LEONARDO BAGNO – 1995 II

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Tricolores,

Ano passado quase vivemos 2009 às avessas. Faltaram o título da Sul-americana e o rebaixamento no Brasileiro. Isso porque tínhamos 1% de chance de ir para o inferno e resolvemos perder quase uma dezena de jogos consecutivamente. Quase conseguimos reviver o inimaginável. Ainda bem que não.

Digo isso porque 2019 está, até o momento, lembrando um ano mais do que especial. Refiro-me ao ano de 1995. Vivemos, assim como era o caso há 24 anos, uma profunda crise financeira (a de agora consegue ser ainda maior). Nossas contratações são todas uma incógnita para a torcida, o que também ocorreu, em linhas gerais, naquele time que passou a ser inesquecível para todos os tricolores que tiveram a felicidade de experimentar o maior jogo da história do Futebol. A torcida vive um descasamento com o Fluminense como viveu lá atrás (hoje, contudo, há o descasamento e o desinteresse, que preocupa). Só não tínhamos a crise política, que somente ocorreu em 1997/1998. Lá, esperamos ocorrer o pior para tomarmos uma atitude. Escaldados que já estamos, acordamos antes da M ser feita. A isso, aplausos!

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Para aumentar ainda mais a semelhança, nosso rival vivia um momento de euforia ímpar: contratação do Romário, que era o melhor jogador do mundo eleito pela FIFA, Branco (como eles adoram contratar ídolos nossos!), Luxemburgo (que estava na vanguarda naquela época) e ainda tinham o Sávio, espécie de Vinicius Jr. que sabia jogar futebol. Hoje, vemos o Flamengo contratando o Arrascaeta do Cruzeiro, um dos principais jogadores do time mineiro, tendo poder aquisitivo para arcar com a multa contratual rescisória, o que é impressionante, pois a mesma existe para proteger o clube dos europeus e não dos brasileiros. Sinal do que estão fazendo com o nosso futebol com a ajuda direta do governo e com a incompetência dos demais clubes, que estão observando tudo acontecer sem tomar as providências necessárias para mitigar tal processo (ou seria projeto?).

Enfim, o que falta para 2019 ficar ainda mais com a carinha de 1995? Falta um Renato Gaúcho. Atualmente, não temos, no futebol nacional, um jogador que chegue próximo do que foi Renato Gaúcho. Não falo somente de sua técnica e de sua gana por ser campeão. Falo especialmente da sua personalidade. Vivemos um momento que a padronização de comportamento é quase uma regra absoluta. O jogador que não tiver tatuagem de gosto duvidoso, cabelo espetado e descolorido, mala feminina da Louis Vitton e milhares de seguidores nas redes sociais não está inserido no universo que lhe cabe. Fred talvez seja o jogador que mais se aproxima do que foi Renato Gaúcho. Mas este capítulo nós resolvemos acabar unilateralmente.

Quem seria, então, essa pessoa? Acredito convictamente que seja Paulo Henrique Ganso. Não pela sua personalidade ou gana de ser campeão, até porque nunca vimos esse comportamento neste jogador, mas pela capacidade de mobilizar a torcida. Exatamente isto que aconteceu em 1995, com a chegada de Renato Gaúcho. Demos cara a um time feito de formiguinhas que carregavam o piano para o cara resolver quando tinha que resolver. E a torcida comprou a ideia! Ganso não resolverá lá na frente, já que não é atacante. Mas dará uma cara ao time e resolverá à sua maneira, ditando o ritmo do time, composto por jogadores velozes e jovens, com vontade de ser alguém no futebol e na vida.

Torço pela contratação do Ganso. Jogador de qualidade extraordinária, principalmente se compararmos aos demais jogadores em atividade no futebol brasileiro, com bagagem internacional e que chega com a necessidade de demonstrar que ainda pode render em alto nível. Aliás, Renato também chegou no Flu desacreditado pela mídia, devido à sua passagem mais do que desastrosa pelo Atlético-MG.

Que 2019 seja 1995 e que paremos por aí. Afinal, ninguém quer reviver 96/97/98 e, especialmente, 1999.

Saudações Tricolores,

Leonardo Bagno


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