Opinião: É difícil não se empolgar com Xerém
O ano de 2020 realmente não para de nos surpreender. O Fluminense está no G4 no Brasileirão, podendo fazer sua terceira melhor campanha em um primeiro turno nos últimos 15 anos, e também vem dado show na base. Não me recordo de uma fase tão boa nas Laranjeiras há um bom tempo, mas também sei que isso pode ir por água abaixo com três resultados negativos. No entanto, mais do que o bom desempenho nos profissionais, os responsáveis pela empolgação de quem vos escreve vêm de Xerém.
A cada ano que se inicia o filme é o mesmo: uma nova geração chega às divisões de base e encanta a torcida. Nove a cada 10 tricolores se empolgam com as novas joias vindas de Xerém, enquanto um tricolor prefere nem se iludir, já que a chance dessas promessas saírem precocemente – e por um valor baixo – é grande. E se pararmos para analisar o passado recente de vendas do Fluminense, é basicamente isso que acontece. Enquanto outros clubes brasileiros vendem seus jovens por até três dígitos de milhões, o Tricolor dificilmente consegue um bom negócio. Mas essa prática pode estar com seus dias contados.
Desde a saída da Unimed, no não tão distante ano de 2015, o Fluminense tem a grande necessidade de realizar ao menos uma grande venda por ano. De lá pra cá já vendemos jogadores como: Wendel, Gerson, Pedro, João Pedro, Evanilson, entre outros. Essas transferências são vistas como necessidade para fechar as contas e bancar o orçamento da temporada. Dívidas deixadas por gestões anteriores, processos movidos por ex-jogadores e a falta de um patrocinador master explicam bem isso. Mas o cenário hoje me parece um pouco mais otimista do que nos anos anteriores.
Pensamento no futuro é a chave do sucesso
O presidente Mário Bittencourt não é nem de longe uma unanimidade na torcida tricolor. Os maus resultados recentes, como as eliminações precoces na Sul-Americana e Copa do Brasil, ajudaram a manchar a imagem do mandatário. No entanto, em um ponto específico precisamos elogiá-lo: ele pensa no futuro do Fluminense. Seja no início do ano, quando o volante Allan deixou o clube para ir para o Atlético-MG, ou após a saída de Evanilson, Mário nunca fez loucuras para “salvar sua imagem”.
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Com esse pensamento de mirar em um Fluminense mais estabilizado no longo prazo, podemos começar a ver nossa base rendendo o que todos nós sabemos que ela pode render. Sem precisar começar o ano já pensando em uma venda, o valor das negociações tendem a aumentar. Afinal de contas, para tirar um “Moleque de Xerém” nesse caso seria necessária uma proposta muito maior do que estamos acostumados a receber ultimamente.
E essa estabilidade, caso ela se concretize, não poderia vir em melhor momento. No profissional, temos Marcos Paulo, Calegari, Luiz Henrique e Miguel – só para não estender demais. Enquanto isso, na base ainda temos outros grandes nomes como Metinho, Arthur, John Kennedy, Samuel, Pedro Rangel, Matheus Martins… a lista é longa!
E é por isso que a nossa maior necessidade hoje é, acima de qualquer resultado dentro dos campos, diminuir ao máximo nossas dívidas. É claro que bons resultados rendem mais dinheiro de premiações, e é justamente neste ponto que a gestão Mário vem deixando a desejar, mas não podemos voltar a cometer loucuras financeiras neste momento.
Com um Fluminense estabilizado financeiramente, e sem depender de vendas de jogadores para fechar o ano, fica muito difícil não se empolgar com Xerém!