Paulo Angioni participa de podcast e diversos temas vem à tona

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O diretor executivo de futebol do Fluminense, Paulo Angioni, participou ontem (quinta-feira) de um podcast no site do GE. Muitos assuntos foram abordados, como a permanência de alguns jogadores, integração entre base e profissional e um balanço da temporada até aqui. Confira!

Balanço do primeiro semestre e do trabalho do Odair, levando em conta as eliminações na sul-americana, o vice campeonato carioca, a situação na Copa do Brasil e o atual cenário pandêmico.

– Primeiramente dizer que a interrupção realmente trouxe alguns complicadores, mas isso não nos dá o direito de analisar o cenário antes da pandemia. O resultado de antes da pandemia é bom. Não é totalmente satisfatório em razão da saída precoce da sul-americana, que é um torneio que o Fluminense busca conquistar há alguns anos, e esse ano a gente saiu precocemente. Isso traz um prejuízo pro trabalho, não tenha dúvida. A situação do time na Copa do Brasil é boa. Passou das duas primeiras fases. Na terceira fase obteve um resultado adverso contra o Figueirense, mas isso não invalida a nossa projeção. Temos toda a condição de reverter esse resultado e seguirmos na competição. Com relação ao campeonato estadual, o resultado foi bom. Tivemos um bom aproveitamento dentro da competição. Obviamente seria melhor se nós tivéssemos conquistado o título, mas deu um sabor satisfatório os jogos contra o flamengo, pois o Fluminense conseguiu, através da exuberância dentro do campo, desmistificar o que tinha sido criado em função dos resultados obtidos pelo Flamengo. O Fluminense fez um jogo excepcional. Isso nos dá um credenciamento para o futuro. Então, o meu parecer em relação a sua pergunta, é o que o nosso primeiro momento na temporada só não foi muito bom porque saímos precocemente da sul-americana e isso interferiu no nosso início de temporada. Sobre o Odair, ele é um treinador moderno, que já jogou com um sistema em um determinado momento e hoje joga de forma diferente, mas é uma pessoa que tem variedades de condutas técnicas e organização de equipe. Ele trabalha com muitas variedades, não se fixa em um modelo de jogo, tanto que começou com a equipe jogando de uma forma e hoje joga de outra, o que não significa que isso vai se perpetuar. De repente ele tem uma boa qualidade de mudanças porque ele faz essas mudanças nos treinamentos do cotidiano dele, jogando com vários formatos de equipe. É uma questão de tempo. Estamos bastante satisfeitos com o trabalho que ele vem desenvolvendo. Ele é desses treinadores da safra jovem. Pra nós tem uma vantagem excepcional porque ele é um profissional que foi formado na base, então ele dá muito valor aos jogadores jovens. Durante a temporada, vamos ver naturalmente jogadores da base sendo aproveitados.

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Contratações feitas no início da temporada, possíveis contratações e como enxerga o elenco do Fluminense

– O Fluminense teve muita dificuldade financeira em 2018 e isso acarretou alguns problemas, por isso a performance não foi boa. Em 2019, tivemos uma mudança de governança. Num primeiro momento, essas dificuldades permaneceram, mas no momento em que entrou a administração do atual presidente, Mário Bittencourt, ele começou a criar alternativas de melhorar essa relação de credibilidade com os atletas. Nós tivemos um segundo semestre muito melhor do que foi o primeiro em 2019 e o segundo em 2018. Isso trouxe um pouco mais de conforto e credibilidade. Ele conseguiu sanear algumas pendências de salários atrasados e a gente navegou de forma bem mais tranquila do que no ano anterior. Esse ano, a tenacidade da direção aumentou bastante. Houve a pandemia, que causou alguns problemas, mas também tivemos coisas bem incríveis, de compreensão de um grupo sobre a questão dos salários. Sem grandes discussões, apenas informações e aceitação imediata dos jogadores. Isso é muito positivo. Mesmo nesse processo que estamos vivendo, estamos praticamente em dia. Isso nos dá uma paz muito grande. Conseguimos ter um grupo extremamente homogêneo, compreensivo, agradável de se trabalhar e do outro lado temos uma diretoria que sempre busca soluções e as entrega. Isso dá conforto para se trabalhar. Hoje o Fluminense tem um grupo bem adulto eu entende que o time tem a capacidade de brigar na parte de cima da tabela. Com relação as contratações, esse ano fizemos onze até agora. Dessas contratações, alguns jogadores são jovens que passam por aprimoramento. Você vê alguns deles chegando próximo do ideal, como o Michel Araújo. O Pacheco tem características diferentes, mas também é um jovem que tem um futuro no Fluminense. Você já enxerga resultados, mas o Pacheco infelizmente passou por uma lesão, o que atrapalhou um pouco mais a progressão dele, mas também é um atleta que já está adaptado ao Fluminense, assim como o Michel, e vai começar a render em um curto espaço de tempo. Trouxemos um outro goleiro, o João Lopes, já que tínhamos apenas o Muriel e o Marcos Felipe. Já nesse jogo do sub-23, já mostrou que tem capacidade de ser um grande goleiro, podendo nos ajudar na equipe principal quando precisarmos. Recuperamos o Wellington Silva, trouxemos o Hudson e o Egídio, pra dar sustentação de maturidade e conhecimento de jogo, pela experiência que tem, já que o brasileirão é um campeonato extremamente difícil e longo. O Henrique veio nessa mesma linha, mas infelizmente teve que sair do clube devido a um problema familiar. Contratamos o Yago, que já está adequado ao elenco; O Caio Paulista, que foi formado aqui no clube e o Felipe Cardoso, que não conseguiu dar o resultado que esperávamos, mas faz parte. Não vou falar do Fred, porque ele está em outro patamar. Não é uma contratação, e sim o retorno de um ídolo, onde ele está entre os maiores jogadores do clube.

Extensão do campeonato brasileiro e situação contratual de alguns jogadores

– Isso é um fato novo. O calendário dessa temporada termina em fevereiro. Muitos dos jogadores que terminam o contrato em dezembro chegaram recentemente, e outros já estavam. Dos que já estavam, já iniciamos contato com o Dodi e o Matheus Ferraz. O Wellington Silva é um jogador com o qual já resolvemos a situação. O Hudson certamente terá o contrato prorrogado até fevereiro do ano que vem, podendo também ficar até dezembro de 2021. Vamos estender também o contrato do Caio Paulista por mais dois meses e observar a evolução do jogador, pra decidir se vamos alongar novamente o contrato. Vamos conversar com o Nenê, ver quais são as pretensões dele, e se for o caso, que ele permaneça no Fluminense.

Diferenças dos elencos de 2019 e 2020

– Existem dois viés nessa questão. No ano passado tivemos muitas dificuldades financeiras e fomos pro mercado buscando equilíbrio para que a gente pudesse honrar os compromissos que tínhamos. Esse ano, entendemos que tínhamos que buscar jogadores mais experientes. A mudança pra esse ano foi que a gente começou a entender foi que começamos a aproximar a base do profissional, coisa que a gestão anterior não fazia. Todos os jogadores que estão nessa categoria de aspirantes tem contrato em vigência com o Fluminense, e com essa junção, nós estamos trabalhando com muita gente da base nos profissionais. Pontuamos alguns jogadores mais velhos pra darem sustentação a esse grupo, ajudando os jovens a crescerem. Os torcedores já conseguiram se familiarizar um pouco com alguns desses jogadores que disputaram o amistoso do sub-23 com o Botafogo, por exemplo. Dos jogadores no elenco profissional, 17 jogadores são oriundos da base. Se esse jogadores tiverem um aproveitamento bom, isso barateia o custo do futebol e você compete de igual para igual com aqueles que gastam muito dinheiro. Isso ajuda o futebol nacional.

Integração entre base e profissional

“Então você, hoje, tem aqui no grupo, uma quantidade de jogadores grande. E isso fez com que a gente trabalhasse com uma ligação muito estreita com a base. Toda a fisioterapia, que aqui no profissional é comandada pelo Nilton Petroni, mais conhecido como Filé, é integrada à base. O trabalho que é feito aqui, é feito lá. Na fisiologia há um integração total daqui com a base, que antes não tinha. A parte física, a mesma coisa, e a parte técnica, a mesma coisa. Há uma integração. Inclusive na parte do scouter. O scouter que trabalha hoje no profissional tem viés lá na base. Então tudo isso está muito integrado. Hoje porque a gente está construindo e está finalizando agora um processo mais tecnológico de fazer uma ligação mais direta com a base através de plataformas. A gente já está produzindo. Isso está ajudando bastante para que a gente prospere nesse processo do aspirante. O aspirante é uma necessidade do futebol brasileiro. O futebol brasileiro está importando muitos jogadores porque não acreditam nos nossos jogadores de 22 a 29 anos. Às vezes o atleta chega com muita responsabilidade, não consegue dar o retorno e rapidamente isso já é taxado ou carimbado como um jogador que foi contratado errado ou que não deu certo. Então, é melhor a gente fazer o que a gente continuar fazendo e desta forma porque a gente está prosperando. Todos os jogadores que estão no grupo dos Aspirantes são jogadores do Fluminense. A gente tem só um jogador, que já teve uma experiência na Europa, e não vai ter outro”

Custo do jogadores Sub-23

“São jogadores do Fluminense com contrato em vigor. Então não tem custo. Este custo já está intrinsicamente ligada ao orçamento, a despesa mensal. Não tem nenhum valor agregado. O que a gente pode fazer eventualmente, que nós fizemos em três casos que estavam próximos (de encerrar o contrato) e a gente vê valor nesses jogadores, a gente alonga um pouco o prazo, mas sem aumentar custo. Foi o caso do Paulo Victor, do Nascimento e, mais recentemente, o Samuel. E fora isso, para ratificar e tirar essas dúvidas que percorrem e que geram críticas, até um pouco ácidas, a comissão técnica também é toda do Fluminense. Nós só fizemos trabalhar em tempo integral. É o caso do Marcão, é o caso do Ailton, é o caso do treinador de goleiro, é o caso do fisiologista. Eles passaram a servir a equipe profissional e passaram a trabalhar direto com os aspirantes. A comissão técnica toda chega aqui às 08 e sai às 17h, inclusive almoçando aqui no clube”

Muitos jogadores no Sub-23

“Você tem uma avaliação constantes desses jogadores. Por acaso, temos jogadores que terminam o contrato em Dezembro e obviamente não ficarão porque nós entendemos que não vale a pena estender o contrato. Porque os jogadores não performaram o suficiente. Nós temos cinco jogadores com contrato em Dezembro e o parecer não tem sido favorável. Então, não tem custo a mais por isso. Se for mensurar os custos, vai ver a roupa que ele usa, a água que ele gasta. Mas não tem gasto maior com o salário. E você tem a facilidade de aferir aquilo que não é possível na base porque lamentavelmente você não pode montar um ti,r com 10 jogadores saídos da base. O processo não te permite. E a medida que os jogadores vão encerrando os contratos, a gente vai subindo outros. Porque qualquer rescisão que se faça antecipada, você tem que pagar todo salário. Então, por que não dar a chance? Têm alguns jogadores aqui que a gente sabe que não vai continuar, mas destes 30 jogadores, 17 deles já estão treinando com o time profissional e não com o Sub-23. Dos que enfrentaram em campo contra o Botafogo, apenas quatro não estavam treinando junto com o profissional”

Pablo Dyego

“O Pablo Dyego é um jogador formado no clube. Eu estou aqui desde 2018 e já vive duas vezes o processo de renovação dele. É um jogador com uma força exuberante e na época estávamos com poucos jogadores de lado de campo. Haja vista que trouxemos de volta o Welington Silva. Trouxemos, por exemplo, o Caio Paulista. Mas ocorre que, com o transcorrer do tempo, o treinador foi avaliando que ele não ia poder entregar tudo aquilo que se esperava dele. Tanto que se você for olhar no início da temporada, ele teve algumas oportunidade, não muitas, mas teve algumas. E não conseguiu atingir o objetivo do treinador, por isso que a gente está abrindo mão do treinador. O Matheus Alessandro é outro que não performou, como é o caso do Felippe Cardoso, que a gente já conversou sobre essa realidade”

Marlon

“Na oportunidade que ele foi emprestado, também era contestado. Eu acho um jogador de qualidade. Está retornando e vai ser incorporado ao grupo. Ele (Marlon) volta na segunda-feira e será incorporado ao grupo. Ele só não voltou antes porque o Campeonato Português teve que estender por mais um mês o calendário e a gente, até por uma questão de gentileza, estendeu por mais um mês o contrato, se não ele já estaria aqui. Não tem planos dele sair. Acredito que ele amadureceu e vai estar dentro do grupo. Se houver necessidade, vai estar à disposição do Odair.”

Egídio e Orinho

“O Egídio é um jogador que pode não estar no melhor momento, mas é nosso jogador e a gente tem que respeitar por tudo aquilo que ele fez e tenho certeza que fará. Então é uma solicitação de paciência que eu faço, com um jogador de grandeza, um jogador que têm serviços prestados do mais alto nível. E com relação ao Orinho, ele passa por um processo de mercado parecida com aqueles jogadores de 22 anos que eu falei. Uma situação onde a falta de uma grande performance dele, gera toda uma contestação. Então estamos tentando equacionar isso”

Robinho

“Um jogador que apareceu muito bem no mercado, no Figueirense. Veio contratado. Não foi uma contratação barata, foi uma contratação cara. Quando o jogador é uma contratação cara, geralmente é caro também no salário. E pela resposta que foi dada, ficou mais cara ainda. Então, para todos os clubes que ele foi emprestado, o Fluminense sempre arcou com parte dos salário. Hoje a gente tem essa proposta de um clube de Bangladesh. Ele está emprestado ao Agua Santa, o contrato teve que ser estendido lá também (por causa da pandemia). Mas, com ele voltando, vai para o clube de Bangladesh e, pela primeira vez, o clube vai pagar o salário integral dele. Nesse período, se ele se der bem lá, o Fluminense vai se ressarcir do valor pago pelo jogador. Até porque isso seria bom para o Fluminense e para o atleta dar continuidade na sua carreira. E, caso não der certo, o Fluminense vai abrir mão dos direitos econômicos. A gente vai abrir mão de 20% dos direitos econômicos, vai continuar com 30%, não vai pagar os salários dele e vai devolver ao clube de origem que é o Atibaia”

Daniel ‘Bolt’

“O Daniel é um jogador que chegou ao Fluminense em 2018. É um jogador que tem bastante qualidade. Mas o contrato dele termina no final do ano e a gente tentou estender. Eu procurei o representante do jogador. A primeira proposta deles não era renovar, nem quer renovar. A proposta é tirar o jogador agora, e isso não tem hipótese, deixando 20% (dos direitos econômicos), quando o Fluminense tem 70% porque (os outros) 30% são do Santa Cruz de Campo Grande. Qualquer ação que o Fluminense tem que fazer, tem que contemplar o clube que tem 30%. E o que aconteceu? A gente entendeu que ficar com 20% não era correto porque poderia incorrer em um processo jurídico do clube de formação dele. E isso foi perdurando. O Fluminense não tinha interesse em manter um jogador que o agente, o parceiro, não quer que ele continue aqui. Mas a gente vai continuar tentando renovar o contrato dele. E, em último caso, a gente vê o que é melhor para o Fluminense”.

Marcos Paulo

“Sou obrigado a pensar em tudo no lado comercial e no lado da manutenção e da produtividade ao jogador. A gente já está iniciando as duas coisas. Olhando sempre uma melhora de performance para ele e a renovação de contrato. A venda é uma consequência. Se chegar alguém com um valor e for o melhor para o Fluminense, nós vamos aceitar. Mas a ideia hoje é construir um novo contrato”

Equívocos como o de Evanilson e Daniel

“O Evanilson houve uma demora e a gente perde parte dos direito econômicos do jogador. Mas conseguimos deixar ele aqui. Nós hoje estamos trazendo os meninos do Sub-15 para vivenciar aqui no profissional, para que a gente não cometa nenhum equivoco que se cometia antes por causa do distanciamento da base. Como é o caso do Daniel, porque tínhamos muitos laterais e não tínhamos visto que o Daniel podia jogar no profissional do Fluminense. Como é o caso também do Evanilson. Esses equívocos não vão ser mais cometidos porque além dos relatórios (de assistência social, psicologia, fisiologia, treinador da categoria, diretor da base), vamos ter o aferimento dele aqui”

Luiz Henrique

“Nessa geração que tinha o Marcos Paulo e João Pedro, nós temos uma geração muito boa no Sub-17. Nós tínhamos o André, que foi convocado para a Seleção Brasileira, o Calegari, que foi convocado para a Seleção Brasileira. Mas, olha como são as coisas, ninguém tinha ouvido falar do Luiz Henrique e hoje ele é o jogador mais prospero que nós temos”

Ganso velho

“Eu acredito que a nota do Fluminense foi extremamente esclarecedora. O Ganso tem 29 para 30 anos, ele não é velho. Graças ao bom Deus, alguns jogadores mudaram esse conceito. Quando eu comecei no futebol, a vida útil do jogador era de 10 anos. Hoje o jogador consegue chegar a 35 anos. E nós temos dois jogadores que, graças ao organismo, conseguem ir até mais longe, que é o exemplo do Matheus Ferraz e do Nenê. O Ganso tem contrato longo, mas a gente acredita muito e isso foi explicado na nota oficial”

Briga da metade para cima no Brasileirão

“Só tem um caminho. Essa competição você necessita de reposição a altura do titular. E isso dificulta pagar o time. É o que a gente está tentando fazer. A gente amadureceu o time e está mesclando com os jovens jogadores. Essa competição (de pontos corridos), no mundo inteiro restringe muito as equipes de menor investimento. Você na Espanha, vê na Itália, vê na Inglaterra, vê na Alemanha. É qual o problema que você tem com isso? Você se obriga a montar um time que as pessoas respeitem e acaba saindo de um papel de bom pagador para mau pagador. O problema é que ai gera polemica, gera crise, gera vazamento de informações. O Fluminense foi bem na época que tinha um patrocinador, que tinha volume. Mas a competição de pontos corridos é assim, é drástica. Quando há um equilíbrio financeiro, você compete em melhores condições, quando não há um equilíbrio, fica muito difícil. A gente está mesclando a experiência com a juventude, que é a nossa reposição. Além dos jovens que estão jogando, como o Marcos Paulo, o Evanilson, o Yago, que também é jovem, a gente tem 17 jovens que estão treinando incessantemente para entender todo processo e ajudar a gente a ter um grupo forte para enfrentar as 38 rodadas”

 

 


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