Segunda vitória na “Era Roger”, treinador busca seu melhor time: “A tendência é ter cada vez menos a necessidade de intervenção na beira do campo”

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Mais uma vitória, mais uma por 1 x 0 e Roger Machado segue 100% no comando do Fluminense. E mesmo com os números mostrando um aproveitamento impecável, ainda se somarmos o fato do Flu não ter sofrido gols, o comandante tricolor ainda precisa achar seu melhor time. Claro que, para fazermos uma análise mais assertiva, precisamos esperar pelo retorno do time principal – que ainda não deve estrear no próximo jogo – e segue treinando no CT. Mas pelo grupo que ele tem em mãos hoje, à disposição para o carioca, alguns pontos são evidentes.

Mais uma vez o treinador buscou uma escalação sem um centroavante característico, deixando Ganso ali na frente, atuando como um “falso 9”. A ideia, segundo entrevista concedida após o jogo, seria desenhar um tripé, com Ganso “flutuando à frente, tendo jogadores rápidos pelas beiradas para que ele pudesse municiar”. Wellington ficou mais preso à marcação, como um primeiro volante, enquanto Yuri e Michel procuravam mais as jogadas, buscando as ultrapassagens. Ganso flutuava exatamente na linha à frente dos meias e um passo atrás dos atacantes. Caio Paulista pela direita, Gabriel Teixeira pela canhota.

O grande problema foi: as ações do time até aconteciam, com as triangulações, mas na hora do cruzamento para a área, faltava alguém por lá, para tentar o arremate. Ganso ajudava nas construções, mas não chegava para a conclusão. Quando o fez, no início do segundo tempo, conseguiu concluir bem a jogada iniciada pelo Caio Paulista, que achou Julião na direita. O lateral cruzou nos pés do camisa 10, que não perdoou e fez o gol do jogo.

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E após uma pressão no início da segunda etapa, o Flu diminuiu o ritmo. Curiosamente, após as saídas de Ganso e Yuri – que apareceu mais vezes no ataque do que a torcida está acostumada – o time perdeu o ritmo e começou a ceder espaços. Matheus Martins, Kayky e Samuel Granada terminaram o jogo mas, dessa vez, pouco acrescentaram – muito pela falta de entrosamento.

No fim, o Bangu chegou a fazer um gol, anulado por impedimento – reclamações até nas redes sociais do time de Moça Bonita(não há VAR nesta fase da competição), e só não empatou  porque Marcos Felipe, num lance de muita coragem e talento, se atirou nos pés do atacante e aliviou o perigo. No fim, melhor para o Flu que chegou aos seis pontos e briga pela classificação às semifinais – momentaneamente está em quarto, mas ainda precisa aguardar pelos jogos entre Vasco x Botafogo e Portuguesa x Madureira.

Roger está conhecendo seu elenco e é bastante natural que faça alguns experimentos que a torcida não esteja acostumada. E não há cenário melhor para isso do que nosso estadual. Que ele vá acertando o time, treinando o elenco principal, dentro das características, e construindo um time competitivo. Ele comentou sobre isso, após o jogo na coletiva:

– Com relação a estrutura tática, eu estou adaptando às características dos jogadores que tive à disposição nesses dois jogos. Agora, com relação à forma de jogo, hoje eu já consegui ver algumas demandas importantes, de dinâmicas de aproximação, de deslocamento, de ataques à profundidade, um time bem distribuído em campo principalmente no primeiro e em boa parte do segundo tempo. Mas com relação à estrutura tática, adapto às característica dos jogadores que tenho à disposição. Mas é um sistema que eu gosto de jogar também. Já joguei de todas as formas e quero ter alternativas para sobrepor as dificuldades que forem apresentadas nas partidas de acordo com as características e qualidades de adversário.

Orientações aos atletas
– A primeira coisa que eu pedi desculpa aos atletas no intervalo é que com o estádio vazio se ouve tudo. E eu vou usar minha voz de liderança e comando na beira do campo quando as coisas não acontecerem. A tendência é que à medida que os treinamentos vão acontecendo e os conceitos são assimilados, existe cada vez menos a necessidade de intervenção na beira do campo. E fica claro ali, eu sei que vocês acabam absorvendo isso dentro dos questionamentos. Especificamente nesses eventos é que, por vezes temos atrasado a bola para o nosso goleiro e os times estão usando essa bola atrasada como gatilho para nos pressionar. Temos que ser inteligentes. Devemos usar o goleiro quando ele for extremamente importante e que ele não seja pressionado, que ele possa dar continuidade na jogada. Agora, se a bola for atrasada para o goleiro para que ele lance a bola nas costas da defesa, eu prefiro que o zagueiro faça isso. Porque ele está mais perto do campo e adversário e ele tem uma precisão maior com a bola, uma destreza maior que qualquer goleiro do futebol brasileiro. Esse é o primeiro ponto. O segundo ponto é que a gente precisa, depois de criar, finalizar as jogadas, acabar a jogada. Que ela acabe, mesmo que em um tiro de meta do adversário. Muitas vezes você cria a jogada, fica de frente para o gol e aí deseja um passe ainda mais milimétrico para colocar o colega na cara do gol. Finaliza, deixa o goleiro dar rebote, e no rebote temos a possibilidade de fazer o gol. Foram muitas jogadas assim, que conseguimos envolver o adversário e não terminamos a jogada como gostaríamos. Não conseguimos fazer as finalizações. Como disse para os atletas, não encare como nada pessoal. A voz de comando do treinador, quando as coisas não acontecem muito bem, é necessária a intervenção ali do banco. Como não tem torcida, fica muito evidente.

O Flu volta a campo na próxima terça, em Bacaxá, quando enfrenta o Boavista, às 18h. Provavelmente, ainda com o time alternativo.

ST


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