Não somos mais rivais do Flamengo? – Tá de brincadeira!
Primeiro quero começar esse texto dizendo que o Flu nunca foi rival do Flamengo. Eles é que são nossos rivais. O protagonismo, meus caros, está do lado de cá. Afinal, se não fosse pelo Fluminense, o clube de REGATAS estaria remando até hoje. Mas é impressionante a forma como alguns tecem opiniões sem se importar com a paixão de milhões. Essa é uma crítica não ao jornalista, que disse esse despautério, mas ao próprio despautério dito. Não fosse ele um dos rostos mais conhecidos do grupo que lidera a tentativa absurda de “espanholizar” o nosso futebol, seria trágico, Mas como é, se torna simplesmente cômico.
A Globo, há muitos anos, vem cirando um abismo entre os clubes nacionais. Isso é óbvio, cristalino e só não enxerga quem participa da massa de manobra e torce para um de seus queridinhos. Pois não há nada, absolutamente nada, que justifique a diferença gigantesca, e grotesca, das verbas das cotas de TV, distribuídas antes ao bel prazer, hoje em cima de números que não justificam tal absurdo. Vejam esse levantamento, do Campeonato Brasileiro de 2018:
Flamengo – 12 jogos – média de 27,7 pontos
Vasco – 8 jogos – média 21,9 pontos
Fluminense – 11 jogos – média 20 pontos
Botafogo – 7 jogos – média 18,7 pontos
Números divulgados pela Globo durante o Brasileirão 2018. Cada ponto no Ibope na região metropolitana do Rio de Janeiro equivale a 45.253 residências.
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E olha que o Flu viveu o drama, mais uma vez, de escapar do rebaixamento no ano de 2018. Imaginem brigando pelo título… Não falam que a média de audiência do queridinho é muito maior? Bom, com a verdade exposta acima, a gente vê que É BRINCADEIRA o que fazem com nosso futebol.
Agora comparem com isso, com o recebimento de cada clube – cotas de TV 2018:
Flamengo – R$ 170 milhões
Vasco – R$ 100 milhões
Fluminense – R$ 60 milhões
Botafogo – R$ 60 milhões
Numa matemática grosseira, cada ponto de média de cada time:
Flamengo R$ 170 milhões / por 27,7 pontos de audiência = R$ 6.137.184,12 – por ponto
Vasco – R$ 100 milhões / por 21,9 pontos de audiência = R$ 4.566.210, 05 – por ponto
Fluminense – R$ 60 milhões / 20 pontos de audiência = R$ 3.000.000,00 – por ponto
Botafogo – R$ 60 milhões / 18,7 pontos de audiência = R$ 3.208.556,15 – por ponto
Ora, ainda na matemática simples… Se todos recebessem o mesmo por ponto de audiência atingido (vamos pegar o valor pago ao Flamengo) teríamos o seguinte quadro:
Vasco – 21,9 pontos de audiência x R$ 6.137.184,12 – por ponto = R$ 134.404.332, 23
Fluminense – 20 pontos de audiência x R$ 6.137.184,12 = R$ 122.743.682,40
Botafogo – 18,7 pontos de audiência x R$ 6.137.184,12 = R$ 114.765.343,05
Mais justo, não? Pois é, mas de forma injustificável o valor do ponto de audiência para o queridinho não se repete aos demais. Ora, meus caros, imaginem se os clubes tivessem recebido valores mais justos e próximos. Os elencos não seriam mais justos e próximos? Os times apresentados não poderiam ser mais competitivos? Meio óbvio né… Isso sem falar na situação de penúria em que os clubes vivem, os colocando reféns da própria Globo, praticamente de “pires na mão”. (não vamos discutir as péssimas gestões aqui – assunto para um outro dia) É BRINCADEIRA o que não mostram em certos programas.
Falar que o queridinho não tem mais rivais no Rio é tentar queimar a história com cuspe e meleca. É tentar lavar a mente dos jovens que aí estão, na sua maioria já alienados com o péssimo nível de ensino que temos em nosso país. É uma covardia com quem fez, com muito suor e com muita dedicação, o Brasil ser o país do futebol.
Nos últimos anos, os caras receberam um monte Everest a mais de dinheiro do que nós. Do que todos:
Agora me digam se é possível, com tamanha predileção ao queridinho, de termos os clubes competitivos no futebol Carioca? Pois é. Mas os detentores dos direitos não vêem desse jeito. Já escrevi sobre isso, por aqui, quando tiveram a pachorra de dizer sobre a grandeza dos clubes. Outra polêmica.
É óbvio que o Flamengo vem se destacando nesse cenário. Mas não pela gestão maravilhosa e estupenda, mas e sobretudo, pela diferença das Cotas de TV, que são simplesmente abismais. E nessa tabela, exposta na matéria do próprio Capelo (em matéria no GE) se percebe que, por mais que ele receba sempre mais do que os outros, esses outros com receitas mais “normais”, ainda conseguem se manter próximo do rival por mais que esse quadro já venha de anos e mais anos. Isso só prova que os clubes são GIGANTES em se reinventar ao longo desses anos. E batalharam por títulos sim. Quer saber o porque dessa diferença?
Percebam a alteração no gráfico acima, explicado abaixo:
2012-2015
G1 – R$ 110 milhões/ano (Flamengo e Corinthians)
G1 – R$ 80 milhões/ano (São Paulo)
G3 – R$ 70 milhões/ano (Palmeiras e Vasco)
G4 – R$ 60 milhões/ano (Santos)
G5 – R$ 45 milhões/ano (Cruzeiro, Atlético-MG, Grêmio, Inter, Flu e Botafogo)
G7 – R$ 27 milhões/ano (Sport, Bahia, Vitória, Atlético-PR, Coritiba e Goiás)
G8 – R$ 18 milhões/ano (demais clubes)
Série B – R$ 3 milhões (demais clubes)
Séries C e D – sem cota (demais clubes)
Maior diferença entre cotas da elite (G1 x G8): R$ 92 milhões (6,1 x mais)
2016-2018
G1 – R$ 170 milhões/ano (Flamengo e Corinthians)
G1 – R$ 110 milhões/ano (São Paulo)
G3 – R$ 100 milhões/ano (Palmeiras e Vasco)
G4 – R$ 80 milhões/ano (Santos)
G5 – R$ 60 milhões/ano (Cruzeiro, Atlético-MG, Grêmio, Inter, Flu e Botafogo)
G7 – R$ 35 milhões/ano (Sport, Bahia, Vitória, Atlético-PR, Coritiba e Goiás)
G8 – R$ 23 milhões/ano (demais clubes)
Série B – R$ 5 milhões (demais clubes)
Séries C e D – sem cota (demais clubes)
Perceba no gráfico acima que, curiosamente, em 2016 o Flamengo dá um salto e dispara na frente dos outros. Seria coincidência que, nesse mesmo ano, eles começaram a receber R$ 170 milhões de reais da Globo?
O que falta no Brasil não é grandeza de clubes centenários e historicamente fundamentais a construção do nosso futebol. Não vou ser clubista nesse momento. Cada um contribuiu com um pedaço da história. Nós fomos o berço do futebol nacional, aqui nasceu a seleção brasileira, entre outras tantas histórias; Botafogo de tantos ídolos cedidos às nossas seleções campeãs do mundo e de relevância mundial; Vasco com uma história de combate ao racismo e outras tantas. E o Flamengo… bom, até 1980… era um simpático clube na zona sul do Rio de Janeiro. É BRINCADEIRA não falarem mais sobre isso!
Não se pode crer que esses argumentos apresentados hoje, sejam considerados sequer razoáveis para qualquer debate. Ou melhor, é preciso pegá-los, aprofundá-los e, a partir daí, construir um futebol para o futuro mais justo fora de campo para que o mesmo seja mais competitivo dentro dele. Até lá, a discrepância ditará o ritmo do futebol nacional, com a famosa, e agora cristalina, tentativa de espanholização de nosso futebol.
Cada vez mais os clubes precisam se unir contra isso. E agora, que as cotas de TV aberta passaram a ter um modelo parecido com a Premier League, o que eles fazem? Transferem a diferença para o PPV. Onde estão as pessoas sérias desse país para regulamentar essa palhaçada? Isso sim, meus amigos, é que É BRINCADEIRA!
Em tempo: só para lembrar que os dois últimos títulos Brasileiros, conquistados por cariocas, estão nas Laranjeiras.
ST
Washington de Assis