Sem justiça não há grandeza –
Estamos vivendo uma semana de debates sobre qual clube é grande e qual deixou de ser. Isso tudo provocado pelo jornalista Rodrigo Capelo, que participou de um programa no SporTv “Acabou a brincadeira”, do também jornalista Carlos Cereto. Pois bem. Não estamos aqui para desrespeitar a opinião de um colega, afinal todos temos direito à uma opinião e se queremos que a nossa seja respeitada, respeitemos as opiniões alheias, por mais absurdas que sejam e por mais que discordemos dela.
Capelo usou de uma régua para medir as grandezas dos clubes que discordo totalmente. Mas, por amor ao debate, vamos encarar essa régua no âmbito estadual. Ele coloca o Flamengo como sendo o único clube grande do Estado do Rio de Janeiro. E o faz pelo poderio do clube de regatas em investir, pela distância financeira que o separa dos co-irmãos cariocas. Pois bem, nessa toada, nessa linha de raciocínio, ele tem razão. Flamengo está a frente dos demais. Mas e os motivos disso? Será que foi a gestão miraculosa de Eduardo Bandeira? Será que é porque o Flamengo é diferente? Não. Não é.
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O Flamengo vem se destacando nesse cenário pela diferença das Cotas de TV, que são simplesmente abismais. E nessa tabela, exposta na matéria do próprio Capelo (em matéria no GE) se percebe que, por mais que ele receba sempre mais do que os outros, esses outros com receitas mais “normais”, ainda conseguem se manter próximo do rival por mais que esse quadro já venha de anos e mais anos. Isso só prova que os clubes são GIGANTES em se reinventar ao longo desses anos. E batalharam por títulos sim. Quer saber o porque dessa diferença?
Percebam a alteração no gráfico acima, explicado abaixo:
2012-2015
G1 – R$ 110 milhões/ano (Flamengo e Corinthians)
G1 – R$ 80 milhões/ano (São Paulo)
G3 – R$ 70 milhões/ano (Palmeiras e Vasco)
G4 – R$ 60 milhões/ano (Santos)
G5 – R$ 45 milhões/ano (Cruzeiro, Atlético-MG, Grêmio, Inter, Flu e Botafogo)
G7 – R$ 27 milhões/ano (Sport, Bahia, Vitória, Atlético-PR, Coritiba e Goiás)
G8 – R$ 18 milhões/ano (demais clubes)
Série B – R$ 3 milhões (demais clubes)
Séries C e D – sem cota (demais clubes)
Maior diferença entre cotas da elite (G1 x G8): R$ 92 milhões (6,1 x mais)
2016-2018
G1 – R$ 170 milhões/ano (Flamengo e Corinthians)
G1 – R$ 110 milhões/ano (São Paulo)
G3 – R$ 100 milhões/ano (Palmeiras e Vasco)
G4 – R$ 80 milhões/ano (Santos)
G5 – R$ 60 milhões/ano (Cruzeiro, Atlético-MG, Grêmio, Inter, Flu e Botafogo)
G7 – R$ 35 milhões/ano (Sport, Bahia, Vitória, Atlético-PR, Coritiba e Goiás)
G8 – R$ 23 milhões/ano (demais clubes)
Série B – R$ 5 milhões (demais clubes)
Séries C e D – sem cota (demais clubes)
Perceba no gráfico acima que, curiosamente, em 2016 o Flamengo dá um salto e dispara na frente dos outros. Seria coincidência que, nesse mesmo ano, eles começaram a receber R$ 170 milhões de reais da Globo?
A realidade, e ai o grupo Globo JAMAIS irá admitir, está na predileção ao time da Gávea em TUDO. Se quiser pautar pela audiência, maravilha. Assim o façamos. Mas, ainda assim, por si só a audiência é razão para tamanho disparate? Vejamos:
Média de audiências dos grandes do RJ no 1º turno do Brasileirão 2018
Flamengo (5 jogos – 4 domingos e 1 em quarta-feira) – Média: 27 pontos
CEA X FLA – 23 pontos
CHAP X FLA – 25 pontos
FLA X COR – 31 pontos
SAN X FLA – 33 pontos
FLA X CRU – 23 pontos
Vasco (5 jogos – 3 domingos e dois às quartas) – Média: 22,2 pontos
BAH X VAS – 21 pontos
CRU X VAS – 26 pontos
INT X VAS – 21 pontos
VAS X GRE – 20 pontos
SPFC X VAS – 23 pontos
Fluminense (4 jogos – 3 domingos e 1 em quarta) – Média: 21,75 pontos
COR X FLU – 23 pontos
FLU X CRU – 21 pontos
GRE X FLU – 23 pontos
CAM X FLU – 20 pontos
Botafogo (5 jogos – 4 domingos e 1 em quarta) – Média: 18,4 pontos
CRU X BOT – 21 pontos
AME X BOT – 19 pontos
COR X BOT – 20 pontos
INT X BOT – 15 pontos
BOT X CAM – 17 pontos
Ora, a Globo quer nos convencer que 5 pontos de audiência de diferença, em média, represente R$ 120 milhões a mais para o time do lado de lá? Cada ponto a mais vale R$ 24 milhões? Venhamos e convenhamos. Nada mais absurdo. E, voltando a falar da gestão Bandeira por lá, com esse dinheiro fica muito mais fácil. E com o apoio da mídia então…
O modelo mais justo seria o da Premier League. E sabe porque não querem fazer isso aqui? Pois é, porque dessa forma os clubes ficariam mais equiparados, teríamos um campeonato mais justo, mais equilibrado financeiramente. Se a audiência de um clube é maior do que a de outro, que isso seja tratado de maneira justa, e não da forma que temos por aí. Ou melhor por aqui. E que esse clube tenha a competência de fazer contratos de patrocínios melhores dos que os demais. Mas, novamente, esse disparate que a GLOBO faz, com total proteção e predileção ao clube vermelho e preto… fica muito difícil para os outros de acompanharem…
Nessa régua usada pelo Capelo, deveria levar em consideração a injustiça que os demais clubes do Rio sofrem quando o assunto é cota de TV. Falar que o cara é milionário é mole, falar da origem dessa grana ai já são outras, né? Quero ver tirar essa onda duro…
Só para lembrar: os dois últimos campeonatos brasileiros conquistados por cariocas estão nas Laranjeiras.
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