Que os fins justifiquem os meios… – Washington de Assis

Quem assistiu ao jogo de ontem pode, facilmente, chegar à conclusão que está tudo errado. De cabeça quente, então, só considerando que o jogo era contra a Portuguesa, rival que não ganhava há décadas e, sobretudo, pela forma que foi… sem dúvidas é um baita convite para se concluir que nada funciona direito no Reino do Laranjal. Apesar de compreender, e até no fundo do meu íntimo dar certa razão aos tricolores mais exaltados, prefiro, ainda, buscar ver como um todo.

O jogo de ontem, por exemplo. O time começou confuso mesmo, com dificuldades em se achar nas jogadas de ataque. Muito mais pela tomada de decisão errada, ou sem optar pela melhor jogada, do que pela falta de vontade. A molecada, principalmente John Kennedy e Samuel Granada (dois que considero grandes promessas de craques), ainda parecem precisar entender que aquele drible que funcionava na base, agora não funciona mais; aquele paredão com o corpo, para se fazer o pivô, hoje é facilmente transponível, da forma que estão tentando fazer; aquela ginga, aquela malandragem, precisam ser afinadas e adequadas à realidade do futebol profissional. Nada que mais bagagem no time de cima não venha trazer. Mas só reforça que esses meninos precisam de mais tempo, razão pela qual a diretoria precisa reforçar esse ataque.

No meio, Gabriel Teixeira correu muito, mas correu errado. Não por culpa dele, ou porque ele não sabe jogar – ao contrário, o moleque é muita bola. Mas porque o time esteve confuso, e as energias eram gastas para “correr atrás” e não “correr na frente”. No meio, desculpa Caio. Seu tempo de Flu já rolou. Não falo pela sua dedicação ou comprometimento, mas se você não consegue se destacar entre a molecada, e sem espaço nos profissionais, talvez o melhor para todos seja você seguir seu caminho. André – que sabe muito de meio de campo – não pode se comportar como um segundo volante. Ele rende muito mais como primeiro, pela sua qualidade de marcação e de saída de bola. Mas na articulação, bem, digamos que não é o seu forte e nem deveria ser sua função – a menos que apareça como elemento surpresa, o que são outros 500. Ontem, a articulação do meio se concentrava nele.

Nas alas… Daniel Lima é um touro de força. Precisa agora dominar melhor essa força e aplicar no momento certo. Tem que ter mais calma, mas sem perder o ímpeto na marcação – e evitar os botes “secos” – e trazer profundidade no ataque. Ainda acredito nele. Do outro lado, Raí precisa melhorar muito para justificar sua chegada e, agora, permanência. Pouco inspirado, um quê de desmotivado, e sem o poder de marcação que se espera, o lateral levanta mais questionamentos do que bolas na área. E, ainda por cima, com Jefte, Marcos Pedro e Guilherme no elenco… ou vai ou racha.

Nascimento é outro que precisa justificar sua renovação. Errou tudo o que tentou, quando entra não consegue nenhum destaque, tem se mostrado fraco na marcação e na articulação é nulo. Outro que veio muito mal, desde o momento que entrou – e em todos os jogos. Rafael Ribeiro. Bom, sua contratação gerou uma desconfiança desde seu anúncio. Mas agora é justificada. Não acertou nada, cedeu espaços e foi substituído pelo Caio Vinicius, que jogou improvisado na zaga, quando Nascimento entrou no jogo. Isso fala por si só. Tá certo, jogo de estreia, pode estar nervoso. Mas ou ele precisa mostrar serviço! Já seu companheiro de zaga, ao meu sentir, tem mais potencial. Higor não fez uma grande partida, mas mostrou boa chegada nas bolas e calma nos momentos de ataque do rival. Vai crescer muito ainda!

Ai vocês veem a necessidade da chegada de mais um zagueiro. Luan, Higor e Frazan são as principais alternativas para substituir Nino, Luccas Claro e Ferraz. Basta um suspenso e o outro lesionado, que Roger terá de buscar um deles para suprir a ausência. Inspiram confiança neste momento? Pois é. Luan e Higor ainda acho que vão crescer muito… mas tenho minhas dúvidas se poderiam entrar e fazer uma grande Libertadores.

Metinho e Matheus Martins parecem que entraram no decorrer de uma partida de sub-17. Como esses dois tem personalidade. Excelente estreia, num péssimo resultado e num jogo coletivo fraquíssimo. E Alexandre de Jesus correu, buscou abrir espaços, mas pecou naquilo que se inicia o texto. Pecou nas opções de jogadas, tentou alguns dribles que não deram certo mas esse também acredito que possa ser útil ao Flu e que tem muito para desenvolver ainda.

E que seja assim.

Que esse inicio de temporada seja para essa galera ganhar mais bagagem, mais minutagem entre os profissionais. O Carioca tem que ser essa grande peneira mesmo, para se entender quem já pode complementar os profissionais e quem ainda deve ficar mais tempo na base e, mais, aqueles que não devem mais continuar no Flu. Assim esperamos todos.

É dolorido, eu sei. Mas…

Que os fins justifiquem os meios!

ST

Washington de Assis