Análise Tática: um resumo do Dinizismo no Brasileirão 2022
No último domingo (13), o Fluminense venceu o RB Bragantino na última apresentação do Dinizismo em 2022. A vitória por 1 a 0 com gol de Germán Cano garantiu ao Tricolor a terceira colocação do Brasileiro e a terceira melhor campanha na Era dos pontos corridos com 20 clubes. Mas, para encerrar o ano, a coluna vai fazer uma análise tática do estilo de Fernando Diniz.

Desde que surgiu após o vice-campeonato paulista com o Audax, Diniz tem se notabilizado por implementar rapidamente o seu jeito de jogar. O treinador chegou depois da quarta rodada e logo no jogo seguinte, as suas ideias estavam sendo colocadas em prática.
O estilo, aliás, estava fresco na memória dos tricolores. Depois da passagem do treinador em 2019, os torcedores já não sentiam mais o frio na espinha ao ver a bola passeando de um lado para o outro tão perto do gol.
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A principal característica do Dinizismo se manteve. O Fluminense terminou com a maior média de posse de bola do Brasileirão, 61% de acordo com dados do SofaScore. Também teve a maior média de passes certos, 464 por jogo.
Saída de bola: um dos pilares do Dinizismo
Ainda segundo o SofaScore, o Flu trocou quase metade dos passes no próprio campo, em média 225 por jogo. Uma armadilha que consistia em atrair o adversário para então quebrar a primeira linha de marcação e partir para o ataque.
Para isso, no entanto, a estratégia é conhecida e executada por muitos dos grandes times do mundo. Os defensores abrem para dar amplitude e André, principalmente, completa a saída de três pelo meio. Com o tempo e treino, o time até apresentou variações com Ganso e Nonato vindo buscar a bola e os homens da frente se movendo em sentido horário para confundir as defesas.

Por outro lado, o treinador respeitou as limitações de Fábio. A média de 30,1 toques na bola por jogo não fica tão abaixo de Rodolfo (34) e Agenor (33,3) — goleiros do Flu em 2019 —, mas Diniz exigiu bem menos peripécias do camisa 12 com os pés.
André, aliás, foi fundamental em 2022. Jogador com a maior média de passes certos e volante com a maior média de dribles, o camisa 7 dava a dinâmica necessária para uma construção de jogo eficiente. E, por isso, o time sentiu tanto a sua falta nas quatro partidas em que não atuou.

Embora tenha um bom passe longo, Felipe Melo era lento e pesado. Enquanto Wellington não demonstrou confiança para sair jogando.
Jogo agrupado: a evolução no estilo
Quando chegou, Fernando Diniz sabia que Luiz Henrique estava com os dias contados no Flu. Vendido ao Real Bétis iria para a Espanha no dia 01 de Junho. Alto, forte e habilidoso, o camisa 11 era quem segurava a bola no ataque desde que Abel estava no comando, partindo para cima dos defensores e arrastando.
Com a saída de Luiz Henrique, Diniz perdeu o melhor jogador no um-contra-um. O treinador até pediu Marrony para ocupar a vaga, só que o atacante emprestado pelo Midtjylland ainda não mostrou a que veio.
A situação se assemelhava com a saída de Everaldo em 2019, mas três anos depois, Diniz parece ter encontrado uma solução viável. Em entrevista ao programa “Bem, Amigos”, do SporTV, o treinador admitiu que agrupar os jogadores no setor da bola foi uma resposta a perda de Luiz Henrique.
Com mais jogadores próximos uns dos outros, o Flu passou a ter mais opções para trocar passes sem depender tanto dos dribles de um atleta. Passou a depender mais da inteligência de Paulo Henrique Ganso e de Nonato.
O Dinizismo, mais uma vez, potencializou o jogo do camisa 10. Ganso terminou como sexto na média de passes-chave. No Flu, ficou atrás só de Jhon Arias — outro destaque do time no ano e líder em assistências.

Enquanto isso, do lado oposto, tentou o ponta Caio Paulista improvisado na lateral-esquerda para dar mais amplitude. A ideia até deu certo por algum tempo, mas irregularidade do jogador fez com que os planos mudassem.
O Dinizismo com um homem-gol
Entre repetições e soluções, a principal diferença entre a primeira e a atual passagem de Diniz pelo Flu ficou no comando do ataque. Em 2019, o meio-campo formado por Allan, Daniel e Ganso, com Luciano e Caio Henrique auxiliando até criava muitas oportunidades de gol. Mas o time desperdiçava bastante.
Naquele ano, Yony González terminou como artilheiro com 17 gols. Menos da metade dos 44 que Germán Cano anotou em 2022. O argentino tem características diferentes dos centroavantes clássicos como Fred, que se aposentou em Julho.
Com 1,77m, o camisa 14 não é tão alto, nem tão forte. Por isso, foge do contato com os zagueiro. Mas compensa com um ótimo posicionamento dentro da área. Cano tem dois tipos de comportamento dentro da zona fatal: ou se antecipa ao zagueiro para desviar para o gol ou espera a bola nas costas do marcador.
E não há como menosprezá-lo por isso. Artilheiro do Brasileirão, da Copa do Brasil, maior goleador do país no ano, jogador com mais gols em uma temporada com a camisa tricolor no século. Uma verdadeira máquina de quebrar recordes.
Um goleador como Cano era a engrenagem que faltava no Dinizismo.

ST