Série ídolos: Nelson Rodrigues

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Hoje é dia do jornalista.

Do mesmo modo que homenageamos atletas vitoriosos da nossa história, nada mais justo do que homenagear, no dia de hoje, o jornalista que marcou e fez parte da nossa história. Que em outras encarnações já testemunhava a eternidade do nosso Fluminense. Explicaria muito Nelson Rodrigues ser uma alma elevada, algo grandioso, capaz de sobrevoar Álvaro Chaves e observar um time despertar os sentimentos mais profundos como a paixão, a raiva e a indignação.

Este último, por exemplo, necessário e complementar ao amor pelo clube de futebol, um requisito para autodenominar-se torcedor. Afinal, torcedor é um cidadão, que, a qualquer hora do dia ou da noite, está prestes a indignar-se e, ainda, que a experiência ensina que o sofrimento aumenta o amor. E quantos de nós já não saímos de um jogo, após uma derrota, com sensação de impotência, com o corpo tomado de raiva por não poder ajudar mais, e assim planejar o possível e o impossível pra isso? 

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Nelson Rodrigues nasceu, assim como o Tricolor, com a vocação da eternidade. Dentre mortos e vivos, quem quer que tenha lido uma de suas crônicas, entenderá o tamanho e a precisão de suas palavras. O corpo do homem era uma máquina catártica, na qual seus olhos e ouvidos mapeavam os acontecimentos e, em conexão direta com seu coração, desvendavam e desmistificavam esses fatos, reações e tudo o que tivesse por perto. Quando suas mãos finalizavam o processo, colocavam para fora tudo o que foi vivido: a felicidade do vitorioso e a desesperança do derrotado, da mais agitada tranquilidade à mais silenciosa angústia. Essa capacidade, meus amigos, de fazer com que suas palavras fossem sentidas décadas depois por uma “correligionária clubística” oitenta anos mais nova, é que o coloca no hall dos ídolos. 

Conhecedor da alma tricolor, nosso Profeta colocou em palavras o que Oscar Cox imaginou com os pés. Nascido em Pernambuco, mudou-se para o Rio de Janeiro com sua família ainda novo. Aqui, descobriu o futebol e tornou-se jornalista, cronista e dramaturgo.

Aos 68 anos, já muito doente, estava proibido de acompanhar os jogos do Fluminense, mas numa teimosia suicida, o fazia. Em 1980, em um clássico decisivo contra o Vasco, escreveu sua última crônica, na qual contava o título carioca recém conquistado. 

Tudo começou há seis mil anos atrás. Vocês compreenderam? Podia ser o Flamengo, o Botafogo, o Vasco ou outro, mas estava escrito que a arrancada era tricolor.

ST


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