Vamos renascer (d)nas cinzas… Plantar de novo o arvoredo

Para quem é sambista não precisa explicar. Abro a coluna desta segunda mencionando um dos maiores sambas que Matinho da Vila fez em sua vasta carreira. Na ocasião, a Vila tinha terminado em último lugar, naquele carnaval de 1974 que, por uma imposição absurda, teve que mudar quase tudo às vésperas de entrar na avenida e mudar o desenvolvimento do enredo, passando a fazer uma exaltação à estrada Transamazônica, com um samba – tachado de subversivo – do próprio Martinho. Apesar de não ter caído de divisão (houve uma decisão que nenhuma escola seria rebaixada naquele ano), o astral, lá pelas bandas da Boulevard 28 de setembro, era o pior possível. E para elevar os ânimos, um dos gênios de nossa samba compôs essa letra.

Vamos renascer das cinzas
Plantar de novo o arvoredo
Bom calor nas mãos unidas
Na cabeça um grande enredo
Ala dos Compositores
Mandando o samba no terreiro
Cabrochas sambando
Cuica roncando
Viola e pandeiro
No meio da quadra
Pela madrugada
Um senhor partideiro
Sambar na Avenida de azul e branco
É o nosso papel
Mostrando pro povo
Que o berço do samba é em Vila Isabel
Tão bonita a nossa escola!
E é tão bom cantarolar
La, la, iá, iá, iá, iá, ra iá
La, ra, iá

Pois é. E o que tem isso tem a ver com o Flu? Tudo! Ou nada… Vocês escolhem.

Para Odair a quarta-feira de cinzas é dia de renascimento, dia de mostrar aos tricolores mais desconfiados que ele tem condições de levar o Fluminense para melhores lugares em 2020. Calhou de ser na quarta de cinzas. Calhou de ser um jogo de suma importância para o ano e para sua tranquilidade no Reino do Laranjal.

Muitos tricolores já querem sua cabeça. Outros, no entanto, preferem entender que o treinador está no início do trabalho, que nem chegou a dois meses ainda. Mas, o que parece ser unanimidade, é que todos pensam que o Fluminense tem mais time do que o futebol que vem jogando. As escolhas de Odair, atrelado aos maus resultados – o time ficou pelo caminho nas duas decisões até aqui – tem posto em xeque esse início de trabalho. E no Brasil, quando os resultados começam a não vir… as arquibancadas começam a cobrar.

E parece ser um jogo perfeito para reconquistar a confiança da torcida, muito embora seja cheio de armadilhas. Uma queda precoce, também na Copa do Brasil (“Pé de pato mangalô três veis!”) pode significar ou uma queda precoce do próprio treinador , ou um aumento significativo da pressão em cima dele. Agora, uma vitória, soberana e com bom futebol, pode representar o renascimento da confiança, Justamente nas Cinzas do Carnaval.

Que a quarta de cinzas seja, então, a mais tricolor possível!

ST e um excelente Carnaval!

Washington de Assis