um lance que gerou muita reclamação por parte da equipe gaúcha. O técnico Thiago Carpini, em sua coletiva de imprensa, direcionou suas críticas à arbitragem, insinuando que o mesmo critério não seria aplicado ao goleiro tricolor, Fábio.

O lance decisivo da partida aconteceu já nos acréscimos. O goleiro Jandrei, do Juventude, segurou a bola por mais de oito segundos, e o árbitro, corretamente, aplicou a regra e escanteio para o Fluminense. Na cobrança, o “Monstro” Thiago Silva se antecipou à zaga e acertou um bom voleio para selar a vitória tricolor.

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Indignado, Carpini questionou a marcação: “Acho que se ele apitar todo o jogo esse tipo de lance de escanteio, todo jogo vai ter que dar muito escanteio. Tenho certeza que se fosse o Fábio, ele não daria (o escanteio)“, declarou o treinador.

No entanto, a reclamação de Carpini não se sustenta e, ironicamente, ignora um fato importante. Fábio foi um dos primeiros goleiros da Série A a ser punido pela nova regra.

No dia 26 de abril, pela sexta rodada do Brasileirão, no clássico contra o Botafogo no Nilton Santos, o árbitro Bruno Arleu de Araújo abriu a contagem e marcou escanteio para a equipe alvinegra após Fábio segurar a bola por 12 segundos. Na mesma rodada, o goleiro Fernando Miguel, então no Ceará, também foi punido em partida contra o São Paulo. Os lances foram, à época, amplamente divulgados como as primeiras aplicações da nova diretriz na primeira divisão.

A regra dos 8 segundos

Implementada pela CBF para o Brasileirão de 2025, seguindo orientação da IFAB (a entidade que regula as regras do futebol), a medida visa coibir a “cera” e aumentar o tempo de bola rolando. A regra é clara, quando o goleiro tem o controle total da bola com as mãos, ele tem um limite de oito segundos para repô-la em jogo.

Caso ultrapasse esse tempo, a punição não é mais o antigo e raramente marcado tiro livre indireto (que existia na regra dos 6 segundos), mas sim um escanteio para a equipe adversária. O árbitro deve sinalizar com os dedos a contagem regressiva dos últimos cinco segundos.

O primeiro registro de aplicação da regra no futebol brasileiro em 2025 ocorreu na Série B, em 5 de abril, quando o goleiro Mycael, do Athletico-PR, estourou o tempo contra o Paysandu.

Portanto, a vitória do Fluminense, embora dramática, se sustentou na correta aplicação de uma regra vigente, a mesma que já havia sido usada contra o próprio clube meses atrás. A reclamação do técnico adversário, assim como de todo o elenco do Juventude, soa mais como um lamento pela derrota do que uma crítica realmente embasada nas regras e no histórico de sua aplicação ao longo do campeonato.


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