Moleque de Xerém, João Pedro vai no Charla Podcast e relembra período da base, comenta sobre retorno do Thiago Silva e fala sobre Fernando Diniz; confira
Joao Pedro, Moleque de Xerém, participou nesta quinta-feira (30) de uma entrevista ao Charla Podcast. O atacante, atualmente no Brighton, clube da Premier League, comentou sobre seu início no Fluminense, trabalho com Fernando Diniz e conversas recentes com Thiago Silva sobre o retorno.

Antes do jogo contra o Cruzeiro em 2019, o atacante relatou a experiência de passar pelo trote do profissional, onde os mais experientes raspam a cabeça dos jovens. João ainda comentou sobre conversa com Fernando Diniz.
“A gente jogou Contra o Cruzeiro no Brasileiro e na Copa do Brasil. Eu fiz gol contra o Cruzeiro no brasileiro e me deixaram careca. Eu e Marcos Paulo sempre nos concentrávamos juntos, o Ganso pediu o cartão do meu quarto e quando eu fui ver, seis caras entrando. Marcos Paulo se trancou no banheiro e eu fiquei sozinho, não teve jeito. Liguei para o presidente, disse que não ia jogar, cheguei no Maracanã muito estressado. Meti muito gol careca. Hat trick, de bicicleta contra o Cruzeiro. Nesse jogo, o Diniz falou ‘você tem que jogar assim, com raiva nos olhos’, jogando no mental.
Sobre o início em São Paulo e as categorias de base no Flu, João comentou que chegou muito cedo ao Rio de Janeiro e destacou a dificuldade de se estabelecer dentro de Xerém.
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“Eu sou de São Paulo, vim aqui para o Rio com 10 anos, o scout do Fluminense estava em um campeonato na escolinha, depois de um mês fui aprovado. É difícil os “caras” escolherem você, mas se manter na base é muito difícil. Porque é muita gente, toda hora teste e você tem que se manter porque é você contra o outro moleque que está chegando. Eu fui para Xerém, cheguei grandão porque jogava de meia, era (camisa) 10. No Sub-13 eu não jogava mais e fiquei sem jogar até o Sub-16, só banco. Passou um tempo o Marcelo veio e falou “João, Marcos Paulo vai subir e eu te vejo como centro avante”.
Da mesma forma que o Fluminense buscou João no interior de São Paulo, o Watford veio ao Brasil atrás do atacante. Ao ser questionado sobre o interesse do clube inglês, João Pedro comentou como fica o psicológico do jogador tendo possibilidade de ir para fora do Brasil.
“Eu estava fazendo gol na fase de grupos da Taça BH (Sub-17). A questão do Watford chegou para mim na semifinal contra o Vasco, que eu fiz um gol de pênalti. A gente passa do Vasco e o presidente manda mensagem pro meu empresário: “Fala pro João que ele tem que arrebentar, tem uns caras de olho nele ai, mas eu não posso falar o time ainda”. Ai eu não conseguia dormir, um moleque de 16 anos, falam que tem um time atrás de você, que você tem que dar seu melhor, futebol não tem como controlar, mas às vezes seu melhor não é suficiente. Graças a Deus consegui jogar bem, ocorreu tudo certo e fui vendido.

Sobre já estar vendido e ainda jogar no Fluminense, ele foi questionado se o pensamento ainda estava aqui ou se ele jogava no automático. O atacante relembra momentos de tensão na época da negociação.
“Naquela época era só pensamento aqui, porque estávamos vivendo vida ou morte. Pessoas na frente do CT, contra o rebaixamento. E outra, nunca contei, jogava até lesionado, tomando injeção. Estava com uma lesão crônica no tornozelo, me machuquei no treino e tive que voltar antes porque tinha uma parada do Fluminense receber um dinheiro em relação à minha minutagem. Eu não curto ficar falando essas paradas assim porque passou. Eu quis também, eu podia muito bem recuar, mas eu queria ajudar o Fluminense porque foi o clube que me deu tudo.”
João falou sobre o período de transição da base para o profissional e contou sobre a colaboração de Fernando Diniz, tanto para o lado humano quanto para o âmbito esportivo.
“Eu subi, o Diniz conversou com a gente, com os meninos mais novos, que para ele não importa a idade, quem estiver bem vai jogar. E ai foi isso, todo mundo sabe aquele cara que ele é, paizão, no campo é aquilo. Xinga mesmo, não tá nem ai.”
“É o mais parecido de lá (Premiere League). Aqui no Brasil ainda não vi ninguém fazendo isso, mas se você for ver o City, o Brighton e até o Tottenham, que gostam de jogar bastante com a bola, ele faz o mais parecido. Ele faz um pouquinho diferente, mas é o mais parecido.”
Ele comentou sobre os jogadores que o impressionaram quando ele subiu para o profissional do Fluminense.
“Luciano, Ganso, Nenê, Pedro também. Pedro era absurdo no treino, Ibanez. tinha que ver o que ele fazia no treino, Diniz ficava estressado… ele pegava a bola, saía driblando o pessoal no meio e chutava. Gilberto também, era de uma personalidade. A gente tinha um time bom, não encaixou”

Ao ser lembrado do confronto com o Atlético Nacional da Colômbia, João Pedro comentou sobre o nervosismo e momento de profecia.
O Diniz falou que eu ia começar jogando, meu primeiro jogo, nunca tinha começado jogando. Sul-Americana, Maracanã. que loucura. Pensei muito, fui pra casa, dormi porque o jogo era à noite e tinha que se apresentar no hotel às 12:00. Acordei, tomei café da manhã e falando com meu padrasto falei “vou fazer três gols hoje”, porque eu tinha sonhado. De tanto pensar eu sonhei, chegou à noite e eu fiz três gols.”
Ele comentou sobre a briga recente entre o Fernando Diniz e Luciano, no jogo entre Fluminense e São Paulo pelo Campeonato Brasileiro. Na época em que jogaram juntos, os dois tinham uma relação muito boa, e ele acredita que essa parceria continua fora dos gramados.
“Eu já zoei o Luciano, falei ‘brigou com teu pai né?!’. Eles são muito próximos, é relação pai e filho mesmo, daqui a pouco eles já estão de boa. E o Luciano gosta de colocar pilha no Diniz, até em treino na época do Fluminense ele ficava cutucando pra estressar.”
João Pedro enfrentou o Thiago Silva recentemente pela Premier League, o atacante comentou sobre a amizade com o zagueiro e relatou conversa sobre o retorno.
“Joguei contra ele esses dias. Meu irmão, parece que tem minha idade. Tu dá o tapa, ele tá lá. Tu vai receber a bola de costas, fortão. Que isso, irmão? Dá não. Torcida do Fluminense tem que estar muito feliz que ele está vindo. Ele podia ficar lá, ele está novo. Claro que tem um período de adaptação, o clima é diferente, o campo é diferente, mas nível técnico é diferente.”
No final da entrevista, João Pedro falou sobre período que John Kennedy era reserva na base do Fluminense, e garante “vai estar na seleção”.
“O JK é um ano mais novo que eu, então no período de base ele era meu reserva. Ai você olha o moleque aí, ídolo do Fluminense, marcou gol, futebol é uma loucura. Daqui a pouco ele vai estar na seleção. Tem toda essa questão que ele teve, não sei o que é, não posso falar por que não sei o que é. É difícil, mas ele pegou uma safra muito boa.”