Análise Tática: Gols cedo e pouca posse de bola na vitória do Fluminense sobre o Santa Fé

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Não tem como analisar a vitória do Fluminense sobre o Santa Fé sem falar dos gols logo no início e da pouca posse de bola. Os fatores estão intrinsecamente ligadas. Letal, Fred balançou as redes no começo de cada tempo, enquanto Girardo aproveitou o lançamento em profundidade para descontar. Depois dos gols, o Tricolor passou a deixar a bola nos pés dos colombianos e terminou com apenas 27% de posse, de acordo com dados do SofaScore.

Depois uma confusão para definir o local da partida, Santa Fé e Fluminense enfim se enfrentaram em Armênia com um campo encharcado e escorregadio por causa da chuva. Assim como na estreia diante do River Plate, o Tricolor começou pressionando o adversário para recuperar a bola. Mas, desta vez, a estratégia deu certo.

Logo aos 5 minutos, Kayky costurou pelo meio, Nenê ajeitou com um toque sutil de calcanhar e deixou Fred cara-a-cara com o goleiro para abrir o placar na primeira chegada do Flu ao ataque.

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O lance do gol ilustra bem o sistema 4-2-4 que o técnico Roger Machado vem implementando no momento ofensivo do Fluminense. Enquanto Kayky se mantem aberto, Nenê se aproxima de Fred como um segundo atacante.

Postura defensiva, mas sem abrir mão do ataque

Com o gol logo no início, o Tricolor passou a ter mais tranquilidade para repetir também a formação no momento defensivo da partida contra o River. Sem bola, apresentou duas linhas de quatro, compactas, com Luiz Henrique e Kayky fechando os lados enquanto Fred e Nenê ficavam mais à frente. Embora o modelo seja sacrificante para os jovens pontas — substituídos por Roger nas duas partidas até o momento —, também mantém os dois veteranos em condições de segurar a bola quando o Flu a recupera.

Contudo, o Santa Fé — que pratica um estilo de jogo mais vertical — começou a explorar sobretudo o lado direito da defesa tricolor.

Momento defensivo do Fluminense contra o Santa Fé
Neste lance, por exemplo, como Kayky não acompanhou na marcação, Calegari ficou no mano-a-mano e acabou sendo ultrapassado, o que obrigou Nino a sair na cobertura e consequentemente abriu espaço no lado oposto do campo (Framme: Reprodução/ Conmebol TV)

A solução de Roger foi inverter Kayky com Luiz Henrique, que está mais acostumado a fazer essa função na marcação. O camisa 34, por exemplo, terminou a sua participação sem finalizar. Mas venceu seis duelos no chão, um duelo no alto, além de contribuir com dois cortes, um desarme e uma interceptação. Mas, os passes verticais e as inversões dos colombianos continuaram incomodando o sistema defensivo.

Por outro lado, ficar menos com a bola não quis dizer que o Fluminense abdicou de atacar. Após uma triangulação pelo lado esquerdo, Kayky acertou a trave e Nenê cobrou uma falta perigosa defendida por Castellanos ainda na primeiro etapa.

Filme repetido no segundo tempo

O segundo tempo começou da mesma forma que o primeiro. Com um minuto, Nenê tocou para Egídio que cruzou, com precisão, na cabeçada de Fred.

Fred marcando o segundo gol do Fluminense contra o Santa Fé
Com o segundo gol no jogo — terceiro na Libertadores 2021 — Fred chegou também aos 185 com a camisa do Fluminense e se tornou o segundo maior artilheiro da história do clube (Foto: Lucas Merçon/Fluminense Football Club)

Entretanto, a boa vantagem não durou tanto tempo. Cinco minutos depois, após mais um lançamento vertical, Daniel Girardo se antecipou a Marcos Felipe para descontar o placar.

Gol do Santa Fé contra o Fluminense
Em um lance de desatenção, Egídio e Luccas Claro saíram atrasados, permitindo que Girardo entrasse em condição legal. Como o Fluminense não jogo com goleiro-líbero — da mesma forma que Manuel Neüer na Seleção da Alemanha — Marcos Felipe pouco pôde fazer na jogada (Framme: Reprodução/Conmebol TV)

Com a expulsão de Egídio, Santa Fé pressiona o Fluminense

Com o gramado pesado e jogadores de ambos os times visivelmente desgastados, Roger então começou a oxigenar o Flu. Primeiro, colocou Gabriel Teixeira no lugar de Kayky e Cazares na vaga de Nenê. Depois, sacou Fred e Luiz Henrique para as entradas de Bobadilla e Caio Paulista.

Mas aos 15 minutos, aconteceu um lance capital. Egídio recebeu o segundo cartão amarelo e, portanto, acabou expulso. Com um a menos, o treinador precisou tirar Gabriel Teixeira — que havia entrado bem e, por pouco, não ampliou a vantagem após um belo drible — para recompor a defesa com Danilo Barcelos. O Tricolor então passou a jogar com duas linhas de quatro (com Yago Felipe fechando o lado esquerdo na segunda linha) e só um na frente.

Foram mais de meia hora com a bola batendo-e-voltando no ataque. Isolado, Bobadilla pouco produziu. O principal momento do paraguaio, aliás, foi parar um contra-ataque promissor com falta e receber um cartão amarelo por isso.

Em contrapartida, o Santa Fé passou a pressionar o Fluminense principalmente com cruzamentos para área. Mas Nino e Luccas Claro estiveram neste quesito, principalmente o camisa 4 que venceu três dos sete duelos aéreos. E, quando a bola passou pela dupla, Marcos Felipe estava lá para garantir a vitória com uma defesa impressionante aos 50 minutos de jogo.

Com o resultado, o Fluminense fica empatado com o River com quatro pontos e o mesmo saldo de gols, mas fica à frente por ter marcado mais vezes fora de casa. O Tricolor volta a campo no domingo, às 18h, contra a Portuguesa pelo primeiro jogo da semifinal do Campeonato Carioca.


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Lucas Meireles

Jornalista formado pela UFRRJ, apaixonado por esportes e pelas boas histórias.