Marcão fala sobre a escolha dos três volantes, implementação de um ‘camisa 10’ na equipe e o racismo no futebol

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O técnico Marcão concedeu uma entrevista exclusiva ao Globo Esporte e o ge e abordou vários assuntos de dentro do campo e de fora das quatro linhas. O treinador falou sobre a má fase da equipe nesses últimos jogos, a ineficiência do ataque que não marca há mais de três jogos e sobre o racismo presenciado de fora da área técnica.

O treinador Tricolor falou sobre a sua escolha de utilizar os três volantes na equipe e afirmou que esse esquema não faz, necessariamente, o time jogar com uma mentalidade defensiva. Marcão também elogiou o Nonato e o Yago dizendo que são dois jogadores que chegam muito bem na área.

“Quando assumi, optei pelos três volantes para dar uma regularidade. Sendo bem sincero, a gente precisava ganhar o jogo. Então, a gente optou pela segurança. Mas não é porque a gente joga com três volantes que é defensivo. O Nonato estava chegava bem na área, decidindo. O Yago também. Mas lógico que em alguns momentos é questão de característica. O Arias e o Cazares são da posição”.

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Com os resultados negativos nas últimas partidas e três jogos seguidos sem marcar gol, o treinador Marcão planeja realizar mudanças em seu sistema de jogo. O comandante do Flu estuda testar um jogador na equipe que tenha a função de um ‘camisa 10′ que possa ajudar na ligação entre o trio de volantes com o ataque Tricolor.

“Esse momento em que a bola não está entrando faz a gente repensar sobre colocar um ’10’ ou mais um homem de frente, fazer duas linhas de quatro. A gente não pode ficar preso. Hoje, a gente pensa, sim, em Cazares, em Arias, em John Kennedy, em Abel, em Raúl (Bobadilla)… Botar duas linhas de frente. Ano passado a gente já jogou dessa forma, com duas linhas de quatro e com Nenê e Fred na frente. A gente não pode ficar amarrado, é importante a gente entender o momento da equipe”.

Marcão planeja realizar mudanças na equipe Tricolor (Foto: Mailson Santana / Fluminense FC)

Na entrevista, Marcão falou sobre alguns jogadores que vem sendo alvos de críticas tanto positivas quanto negativas. Confira o que o treinador falou sobre cada um dos seguintes jogadores:

Danilo Barcelos

“O Danilo (Barcelos) é um cara muito trabalhador, muito querido pelo grupo. Em algum momento vai ter aquele jogador em especial que vai ser cobrado. Como o Egídio já foi. Em um primeiro momento, o Danilo sentiu, mas é um cara que trabalha muito, é forte mentalmente. Mas a gente tem três jogadores que a qualquer momento podem ajudar: o Egídio teve o momento dele, o Danilo está tendo, talvez o Marlon vá ter, ele tem trabalhado para isso”.

Marlon

“O Marlon deixou de sair, teve proposta, a gente vai ter que oportuniza-lo também, é só entender o momento certo da gente fazer esse movimento. O Egídio entendeu, esteve muito pressionado, machucou, agora está voltando, treinando. É um cara super compromissado, experiente. A gente deixa os três em posição de igualdade e vai entendendo o melhor momento de cada um”.

Jhon Arias

“O Arias tanto joga aberto, tanto joga por dentro. Ele tem nos dado uma resposta muito boa toda vez que entra. Talvez seja o momento de aproveitá-lo de alguma forma melhor. A gente tem analisado, conversado… Temos essa possibilidade de mexida. Trazer esse homem para mais perto da área. O Cazares também entrou muito bem (contra o Corinthians). Então, a gente tem possibilidade real de trazer essas peças para dentro, mudar um pouquinho a cara do nosso time, fazer a nossa equipe chegar mais com o jogo apoiado por dentro… Tanto o Arias, quanto o Cazares nos dão essa possibilidade”.

Gustavo Apis

“O Apis é um caso especial, veio de fora, mas a gente entendeu que é um menino muito valioso, dedicado, de muitos bons ouvidos. O que os mais experientes passam para ele, ele pega e só trabalha, trabalha, trabalha. Por isso, a gente fez questão de puxá-lo do sub-23 para ficar direto com a gente no profissional. A gente está dando rodagem e confia, tanto que colocou ele em um jogo contra o Atlético-MG”.

O treinador também falou também sobre os moleques de Xerém, jogadores formados nas categorias de base do Fluminense. Marcão afirmou que está de olho em cada um deles e que existem alguns destaques que deverão ter chances no time.

John Kennedy

“É um menino de muita qualidade. Atrasou um pouquinho o processo por conta da Covid. Tinha ficado um pouco para trás em relação aos outros três (Abel, Bobadilla e Fred), mas é um menino muito importante, muito bom. O nosso relacionamento com a base é muito bom. Aqueles meninos que têm a possibilidade e idade para jogar sub-20, sub-23, a gente oportuniza. E isso trouxe ele de novo para gente (…) Ele jogou três, quatro jogos, fez gol (no sub-20). Isso acaba o colocando numa situação de igualdade com os outros. Hoje eu não vejo problema nenhum em sair jogando com ele”.

Wallace

“Ele tem respondido demais ao nosso trabalho, a gente já pediu para ele ficar no profissional, é mais um da safra que daqui a pouco, se tiver oportunidade, a gente não vai ter problema em colocá-lo, efetiva-lo. A parceria com Xerém é muito boa. Em alguns momentos, caso do (Matheus) Martins, a gente sentiu que ainda não era o momento. Então, ele “desceu”, começou a fazer gols e subiu de novo… Daqui a pouco, vai ter oportunidades”.

Cobrança diária

“Já, já. Para passar por tudo isso, você tem que estar muito embasado. A cobrança é diária, e o Campeonato Brasileiro é muito difícil. É um campeonato muito igual (…) É lógico que hoje temos o referencial de três, quatro equipes… Mas, em geral, é muito igual. Você tem que estar preparado, ter gestão de grupo, administrar bem o dia a dia… Hoje, me sinto capacitado de exercer a função”.

Racismo no futebol

“Ainda acredito que a gente precisa caminhar muito. O Tite foi muito claro: o racismo acaba sendo estrutural. A gente tem que caminhar junto, falar mais, é importante esse debate da mídia e também de nós, treinadores, um debate interno. Não é só a gente chegar aqui e falar, mas a gente tem que fazer também para que isso mude. Muita gente leva pro lado político da coisa, mas se eu estou falando realmente sobre o que acontece. Foi importante a opinião de um cara que é referência hoje, que é o Tite, ter se posicionado dessa forma e entender que algo precisa ser feito. Eu tenho marcado algumas reuniões com pessoas importantes no meio pra gente debater e melhorar de verdade. (…) O Fluminense tem sido exemplo na luta racial, e eu sinto muito orgulho. Tem outros clubes que lidam muito bem também, como Bahia (…) A gente sabe que muita gente não quer falar, mas sabe também que é estrutural, e a gente tem que mexer nisso. Tem muita gente que se prepara, faz curso da CBF Academy… Todos renomados, capacitados, mas falta oportunidade. E de que maneira a gente vai oportunizar?”

Conversas com Thiago Silva

“Todos os dias a gente se fala, sempre torcendo um pelo outro. Desde a época de jogador, quando ele esteve aqui com o Fluminense, a gente criou esse laço de família, e ele me ajudou muito. Nós conversamos diariamente sobre futebol. Clareia demais a mente, vai passando algumas ideias importantes. Esse feedback, tanto daqui para lá, como de lá para cá, me ajuda demais”.

ST,

Edu Marques


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