“Os Escolhidos” X “As Escolhas” – O teorema de Marcão
Que Marcão melhorou nosso Fluminense, é indubitável. Que ele trouxe um padrão de jogo mais arrumado também é. Mas tem duas questões que me chamam a atenção, nessa retomada. A primeira dela são “Os Escolhidos” para começar a partida. O treinador ontem, de fato, colocou em campo aquilo que eu, assim como a maioria – imagino – entenda ser o melhor, ou quase o melhor, que o Fluminense possa dar atualmente – talvez a volta de Árias ao time titular e JK desde o início seria time o ideal atualmente. No entanto, “As Escolhas” na hora de substituir… aí, são outros 500… Ontem, por exemplo, nos custaram dois pontos que eu diria fundamental na batalha por uma das vagas na Libertadores 2021.
O Flu começou bem o jogo. Em cima. Dois ataques e dois gols. O Cuiabá se mandava para frente e, ora por afobação ou limitação técnica de seus jogadores, ora por mérito do balanço defensivo tricolor, não conseguia arrumar nada. Até que Samuel Xavier – o pior da partida – arrumou para eles. Que pênalti infantil, sem nexo e completamente desnecessário. O jogador deles estava de costas ou de lado para o gol e o cara me chega num carrinho alucinado. Nada justifica esse lance. Alias, um carrinho destes, dentro da grande área, é somente naqueles lances que é “bola ou búlica”. Ridículo e que comprometeu o jogo que o Flu vinha fazendo até ali.
Não fosse pelo calor, eu nem mencionaria a necessidade de mexer no time. Mas aí é que entra o grande mistério deste teorema. Uma questão desafiadora para as mentes tricolores. O que acontece com o Fluminense, que depois de abrir o placar, recua tal qual a bateria no sambódromo e assiste a escola passar? Sintomático, que se repete… quase que um vício difícil de interpretar. Se fosse só ontem, poderíamos até buscar justificativas no calor. Mas aconteceu contra o São Paulo e Chapecoense quando, curiosamente ou não, vencemos o jogo por 2 a 1. Ontem não deu. Levamos o empate.
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Além desse ponto exponencial no teorema, é preciso analisar o segundo fator, que tem ligação direta e reta com o resultado – mais da postura do time em campo, do que pelo placar final -: “As Escolhas”. Como o Marcão se sabota, se autoflagela nelas. Não é possível optar por Lucca e Cazares, tendo Jhon Árias e John Kennedy no banco. Mas assim, nada x nada² x nada³ justifica tal ato de autoagressão. O time vinha bem até, e não fosse pela patacoada do árbitro e do VAR, o Flu abriria 3 a 1. E aí, começa a autodestruição do esquema que vinha funcionando.
Marcão justificou, respondendo até a pergunta do nosso Pedrão, as opções por Lucca e Cazares:
“O Lucca foi a questão que entrou o lateral-direito João Lucas, de muita força, imposição, e o Lucca faz bem esse corredor e tentou evitar a subida do adversário”.
“Precisava oxigenar a saída de bola, por isso optou por um homem de dentro para tirar um pouquinho o Uillian Correia do jogo. A gente conhece o adversário, e ele começou a controlar um pouco o jogo. Colocamos um (camisa) 10 por dentro, que é o Cazares, e começamos a tirar ele do jogo e a colocá-lo no campo deles”.
Marcão, mil perdões pela sinceridade. O Lucca tomou um ‘chega para lá’ de um jogador limitado e caiu de bunda no chão, no lance do segundo gol. Marcar o que, quem, onde e como? Não se justifica – aliás, o segundo gol também teve uma falha bizarra do Samuel Xavier… o que foi aquilo, meu filho? E Cazares… difícil falar do Cazares sem mencionar que ele está completamente fora de forma. Constrangedor. A diretoria, ao meu ver, deveria pensar até numa rescisão amigável ou, quem sabe, por justa causa. Aturar (sim, aturar mesmo) Cazares assim até o final de 2022 vai ser dose para porca prenha, se é que me entendem…
E aí, após o leite derramado, “As Escolhas” voltam a fazer sentido na nossa matemática. Jhon Árias e John Kennedy, que deveriam ser as primeiras opções – se não titulares – o teorema de Marcão traz nova vida ao time. Pouco tempo em campo, ainda assim, conseguiram construir boas jogadas – sobretudo para quem nunca jogou junto na vida.
Volto a insistir – JK e JA são titulares nesse time, não importa quem esteja à disposição.
E assim vamos vivendo, amigos tricolores. Tentando desvendar os mistérios do “Teorema de Marcão”, compreender por que a equação, em dado momento, recua de forma assustadoramente natural e das ações. Para que a “conta feche” e cheguemos ao sucesso dessa matemática, é preciso afinar “Os Escolhidos” continuamente, da mesma forma que é URGENTE aprimorar “As Escolhas”.
Em tempo – com o empate ontem, Marcão chegou aos 15 jogos de invencibilidade no comando tricolor, se igualando a Muricy Ramalho. É gente. O Marcãonizmo não convence tanto – pelo menos não por enquanto -, mas vence… ou pontua.
ST
Washington de Assis
FOTO DE MAILSON SANTANA/FLUMINENSE FC