Mais experientes e pontuais: a mudança no perfil dos reforços do Fluminense em 2021
Na última semana, o Fluminense anunciou um ‘pacotão’ de cinco reforços para a disputa da Copa Libertadores da América 2021. Com Samuel Xavier, Wellington, Manoel, David Braz, Cazares, Abel Hernández e Raúl Bobadilla, além de Hudson e Caio Paulista, que tiveram seus empréstimos renovados, o Tricolor chega assim a nove contratações para a atual temporada (sem contar com o zagueiro Rafael Ribeiro, o volante Wiris e meia Léo Souza, que vêm para o Sub-23). Mas, os recém-chegados também sinalizam uma mudança no perfil dos contratados.
Para comparar, o ST levantou todas as contratações do Flu desde 2016. De acordo com dados do Transfermarkt — site especializado em transferências — foram 90 operações em cinco anos. Incluindo compras ou contratos sem custos, empréstimos ou renovações de empréstimo. Nomes como os zagueiros Nino e Digão, o lateral-esquerdo Marlon, o volante Hudson e o atacante Caio Paulista, por exemplo, aparecem mais de uma vez porque envolveram negociações diferentes. Mas — se excluirmos as repetições — temos quatro goleiros, cinco laterais-direito, 10 zagueiros, cinco laterais-esquerdo, 12 volantes, 11 meias e 27 atacantes em cinco anos.
Por enquanto, o número de contratações fica abaixo apenas de 2017. Quando o então presidente Pedro Abad contratou apenas oito jogadores para a equipe principal. Em contrapartida, 2019 — com Abad e Mário Bittencourt no cargo — terminou como o ano que a diretoria mais se mexeu, concluindo 27 operações.
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Ano | Contratações |
2021 | 9 |
2020 | 15 |
2019 | 27 |
2018 | 17 |
2017 | 8 |
2016 | 14 |
*Vale lembrar que, pelo critério, as renovações de Hudson e Caio Paulista entraram no levantamento e por isso colocamos nove contratações.
Fluminense aposta em reforços mais experientes para 2021
Outro dado que chama a atenção, aliás, é a idade dos contratados. Com uma média de 30 anos, o número é superior aos 27,4 de 2020 — quando chegaram jogadores experientes como Egídio, Henrique, Hudson e Fred, por exemplo — e bem acima da média de 23 anos em 2017.
Ano | Idade |
2021 | 30 |
2020 | 27,4 |
2019 | 25,6 |
2018 | 24,9 |
2017 | 23 |
2016 | 25 |

Os reforços mais velhos agregam sobretudo mais experiência ao grupo comandado por Roger Machado. Atualmente, cerca de 63,5% dos 63 jogadores do Flu (contando os atletas do Sub-17, Sub-20 e Sub-23 que iniciaram o Campeonato Carioca 2021) são formados em Xerém. Sendo a grande maioria jovens recém-saídos da base. Por isso, a necessidade de trazer reforços com mais bagagem nacional e internacional.
O próprio presidente Mário Bittencourt já havia afirmado em entrevistas que, segundo pesquisas, a média ideal é de cerca de 26 anos. De acordo com dados do site Ogol, hoje o Tricolor tem uma média 24,3 anos — contando, por exemplo, o meia Arthur, de apenas 16 anos e que se tornou o mais jovem a vestir a camisa do Fluminense em uma partida oficial. Mas o número deve subir à medida que o técnico restrinja o elenco principal logo após a definição do grupo para a Libertadores.
Por outro lado, a chegada de reforços experientes não significa que os jovens vão perder espaço no time. Jogadores como Gabriel Teixeira, Kayky e John Kennedy, que vem se destacando no Cariocão, por exemplo, devem continuar a jogar até para oxigenar a equipe.
Baixo custo
Além disso, o baixo custo para os cofres do clube também chama a atenção. Para 2021, o Fluminense procurou oportunidades de mercado e investiu apenas cerca de R$ 550 mil reais — valor pago pelo empréstimo do paraguaio Raúl Bobadilla. A quantia é menor até mesmo que o ano de 2018, por exemplo. Quando o Flu, do então presidente Pedro Abad, contratou 18 atletas por empréstimo, mas, ainda assim, desembolsou R$ 750 mil reais para adquirir os direitos econômicos do volante Richard, que pertencia ao Atibaia.
Em contrapartida, em 2020, 2017 e 2016, respectivamente, o Fluminense abriu muito mais os cofres. No ano passado, entretanto, só três contratações precisaram de investimento. Quase metade dos R$ 11,1 milhões de reais (R$ 5 milhões) foram investidos na aquisição dos direitos econômicos de Nino. Enquanto que o uruguaio Michel Araújo e o peruano Fernando Pacheco custaram os outros R$ 6,1 milhões de reais.
Ano | Valor |
2021 | R$ 550.000,00 |
2020 | R$ 11.100.000,00 |
2019 | R$ 2.360.000,00 |
2018 | R$ 750.000,00 |
2017 | R$ 19.705.000,00 |
2016 | R$ 32.500.000,00 |
O curioso é que em 2017 — assim como em 2020 — o clube precisou desembolsar para trazer três jogadores também. Juntos, os equatorianos Junior Sornoza e Jefferson Orejuela — destaques do Indepedentiente Dell Valle, vice-campeão da Copa Libertadores da América 2016 — custaram R$ 12,3 milhões de reais enquanto o atacante Robinho custou R$ 7,4 milhões.
Já em 2016, o então presidente Peter Siemsen contratou o atacante Richarlison por R$ 9 milhões, o zagueiro Henrique por R$ 8,6 milhões, o centroavante Henrique Dourado por R$ 4 milhões e o meia Marquinho por R$ 3,6 milhões de reais.
Menos temp0 de contrato
Para 2021, o Fluminense contratou reforços pontuais. Principalmente para posições onde contava com menos opções até então. No entanto, os jogadores não assinaram contratos muito longos em média. Enquanto os vínculos de David Braz, Manoel e de Cazares são de 1 ano e 8 meses, os de Caio Paulista, Hudson e de Abel Hernández vão só até o fim de 2021. Contudo, o uruguaio ainda tem a opção de renovação por mais uma temporada.
Em contrapartida, desde 2020, a diretoria tricolor vem buscando ampliar os vínculos com jogadores oriundos de Xerém. Ou seja, os reforços chegam para cumprir um papel neste momento, mas, os jovens ainda são vistos como o futuro do clube.
A diferença é muito clara se comparada a 2016, quando a média de tempo dos contratos dos reforços era de 2 anos e 4 meses. Naquela temporada, o zagueiro Henrique, por exemplo, assinou um contrato de 5 anos. Henrique Dourado assinou por 4 anos. Enquanto Dudu, Maranhão, Felipe Amorim, Diego Souza e Richarlison assinaram por 3 anos cada.
Ano | Média do Tempo de contrato |
2021 | 1 ano e 3 meses |
2020 | 1 ano e 7 meses |
2019 | 1 ano e 4 meses |
2018 | 1 ano e 3 meses |
2017 | 7 meses |
2016 | 2 anos e 4 meses |
Por outro lado, a média de apenas sete meses em 2017 se explica principalmente por causa do alto número de jogadores que chegaram por empréstimo, como mencionado anteriormente.
ST
Lucas Meireles