Confira a coletiva de Mário Bittencourt – Sócio Torcedor, Patrocinador Master, Odair….
Depois da homenagem para o goleiro Castillo, o presidente Mário Bittencourt falou com a imprensa em uma longa coletiva. O mandatário foi questionado a respeito de patrocínio master, Fred, Jorge Jesus, Flu x Vasco, Flu x Figueirense, garantiu a permanência de Odair, e muito mais. Confira:
O coronavírus afeta o Fluminense. A venda de ingressos foi suspensa para Vasco X Flu. Como isso afeta o planejamento? Como o clube trata a questão, em relação a proteção de jogadores e funcionários?
Não atinge só o Flu, mas o mundo inteiro. Temos que ter equilíbrio no momento. Ontem falei com a CBF, perguntei se havia algum movimento em relação a adiamento ou jogos com portões fechados. Ele disse que até aquele momento não havia recomendação do Governo Federal ou Ministério da Saúde em cancelar eventos em estádios. Agora de manhã, a FERJ pediu a suspensão da vendas pro final de semana. Vamos aguardar para ver as diretrizes a serem tomadas. O que vai afetar, saberemos ao longo das decisões. Internamente, a gente conversou com Sindclubes, porque algumas medidas foram solicitadas por eles, inclusive em relação ao clube social. Há uma discussão técnica para saber se vamos manter os profissionais trabalhando ou vamos pro home office. Mas, a partir de segunda-feira, vamos implementar normas. E envolve a vida pessoal também. Acho que vamos sair bem dessa. Mas temos que cumprir as regras que forem determinadas, seja elas quais forem.
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Você pode abordar dois temas. O primeiro é sócio-torcedor. Como anda o lançamento dos novos planos? E o master?
Sobre o sócio-futebol, eu posso dizer que iríamos lançar o programa hoje. Vocês devem ter visto que a gente veio informando nas redes sociais. Ontem, ao final da tarde, os nossos profissionais me fizeram uma ponderação para suspender o lançamento hoje, porque não sabemos o que aconteceria em relação aos jogos. Eu poderia prejudicar torcedores, já que a principal importância do programa é a ida ao jogo. Não tínhamos informações sobre jogos ainda, mas foi uma recomendação da minha equipe de esperar. Imagina se eu tivesse aberto o novo programa e as pessoas não pudessem ir ao Maracanã. Olhamos o movimento mundial, entendemos que ia chegar no Brasil. Eu peço desculpas, não é nossa responsabilidade, está tudo pronto, toda equipe está montada. Mas infelizmente, acho que é de bom grado a gente se preocupar com essa questão maior. Com relação ao master, anunciamos um novo patrocínio hoje, no calção. Temos outros e seguindo conversando com outras empresas. De ontem para hoje recebemos uma outra proposta. E eu digo sempre, o master só vai chegar quando pagarem o que a gente acha que vale a camisa do Fluminense. O Santos também está passando por isso, e acredito que seja um valor justo para aquela propriedade. Se eu abaixar o valor do master, eu prejudico quem pagou o valor justo pelas costas, pelas mangas, pelo calção. Botar um valor baixo para dizer que tem um master? Eu não trabalho assim. A hora que tivermos, estaremos satisfeitos com o valor pago ao Fluminense. Vamos esgrimar até conseguir um valor digno.
Na última quarta-feira, o técnico Jorge Jesus disse que só o Flamengo deveria utilizar o Maracanã. Como você avalia as declarações?
Lamentáveis. Chegou no Brasil semana passada, talvez não tenha estudado a história do Fluminense, do Fla-Flu. Talvez não saiba da parceria. Costumo dizer que quando um time está ganhando, tudo que se fala o pessoal acho bonito. Eu lamento, não é a primeira vez que há desmerecimento com grandes clubes do futebol brasileiro. Os clubes não se formam sem os outros. O Fluminense não existe sem seus adversários. O que seria de nós sem o Flamengo, Vasco, Botafogo, Grêmio, Internacional? Já decidimos jogos importantes com Grêmio, Inter, Santos, Corinthians, Flamengo, Vasco, Botafogo, a história desse clube é recheada por grandes confrontos. Eu lamento, é um treinador estrangeiro. Virou modinha, se não é Brasileiro, ou se fala espanhol, é melhor do que tudo que está aqui. Seja treinador, profissional, jornalista. Mas, com todo respeito aos meus antepassados, Portugal continua capinando para jogar mais futebol que o Brasil até hoje. A gente precisa olhar mais para cá. Qual seria o motivo para só o Flamengo jogar no Maracanã? Todos podem. O Santos de Pelé foi campeão no Maracanã, em cima do Benfica. É um estádio que hoje tem uma parceria. Eu falo em relação ao profissional, o Flamengo tem sido um parceiro correto e leal. As pessoas passam, instituições ficam. Está passando do limite a questão do desrespeito com clubes do futebol brasileiro. A gente tem 5 Copas, com jogadores que jogavam aqui, e nos clubes pequenos também. Não é um treinador de fora do Brasil que vai dizer quem deve usar o Maracanã ou não.
Observando os números, vemos um aproveitamento de quase 70%, mas no Mata-mata ele cai para 53% +-. O aproveitamento geral é puxado pelos resultados no Carioca. O Flu vem tendo dificuldade no mata-mata, que são as mais importantes. Estão levando em conta isso na avaliação da comissão? A diretoria continua confiando?
Não existe hipótese do Odair sair, mesmo que caímos. Ou a gente vai parar com discursos e ter atitudes efetivas, ou vai continuar assim. A pergunta cabe para vários clubes do país. A gente tem que discutir calendário, clubes de faturamento menor (maioria) não podem fazer 9 dias de pré-temporada, estrear numa competição internacional no dia 4 de fevereiro. A gente começou a pensar em montagem do elenco no meio do Dezembro. Temos situação financeira complicada. A gente monta um elenco para treinar 7 dias integralmente. Estreamos sem nenhum atacante numa competição internacional. Eu não vou cortar a cabeça de um para dizer que está tudo errado. Não sao resultados que queríamos, mas aconteceram. Por uma série de questões. Fizemos um jogo muito ruim contra o Figueirense, e todos aqui sabem disso. Mas temos que comparar as folhas salariais, elencos do mesmo tamanho, condições de disputa. O regulamento de jogo único parece ser justo, porque teoricamente o clube grande é mais forte. Mas você vê o Atlético Mineiro eliminado pelo Afogados, Bahia eliminado na 1ª fase. Há um grande bolo de clubes com folhas parecidas. Esses clubes montam o time em janeiro e fevereiro, você vai continuar com time grande eliminado. A Copa do Brasil sempre trouxe essas surpresas, justamente por ser uma competição de mata-mata. É o jogo da vida do Moto Club. O Cruzeiro demitiu o treinador e retroagiu. Ceará mandou o Enderson embora, trouxe o Adílson, e trouxe o Enderson de volta. Perceberam que o futebol é aquilo. A escolha do Odair foi por sair da Série B com Inter e entregar o time na Libertadores. Ele precisa de um longo prazo para desenvolver o trabalho. O Roger está há 1 ano e meio no Bahia, caiu na 1ª fase e continua lá. A gente está reconstruindo o clube, pagamos muita coisa e já apresentamos dificuldades novamente. Não vamos rescindir com treinador para deixar a conta pra outro. Se forem 4 trocas, são 4 rescisões. Estamos pagando a rescisão ao Diniz, mas não conseguimos pagar inteira. E eu queria agradecer publicamente a eles, que tem carinho pelo clube e sabem do trabalho feito. A pergunta que você fez, faz pressão. Odair nunca esteve pressionado. Em qualquer empresa, você entrega uma meta pro trabalhador. A gente entrega metas, vamos trabalhando. Queremos ganhar todas competições, mas não iremos fazer isso. Isso acontece com qualquer equipe de futebol. Há uma pressão sobre profissionais, atletas, jogadores específicos. Eu acho injusto, só se avalia o momento, persegue-se o jogador. Estamos começando um ano, começando um trabalho. Tem que ser de médio a longo prazo. Não posso exigir que o treinador transforme o nosso time em uma máquina. Não há ilusão com as goleadas no Carioca. Antes do jogo falaram do aproveitamento que a gente tinha. Alguém ai acha que a gente ficou feliz? A dificuldade vai subindo conforme o tempo passa. Tem que perguntar isso em Agosto. Tem outra opção, que é estourar o caixa. Você vê que tem clube que troca o treinador, o diretor, gastou R$ 50 milhões e vai deixar pro próximo. A gente montou um time bom dentro de nossas condições, e que vamos brigar por coisas na temporada. Estou tentando equilibrar as coisas. E talvez não seja na minha gestão. Se eu sair daqui, estarei na arquibancada. Eu preciso recuperar a instituição. Eu insisto no sócio-futebol, no Maracanã. Não adianta falar que é o jogo do ano e ter 11 mil pessoas no Maracanã. Sentar e marretar os outros é mole. Eu vi um torcedor que falou que o sujeito que vai aos jogos e não é sócio, é desprovido de inteligência, porque ele paga muito mais. A torcida tem que se engajar e se associar. Se não tiver, vamos ter que vender jogadores para pagar as contas. Tem clube que pega empréstimo, falam de investidor. Mas não é investimento, é empréstimo. A gente manteve a folha, diminuímos cortesias de ingressos, por isso que precisamos do sócio-futebol. Quem chega com proposta, quer a base por 10 anos. Operacionalmente, o Fluminense gasta menos do que fatura. Mas tem 700 milhões de dívidas, é complicado. Eu brigo pelo Fair Play Financeiro. Tem gente que pega dinheiro emprestado e deixa conta pro próximo, vai ter desempenho melhor. O grande responsável pelo momento de nosso rival é o ex-presidente, o Bandeira. Ele cortou custos, arrumou a casa. E agora outro colhe os frutos. Eu coloquei na cabeça que vamos reconstruir o clube. Temos um treinador que cabe no nosso tamanho, que aceitou nosso projeto, que recebe menos do que recebia em seu clube anterior. Pode perguntar para qualquer funcionário do clube, eu sou o mesmo cara lá dentro e aqui na coletiva. Não vamos sair da nossa linha.
Flu vai com bons números contra o Vasco. Ao contrário deles…
Jogo muito importante, é um clássico fantástico. Encaramos como mais um grande jogo importante do ano. Se a gente vencer, vamos continuar em primeiro. Queremos ganhar a Taça Rio, ou fazer a final com o maior número de pontos. Viemos mal do jogo com Figueirense, mas vamos buscar a vitória, para dar moral para quinta. Ainda não sei o que vai acontecer na quinta. Pedir para o torcedor possa ir nos apoiar, desde o primeiro minuto. Depois que acabar o jogo, o torcedor tem todo direito de esculhambar. Mas até o juiz apitar… é um confronto de 180 minutos. Eu já vi a nossa torcida entupir um aeroporto depois de perder 5-1 numa final. Então po, não dá para largar agora….
O Fred. No momento não é jogador do Cruzeiro? Qual a postura?
Vamos lá. Eu já deixei claro que quero trazê-lo de volta. O que eu sempre disse que é que não faríamos nada que destruíria nosso planejamento financeiro e nada que nos colocasse em risco. Essa liminar pode ser derrubada, ainda que eu ache difícil, do ponto de vista técnico. Ele precisa sair de lá resolvido em relação ao vínculo, até por respeito ao Cruzeiro. Pelo que entendo, eles não tem menor interesse em sair sem uma composição que satisfaça todas as partes. Não queremos correr risco de derrubaram uma liminar e frustar nossos planos. Sabemos que ele quer voltar, e esperamos que resolva lá. Vai ter outra audiência, não sei quando. Pelo que tenho acompanhado, quem fez isso, saiu bem e discutiu o financeiro depois. Se acontecer, vamos trazê-lo no dia seguinte. Eu quero, a torcida quer, ele quer. Até em razão de inscrição, imagino que ele volta pro Campeonato Brasileiro. Valores, proposta, nada disso saiu ainda.
Mário, voltando ao tema coronavírus. Ministério da Saúde orientou que os jogos no Rio e em SP sejam fechados no fim de semana. Tendo em vista o que acontece no mundo, é normal que haja indefinição em relação a continuação dos clubes, que precisam de receita, dos jogos. Se forem paralisadas, qual impacto?
Impacto enorme. Não só nos clubes. Na sociedade. Só olhar a bolsa de valores. Um ano sem campeonato, certamente muitos jornalistas perderiam emprego. Eu acho que as entidades administradoras vão ter que se unir para subsidiar o prejuízo. A gente não pode nem mandar embora. Vamos ter que encontrar um caminho. É uma questão de ordem mundial. Se isso acontecer, eu acho que o futebol brasileiro corre sérios riscos. Tem muita receita de classificação, TV, bilheteria. Se não exibir o jogo, vai ter discussão. Melhor esperar não acontecer. Eu acho que não vai acontecer, pelo que entendi de médicos e pesquisadores, deve durar de 3 a 5 meses. Tomara que a gente consiga controlar, não só o futebol. Todo mundo é importante na sociedade.
Flu foi eliminado na Sul-Americana, tem a premiação da Copa do Brasil também. Caso haja eliminação, qual impacto financeiro que isso terá? Vender mais um jogador?
O orçamento é uma peça de ficção. Você projeta o que acha que vai receber e o que acha que vai gastar. Trabalhamos diferente de tudo que foi feito no passado. Por isso a demora, inclusive. No final de 2020 apresentaremos o orçamento muito mais cedo. Antes era feito se hiper-estimando receita, colocando lá para cima para dar superávit. Optamos por fazer algo mais real, um orçamento contingenciado. Balizamos as receitas e despesas pelo ano anterior. Só saberemos no final do resultado. Talvez aconteça de ter que vender alguém, mas podemos ir melhor no Brasileiro. Se ficarmos 5 ou 6 posições acima, superamos a premiação estimada para Copa do Brasil e Sul-Americana. A gente está chateado por ter sido, mas tem que ter cuidado com que se diz. “Fluminense perdeu 30 milhões”. Não perdeu. Deixou de ganhar. E ainda somos nós que custeamos as passagens. A Copa do Brasil premia muito bem, mas uma passagem de fase dessa agora dá 2,5 milhões. Por isso uma melhor classificação no Brasileiro compensa isso. Fizemos estimativas, também de gastos. Tem coisa que podemos gastar menos…
ST!