Os sete erros capitais de Marcão
Saudações Tricolores, amigos!
Quem nos acompanha por aqui sabe que, geralmente, não comento sobre jogos e sim sobre os diversos assuntos que orbitam o Reino do Laranjal. Pois essa coluna irá atravessar os dois pontos. E é pra você, Marcão. De todo o meu coração.
Sabemos que você é uma das pessoas mais queridas do mundo. Talvez teríamos um mundo inteiro melhor se na constituição brasileira tivesse um artigo onde garantissem o direito, que seria fundamental, de te conhecer e passar alguns minutos sendo irradiado por seu sorriso fácil e toda a luz que você emana. Alias, você é ídolo de muitos numa posição incomum para esse status. Foi sua vontade, sua garra e determinação dentro de campo que conquistou isso. Mérito seu, sorte nossa. Mas querido, posso ser sincero?
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1. Só na marra não vai…
Não adianta. Hoje o futebol é muito mais do que só vontade, do que amor a camisa (isso então…), do que entrar com sangue nos olhos e encarar o adversário como uma verdadeira final de campeonato, jogo da vida e demais jargões, até já batidos no meio. Não adianta. Sem esquema tático e aproveitamento das peças naquilo que elas podem render mais, onde podem render mais, não vai. Ganso não pode ser banco nesse time para o Marcos Paulo mas nem aqui e nem no fantástico mundo de Bob. Ganso compõe o balanço defensivo e faz o meio de campo ficar mais robusto. Ontem assistimos a pior exibição de Allan, desde que despontou a boa fase no Flu. Até vaias se iniciaram para ele. E sabe por que? Porque ele estava sozinho ali, na primeiríssima saída de bola, sobrecarregado, se ressentindo de ter alguém para fazer 1-2.
Era melhor ter optado pelo Airton, pelo Yuri… Outro meio-campista, mas não um meia-atacante de lado que não tem a menor característica de recomposição. Por que não colocar o time que venceu o Bahia, com Allan no lugar de Airton, já que decidiu por deixar o camisa 10 no banco? Não temos mais tempo para nada, muito menos para experiências. Esse time, se fizer o arroz com feijão (o mesmo que o Luxa vem fazendo nos rivais portugueses) não cai. Se começarmos a inventar…
2. Nem sempre a voz do povo é a voz de Deus.
Você é amigo da arquibancada, sabemos disso. Mas pare de ouvir seus apelos sem estar convencido disso. Pediram a saída de JP. Pronto! Pediram a efetivação de Wellington Nem. Pronto. Agora, Ganso no banco e Marcos Paulo na linha titular. Pronto. Não, meu amigo. O torcedor é passional. Você, por mais que ame o Flu, e ninguém tem dúvidas disso, não pode ser. Não mais. Alias, você, ao assumir o time, não tem o direito de ser. Tem que ser racional, fazer a leitura correta do jogo. Colocar a emoção dentro de seu esquema, de suas convicções.
João Pedro, com uma perna amarrada, joga mais do que Lucão (nada contra nosso querido amigo do Break). É questão de técnica, habilidade e faro de gol. Não à toa o moleque vale o que vale, e sem CNH ainda. Não se pode, NUNCA, preterir a entrada de um em detrimento da de outro. Jamais!
3. Precisamos ganhar o meio.
Partindo dessa velha máxima, faço uma crítica sobre o jogo de ontem e o meio de campo que você fez questão , consciente ou não, de exterminar com suas substituições. Além de sufocar Allan, sozinho atrás, essa formação matou o Nene (outro que talvez tenha feito sua pior apresentação) e sacrificou o Daniel, que vinha lutando para criar alguma coisa naquela imensidão da meiuca, povoada de homens de verde. O time jogou com 2 zagueiros, dois alas, 4 atacantes e dois meio-campistas. Veja bem, de 10 jogadores de linha, apenas 2 eram meio-campistas. Tinha horas que, nada mais nada menos, do que SEIS jogadores ficavam de costas para o gol, esperando um passe, em frente à uma superpovoada área adversária. Um atacante, amigo, tira o espaço do outro, embola tudo por ali. Não tem uma fresta para enfiar uma bola. Alias, depois da saída de Daniel, ficamos intermináveis minutos sem ninguém ali capaz de fazê-lo.
Não inventa. Enfrente as críticas passionais da torcida e mantenha o meio que enfrentou o Athlético-PR. Jogamos bem. Oscilamos, é verdade, mas jogamos bem diante do campeão da Copa do Brasil. Dois erros nossos, dois gols deles.
4. Cada um no seu quadrado.
O Flu tinha um padrão de jogo, onde cada jogador estava milimetricamente bem posicionado com Diniz. Sobretudo na saída de jogo (quando não teimavam em levar à loucura a torcida, com aqueles passes dentro da pequena área) e transição para o ataque. Lembra? Eram Allan, Ganso e Daniel jogando por ali, no meio. Mas o Ganso jogava como segundo volante, fazendo seus companheiros de meio correr. Repita isso. Não temos no nosso elenco NINGUÉM, nenhuma formação melhor do que essa. Acredite em mim. Allan e Daniel cresceram e apareceram nessa formação. João Pedro começou a voar, nessa formação. Caio Henrique chegou à seleção, nessa formação. Yony viveu sua melhor fase e, advinha? Com essa formação. Então? Vamos voltar a treinar o que temos de melhor?
Nene tem que flutuar entre as linhas, sem responsabilidade de ficar aqui, ou ali. Ele é inteligente e, por incrível que possa parecer, um dos que mais correm em campo. Deixa ele brincar de jogar no meio e ataque. Coloca o Yony e o JP na frente. Eles, com espaços, vão crescer. Garanto.
A recomposição defensiva, que vinha sendo melhor, ficou muito aberta com esse esquema utilizado ontem. Não repita isso. Só não tomamos mais porque era a Chape. Ah, e claro, e porque Muriel quer entrar para a galeria de ídolos tricolores (e caminha a passos largos – viram a matéria do menininho que faz hemodiálise? )
Quando o esquema tático não existe, ou é frágil, a bomba explode no individual. Jogadores rendem menos do que se espera deles, acabam sentindo a pressão das arquibancadas e ficam inseguros. As jogadas parecem mais difíceis, a matada de bola vai na canela, o chute na bandeira e assim por diante. Organize o time, amigo. Deixe cada qual no seu quadrado e os treine para que se comuniquem.
E, pra fechar esse ponto: Caio Henrique é lateral. Chegou à seleção na lateral. Mostrou um futebol de lateral. As melhores jogadas do Flu estão com ele, na lateral. Pela primeira vez, em muito tempo, temos um lateral de seleção. Nada justifica ele vir para o meio para a entrada de qualquer que seja o jogador do plantel.
5. Finalizações
Treinam? Pois triplique os treinamentos no fundamento. Só. Não tenho mais o que falar sobre isso.
6. O tempo urge
Não tem mais chance de erro. O funil está apertando. São 4, 5 equipes brigando para não cair. Duas já foram, na minha opinião (empatamos com uma por duas vezes e perdemos para a outra). O Fortaleza não está de bobeira. Ceni voltou e as coisas parecem melhores por lá. Botafogo está acima e pode abrir vantagem hoje (se bem que enfrenta o Grêmio lá, ferido depois da traumática eliminação). Cruzeiro tem time para reagir e vencer jogos capitais (já colaram na gente e só não saíram porque enfrentaram o valente Fortaleza de Ceni). O Atlético-MG vem caindo, mas ainda está a 5 pontos de nós e a 6 do Z4. E, deixei por fim mesmo, o Ceará. Time chato, que está lutando muito, mas limitado. Temos mais camisa, mais time e mais chances de êxito (na teoria) do que eles. Mas, se jogarmos assim lá…
O campeonato está afunilando. Depois desse jogo, temos uma sequência dificílima: Vasco, São Paulo e Inter (Maraca, Morumbi e Beira Rio). A vitória quarta é fundamental. Portanto, arrume a casa. Organize o meio de campo. Coloque o Ganso ali. Ponto. Ele lento é melhor para o time do que qualquer outro.
Faz assim, ó:
Muriel, Gilberto, Nino, Digão, Caio Henrique; Allan, Ganso e Daniel; Nene, Yony e João Pedro. Esse é o time. Treine-os e os deixe-os fazer o que sabem. Tem mistério não…
7. Alterações.
Poucas vezes eu vi alguém ser tão infeliz nas alterações como você vem sendo. Eu sei que você imagina o melhor, não tenho dúvidas disso. Mas, posso ser sincero, mais uma vez? O inferno está cheio de gente com boas intenções. Então segura ai que vou mandar algumas dicas:
Daniel é o motor do meio. Intocável. Não o tire dos jogos a não ser que ele peça para sair ou você queira colocar algum volante para segurar o placar e essa for sua última alternativa. Pronto, falei.
Quando sair um jogador de uma posição, para a entrada de outro, de outra posição completamente diferente, tenha a certeza de que:
a. você tenha treinado essa alteração, insistentemente, para que ela surta o efeito desejado;
b. seja por contusão e as únicas opções no banco sejam o goleiro, um zagueiro e o massagista;
c. as duas acima.
Não da para compreender as alterações. As contra o Athlético-PR mataram o meio; as contra o Flamengo demoraram uma eternidade; e as de ontem… nem sei como dizer o quanto você errou. Sim, querido. Foi feio mesmo. Matou o meio de campo. Lucão do Break no lugar de Daniel? Com Ganso no banco? E depois colocou o cara aos 38? Pô… essa tá indefensável. E olha que tentei achar alguma justificativa. Oxigenar? …. hum… não… não convenceu, não…
É isso. A torcida quer gostar de você mais ainda, acredite nisso. Fosse qualquer outro, ali no seu lugar, os “torebas” da vida e os “corneteiros” de plantão, estariam atrás do banco de reservas, alucinados, xingando com força. Mas é você! Nosso Marcão (é seleção, Marcão, e seleção!).
Não invente mais. Faça o arroz com feijão. É justo, alimenta. Pode até não satisfazer a vontade de comer, mas ninguém morre de fome.
Um grande domingo a todos,
Washington de Assis