Análise Tática – contra o Cerro, Flu foi efetivo no que se propôs a fazer: finalizar o ataque o mais rápido possível
Como é característico do time comandado por Roger Machado, o Fluminense, mais uma vez, não fez questão de ter a posse de bola – foram apenas 38% durante os 90 minutos da vitória por 2 a 0 sobre o Cerro Porteño no primeiro jogo das oitavas da Libertadores.
Porém, contra o time paraguaio, o Tricolor conseguiu colocar em prática algo que vinha sendo uma das principais dificuldades da equipe: apesar de ter uma defesa sólida, encontrava obstáculos nas transições em velocidade após recuperar a posse. Diante do Cerro, no entanto, a pressão feita ao homem da bola, bem como a aproximação dos jogadores tricolores ao recuperá-la, fizeram com que o Fluminense não apenas vencesse, mas dominasse.
Apesar da posse inferior a 40%, o Fluminense finalizou mais vezes na partida. Foram 15 chutes a gol do Flu, enquanto o Cerro o fez por 12 vezes. Importante destacar que, das 15 finalizações tricolores, 12 foram dentro da área, fator que faz com que a chance de gol criada tenha maior possibilidade de ser bem sucedida. Outro ponto é que o Fluminense foi efetivo nos desarmes e interceptações – em grande parte foram conseguidos no meio de campo e intermediária ofensiva, o que influenciou diretamente nas transições em velocidade, já que o espaço de campo a ser percorrido era menor. André e Yago Felipe, somados, foram responsáveis por 11 dos 19 desarmes do Fluminense no jogo. Além disso, foram 18 interceptações do Flu contra apenas três do Cerro Porteño.
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Todos esses números aliados corroboram o fato de que, contra o Cerro, o Fluminense foi capaz de colocar em prática os principais ideais de um time que dá a bola ao adversário e aposta no contra-ataque: se defender bem, construir transições em velocidade e finalizar a jogada o mais rápido possível. Apesar do placar só ter sido inaugurado no segundo tempo, o Flu construiu chances claras na primeira etapa seguindo essa cartilha.
Um a zero
Na volta do intervalo, Roger Machado substituiu Gabriel Teixeira por Luiz Henrique e o camisa 34 incendiou a partida e foi fundamental para que o Fluminense transformasse a superioridade em gols.
E na ausência de Fred, Luiz Henrique foi quem proporcionou as jogadas de pivô na construção do ataque tricolor. No lance do primeiro gol, o atacante recebeu passe de costas para o campo ofensivo, segurou e aguardou a aproximação de André para tabelar e construir a jogada para que Nenê abrisse o placar. Já no final da partida, o garoto de 20 anos protegeu e girou em cima do adversário pelo lado esquerdo, no lance que resultaria no gol perdido por Lucca na risca da pequena área.
GOOOOOOOOOOOOOOOL! Caio Paulista da aquela apelada, rola para Nenê fazer o gol do Flu!
Cerro Porteño 0x1 Fluminense
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— Saudações Tricolores (@STpontocom) July 13, 2021
No lance do gol é possível perceber que apesar do Cerro ter mais jogadores presentes no lance da jogada, é o Fluminense quem tem a superioridade numérica no setor decisivo. Enquanto três defensores cercam Luiz Henrique, dono da bola, Abel Hernández, Caio Paulista e Nenê se projetam contra apenas dois jogadores adversários. Já o responsável pela marcação sobre Nenê acompanhou a bola e a movimentação de Abel Hernández, enquanto o camisa 77 aparecia na entrada da área para finalizar.

Dois a zero
Assim como no primeiro gol, o Fluminense construiu o segundo através de uma triangulação rápida, dessa vez pelo lado esquerdo. André achou Egídio no meio, que, de primeira, acionou Nenê na ponta esquerda. Neste lance percebe-se a troca das posições entre o meia e o lateral-esquerdo.
Nenê, por sua vez, encontrou Caio Paulista dentro da área, mas após corte parcial do defensor, a bola sobrou para Egídio ampliar o marcador.
GOOOOOOOOL! GIDÃO FAZ O SEGUNDO!
Cerro Porteño 0x2 Fluminense
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— Saudações Tricolores (@STpontocom) July 13, 2021
Observa-se que no momento do passe de Nenê, Egídio e Caio Paulista são acompanhados de perto somente por um defensor, superioridade numérica momentânea construída justamente pela triangulação rápida entre André, Egídio e Nenê.

Nenê foi peça-chave
Muito participativo nas construções ofensivas do Fluminense, Nenê finalizou três vezes durante os 73 minutos em que esteve em campo. A primeira parou em grande defesa de Jean, a segunda encontrou a trave e a terceira abriu o placar para o Fluminense. Também foram quatro passes decisivos, sendo um deles o que originou o gol de Egídio, o segundo do Flu no jogo e o primeiro do lateral-esquerdo com a camisa tricolor.
Para ficar atento
Apesar do amplo domínio tricolor durante toda a partida, é preciso destacar os últimos 15 minutos do primeiro tempo – quando o Cerro Porteño conseguiu equilibrar a partida – e chamar a atenção para a bola aérea defensiva tricolor, principalmente em lances envolvendo Manoel.
As duas melhores chances criadas pelo time paraguaio no primeiro tempo foram originadas de cruzamentos, nos quais os atacantes sobressaíram sobre o zagueiro tricolor. Na primeira, Boselli recebeu cruzamento pela direita e, livre, cabeceou para grande defesa de Marcos Felipe.

Já no final da primeira etapa, dessa vez em cruzamento do lado esquerdo, Manoel perdeu a disputa de cabeça para o atacante adversário. Após o desvio a bola sobrou para Boselli dentro da pequena área, que chegou a balançar as redes, mas viu seu gol ser mal anulado pelo auxiliar por impedimento.

Além disso, a melhor chance – e praticamente a única – do Cerro no segundo tempo também foi originada na bola aérea. Em cobrança de escanteio, Morales desviou de cabeça e a bola sobre para Espínola, sozinho, chutar por cima do gol.
Com a ausência de Nino, que está com a Seleção Olímpica, Luccas Claro e Manoel vêm trabalhando para que a falta do camisa 33 não pese no entrosamento defensivo tricolor.
Próximo jogo
O Fluminense volta a campo no próximo sábado (17), quando enfrenta o Grêmio pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro. Já o jogo de volta contra o Cerro Porteño será na terça-feira (20), no Maracanã.
Estatísticas: SofaScore
Foto: Lucas Merçon/FFC