“Jogue como uma Garota”: Sharon Prais entrevista Luisa Borges, atleta do nado artístico do Fluminense

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A atleta do nado artístico do Fluminense e do Brasil nas Olimpíadas, Luisa Borges, participou do programa “Jogue como uma Garota”, do canal Saudações Tricolores no YouTube – comandado por Sharon Prais, nossa colunista e apresentadora. A atleta multi-campeã falou um pouco sobre tudo: início no esporte, a carreira, representar seu país em competições internacionais e a quarentena no mundo.

“Eu sempre fui atleta. Desde muito pequenininha eu sempre fui muito apaixonada pelos esportes aquáticos. Eu fiz natação a minha vida toda. Com 11 anos eu fui pro nado sincronizado porque minha mãe fazia e tinha a técnica Magali Cremona que é muito conhecida dentro do Fluminense. Ela sempre me chamava e uma hora fui lá e tentei. E eu me apaixonei. Me encontrei mesmo nesse mundo artístico. E quando peguei minha primeira seleção juvenil vi que era aquilo que queria seguir” – disse a atleta.

Perguntada sobre a escolha da profissão ela respondeu com certeza. “Eu não me vejo não sendo atleta. Eu realmente sempre gostei dessa rotina de treinamento e sempre fui muito competitiva. E esse é um ponto alvo de um atleta, ter muito comprometimento. E a paixão vai crescendo mais a cada dia” – completou.

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Luisa, que concilia os estudos em Comunicação Soacial com a carreira de atleta profissional, foi perguntada sobre os jogos universitários e se participa das competições. “Eu faço Comunicação Social. Sou da área de publicidade, existe esse campeonato todo ano e todo mundo implora para eu participar (risos). Mas é algo complicado porque estamos sempre em treinamento, e acaba sendo num sábado, então não tem como a gente não viajar porque a gente vai acabar perdendo nosso treinamento e competições da nossa modalidade. Mas é muito interessante e muito bom a faculdade aumentar esse espírito do esporte em cada aluno.”

Luisa também comentou sobre o espaço do esporte nas redes de Tv e no meio esportivo, no geral: “Eu acho que ele já vem tomando mais espaço na televisão, por exemplo, em 2016 foi um dos primeiros esportes a acabarem os ingressos, nos Jogos Olímpicos. Então, é uma coisa muito especial porque é um esporte que conseguimos lotar a arquibancada. E ele vem tomando espaço como o Mundial e o Pré-olímpico, o Sul-Americano ainda não é tão visto. E nós atletas temos vontade de querer que as pessoas conheçam mais o nosso esporte. Espero que ele cresça cada vez mais.”

A atleta explicou como funcionam as competições e como são as modalidades dentro do esporte. “Existe o solo, o dueto e em equipe, que são os principais. E dentro de cada um, e de cada prova, existe o solo técnico e livre dividido 50% em cada um. Por exemplo: eu vou competir numa prova de dueto, eu vou e apresento uma rotina técnica que você tem elementos técnicos obrigatórios dentro dela. Ai vou recebendo as notas até chegar a 100 e ver a colocação.”

E quando foi questionada pela sua preferência de modalidade no esporte ela não hesitou na resposta. “Eu sempre gostei de dueto, é o meu carro chefe. Nesse sentido, que a gente busca e acredito que toda atleta dentro do nado artístico porque é o que classifica para a Olimpíada. E eu faço dueto desde sempre no clube e na Seleção desde o juvenil.”

Ela também falou sobre quando foi campeã no dueto em Santiago em 2014: “Foi uma baita competição. Foi minha primeira competição de dueto sênior. Eu lembro muito bem dela. Foi tensa. A gente virou no técnico atrás e foi lá e virou no livre, então foi bem legal.”

Falando sobre o começo da carreira e adaptação no nado artístico a atleta disse que brincava muito com a mãe na água e que jamais quis largar o nado: “Quando eu era pequenininha eu sempre falava para a minha mãe que eu adorava nado e que não queria largar a natação de jeito nenhum. Eu brincava com a minha mãe colocava nose (aquela peça que fecha as narinas) e brincávamos só eu e ela, então com aquilo eu já estava mais acostumada. Mas a transição foi bem mais diferente porque o nado artístico exige muito tempo de treinamento. Na natação a gente treinava 2 horas a gente já estava com o nosso treino concluído e o nado artístico exige 6 horas por dia.”

Sobre a paralisação devido ao COVID-19 Luisa falou que atrapalha bastante. “O nado artístico é um esporte que exige muito de você estar dentro da piscina, então não estar podendo cair na piscina tem atrapalhado bastante, com certeza não tem como dizer que não atrapalha. Nós somos peixes e precisamos estar na piscina. Eu tenho feito trabalho físico que o Time Brasil me passou. Eles me passaram um trabalho específico para eu fazer em casa, eu faço dois treinos por dia, um de manhã e um de noite. Busco não ficar parada, marcar coreografia, ouvir a música, ver vídeos antigos”

Sobre os vídeos antigos a atleta disse que filmam os treinos para ajudá-las a ver aonde estão errando. “Durante o nosso treinamento a nossa técnica está com o tablet ou iPad e ela filma, até porque algumas vezes a técnica fala ‘você está com a perna mais para cá’ só que você não consegue entender muito bem, entendeu? Você não consegue executar, então quando você enxerga isso, você vai lá e modifica. Eu acho bem positivo o feedback desse tipo.”

Sharon perguntou também se dava para viver como atleta do nado artístico e se existe diferença na captação de patrocínio entre masculino e feminino. “Com certeza existem etapas, você é uma atleta olímpica, você é uma atleta internacional da seleção… Existe isso, é diferente até porque existem formas de treinamento diferentes então eu acho justo ocorrer isso. Mas atualmente nós somos adultas, então a gente tem que acabar conseguindo se sustentar de certa forma dentro do esporte, se não a gente não consegue ter esse retorno na nossa vida. Então atualmente eu sou, também, atleta da Marinha do Brasil, eles me dão um apoio também. Eu acho que com isso a gente vai tentando auxiliar tudo. E por conta do masculino, ele iniciou agora, eles estão começando a tomar espaço dentro do esporte, então acredito que com o tempo eles também vão começando a tomar conta dessa parte mais financeira.”, completou.

E sobre o sentimento de estar na abertura da Olimpíada do Rio a Luisa disse que não acreditou e que ficou bastante emocionada. “Quando eu cheguei na vila olímpica eu já fiquei ‘caraca, está acontecendo! Eu não acredito que está rolando finalmente’ eu fiquei muito emocionada quando eu pisei na vila olímpica. Mas eu já tinha esse feedback, me falaram que na abertura que realmente você sente que você tá lá. Então foi muito emocionante, foi de outro mundo a abertura dos jogos olímpicos de 2016, porque todos os atletas estavam anestesiados e todo o Maracanã estava gritando para o Brasil porque era o carro-chefe. Foi muito emocionante mesmo.”

Ela comentou também sobre esse clima de ter o Maracanã cheio de olho nela. “Antes de entrar no Maracanã estava muito ‘irado’, todo mundo lá fora estava cantando o hino, porque demora para você ser chamado. A gente esperou no Maracanãzinho, então existe essa fila e a gente indo já estava cantando, foi muito ‘irado’!

E sobre a vivência nas vilas olímpicas foi perguntada se a galera curte ou se concentra mais para os jogos. “Todo mundo fala ‘ah jogos olímpicos’ existe essa fofoca de certa forma, mas eu acredito que existem atletas e atletas. Tem gente que está lá e realmente está focada no seu objetivo, por exemplo, eu digo por mim, eu realmente estava focada no que eu queria, eu sabia que eu queria dar o meu 100%, então eu não deixei coisas que aconteciam lá me desfocarem. Mas acontece que eu não vi muito o que falavam de festinha, existem pessoas que realmente são meio exaltadas, mas todo mundo tem respeito ao próximo que vai competir no dia seguinte, então não vai ficar fazendo barulho já que no dia seguinte vai competir, é uma justiça. Lá embaixo tem uma área que todo mundo pode ver televisão, torcer, isso é bem legal. Fica passando todas as competições então da pra gente descer e torcer por alguém que a gente quer ver a prova.”

ST


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