OPINIÃO – Escolhas e escolhas
Falar que o Atlético-MG é um dos melhores times hoje é até desnecessário, pois todos sabem disso. Ressaltar que eles eram os francos favoritos para a conquista da vaga também – e não seria exagero esticar esse favoritismo à conquista do título da Copa do Brasil, Libertadores e Brasileiro. O que assistimos nos dois jogos (ou três, se somarmos o válido pelo Brasileirão) foi a prova que Cuca tem nas mãos um elenco pra lá de qualificado. Ontem, Diego Costa saiu do BANCO de reservas e melhorou, ainda mais, o time preto e branco de Minas. Mas o ponto não é só esse.
Alguns podem até destacar que o Flu não foi completo pois dois de seus principais jogadores, Martinelli e André, não estiveram em campo e que isso pesou muito. Compreensível até. O Flu, mesmo completo, ainda sim, encontraria imensas dificuldades de bater o Atlético e avançar. Mas, de novo, o ponto não é esse.
O ponto principal, alias, os pontos principais, passam pela montagem do elenco e pela relação de jogadores do treinador para os jogos. Primeiro é mais simples de falar do que de explicar, pois poucos torcedores, ou quase nenhum, não levam muito em consideração o fator “dinheiro” na hora da contratação de jogadores. Fácil de falar que o Flu poderia, simplesmente, dispensar 3, 4, 6 ou 10 jogadores medianos e trazer um que ganhe o salário dos “dispensados”, e acabam se esquecendo que esse jogador, para chegar, custaria alguns milhões de reais (provavelmente). E ainda tem a composição do próprio elenco, que precisa jogar 70-80 partidas num ano. Apesar disso, é difícil de entender a chegada do renegado Wellington (que não renovou com seu ex-clube – sabe se lá por que cargas d’água), mas serviu para o Fluminense. Difícil também entender a chegada do terceiro reserva de um clube que lutava com todas as suas parcas forças contra o rebaixamento, como foi o caso de Danilo Barcelos – ainda mais com o tempo de contrato que foi. O retorno de Hudson, talvez a gota d’água, o ponto de conversão à loucura.
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O problema maior é que quando se contrata jogadores se joga com eles em algum momento. Essa é a essência do primeiro ponto.
Segundo ponto é o da relação dos jogadores para as partidas. Não é possível que nosso treinador não esteja acompanhando John Kennedy voando no sub-20. Para se ter uma ideia, ele fez 5 gols nos últimos 4 jogos da categoria (Palmeiras 1; Vasco 2; Botafogo 1; e Vasco, novamente, 1). Ele está sobrando e quando um jogador assim sobra na categoria de base que bate às portas do profissional, precisa começar a ser aproveitado no profissional. Não dá para entender Marcão optar por Bobadilla e Abel no banco – dois jogadores que fazem a mesmíssima função, com características muito próximas (claro que respeitando a individualidade de cada um) e preterir JK. Não é possível de compreender.
Sem falar na escolha equivocada de Wellington ao invés de Wallace. Lembra os motivos que fizeram André ganhar uma oportunidade e brilhar? Pois, é. Coloca o menino para jogar. Sabemos que ele vai dar conta do recado. Bom, na realidade não sabemos. Mas, ao menos, sabemos o que o Wellington é capaz de entregar e isso, por si só, já nos basta. Não precisamos da experiência de um. Precisamos é do brilho do olhar do outro.
Dentro da nossa realidade, temos melhores opções do que as que estão sendo utilizadas, quando nossas principais peças estão fora de combate. E as temos em casa. Basta que as utilizemos. Se Abel não ficar satisfeito em ficar de fora de uma ou outra partida, que se faça um acordo, agradeça pelos serviços prestados, e os “encaminhe ao RH”. E isso vale para todos.
Uma eliminação para o Atlético, dono, ao meu sentir, do melhor elenco do Brasil hoje, não surpreende à torcida. A deixa triste, irritada até. Mas zero de surpresas. Mas o que deixa o torcedor mais descontente ainda, é a utilização de jogadores em detrimento de outros que podem – e vão – render muito mais, quando tiverem a oportunidade.
Portanto, temos mais 18 desafios pela frente. São 54 pontos em jogo e se quisermos ir à Libertadores novamente, e na fase de grupos, teremos que chegar – de acordo com a Universidade Federal de Minas Gerais – na seguinte pontuação (tabela abaixo: pontos e probabilidade %):
Hoje o Flu tem 28. Precisamos de mais 10 vitórias e alguns empates. Campanha de alto aproveitamento, algo próximo dos 66%, aproximadamente. Quanto menor o aproveitamento, menor as chances de irmos direto à fase de grupos.
Não é terra arrasada. Mas não se pode mais cometer esses deslizes. O ano de 2022 começa hoje para o Fluminense. E todos precisam estar cientes disso.