Infectologista que auxilia a FERJ ainda acha cedo para o retorno aos gramados

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O infectologista Celso Ramos Filho, que auxilia a FERJ nas questões médicas e participou da reunião com os clubes, concedeu uma entrevista ao Globoesporte.com. O médico falou da atual situação da pandemia. dizendo que “no momento, futebol nem pensar.” E que ainda acha cedo para o retorno aos gramados, já que “a curva do coronavírus continua aumentando.” Celso presta serviços para a FERJ e para o prefeito Marcelo Crivella, além de ser professor de Doenças  Infecciosas da UFRJ.

Confira a entrevista:

Como foi a reunião?

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Foram mais de 30, quase 40 médicos, do Madureira, do Friburguense, de clubes com realidades diferentes. Isso é importante, porque a realidade do Flamengo e do Madureira são coisas distintas. Tem um lado que se um jogador adoece é manchete. No outro o jogador chega de ônibus. São realidades distintas até do ponto de vista do convívio do atleta fora do clube. Gostei muito da experiência. Um grupo de médicos, com pessoas interessadas, preocupadas com atletas. Na reunião lá atrás com dirigentes (a da paralisação da competição no dia 16 de março) só ouvi preocupação com as finanças do clube. Nessa não ouvi nenhuma. “Ah, o médico não é responsável pelas finanças”… Não, não é, mas foi importante discutir série de pontos. A comissão vai fazer documento que vai passar por mim, mas não estou pretendendo ter poder de veto, nada disso, mas depois será levada para outra reunião, na quarta.

Que tipo de dúvidas levaram para o senhor?

Sou especialista em doenças infecciosas. Eles são especialistas em medicina esportiva, outro em ortopedia, sei que o Serafim (do Flamengo) é cardiologista. O que fiz foi esclarecer algumas coisas sobre a minha visão do que vai acontecer no comportamento da pandemia. Explicar a eles as diferenças entre vários testes que existem. Não pode um usar um equipamento para fazer teste, outro usa outro equipamento e um terceiro outro.

Qual a diferença entre os testes? Houve definição sobre qual teste?

Não sei o que eles vão definir, o que vão fazer. Mas expliquei que há três tipos de testes. O PCR, que é esse que está basicamente sendo usado, no qual você usa o muco da secreção nasal, tem que enfiar espécie de cotonete grande no nariz da pessoa. Existe o teste rápido, que você usa uma gota de sangue, que é feito na presença do paciente. E o teste clássico sorológico, que você colhe o sangue, manda para o laboratório e demora mais tempo para obter o resultado. Esses testes têm características diferentes, medem coisas diferentes e têm aplicações diferentes.

Existe até uma expectativa de jogos no fim de maio sem público. É possível imaginar isso? O senhor fez alguma previsão sobre o comportamento da pandemia?

Não foi discutido comigo, até porque nisso entra a CBF no meio. O Carioca você pode resolver em duas semanas. Mas é muito difícil fazer qualquer previsão. A pandemia não tem data nem para começar nem para terminar. Vamos ter ainda transmissão comunitária. Por quanto tempo? Posso dizer com experiências que temos de outras epidemias de outros vírus, não leva menos de dois meses, dois meses e meio para passar (a transmissão).

Mas essa contagem seria a partir de quando? De março?


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