Hoje é dia do Fluminense – Washington de Assis
Hoje é o dia do Fluminense. Instituído pelo governador Sérgio Cabral, em 2007, o dia 12 de novembro passou a ser muito especial para os tricolores. Hoje comemoramos o “Dia do Fluminense”. E não para por aí. Quis o destino, ou não, nesta data também fosse comemorado o nascimento do ídolo, e carrasco, Assis – morto em 2014, e que completaria 68 anos nesta quinta-feira.
“Torcer para o Fluminense é uma maneira de você olhar para o seu vizinho e dizer: “sou melhor que ele” , disse Nelson Rodrigues, em uma de suas incontáveis frases que escreveu sobre o Fluminense. Hoje, é o dia da reafirmação: Sou tricolor, sempre fui tricolor. Eu diria que já era Fluminense em vidas passadas, muito antes da presente encarnação”. Alias, hoje e sempre.
O Flu ainda está longe se ser aquele clube retumbantes de glórias e de vitórias mil. Pelo contrário. Está iniciando, finalmente iniciando, um período onde arrumar a casa se faz mais importante do que montar times de “fachada”, que futuramente tumultuarão mais ainda o nosso ambiente. Hoje, o orgulho de ser tricolor, ecoado nas arquibancadas do Maraca, reascende o significado que encontramos quando, no final da década de 90, pessimamente liderados, fomos conduzidos às trevas. Hoje o sentimento de ressurgimento reflora e, aos poucos, vai tomando conta dos tricolores.
Sabemos que será difícil. Não somente esse, mas os próximos anos que batem à nossa porta. Somos bombardeados, semanalmente, por processos de profissionais que exigem seus direitos na justiça (não entro no mérito, mas se eles tem direito, tem que correr atrás mesmo). Dos mais recentes, Marcelo Oliveira, Marcos Calazans, Airton… Além de outros tantos que sufocam nosso dia a dia. Por isso que vejo uma covardia quando ouço: “Vamos vender João Pedro para pagar salário do Nene” ou algo nesse sentido. Para os tricolores mais vorazes eu relembro: não, o Flu não precisa vender a sua base para pagar o seu presente. O Flu precisa vender sua base para pagar o seu passado. E isso é a realidade que primeiro precisamos entender, para só então, depois conseguirmos evoluir.
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É tipo simples assim, se fossemos colocar num trocadilho de botequim: o Flu vende seu futuro para pagar seu passado. É triste, mas é a realidade. E seria muito importante que o tricolor entendesse de vez que o momento é de transição, e que o clube precisa de seu apoio, de cada um. Sem isso, esse momento pode até durar mais do que se queira, ou imagina.
Mas somos Fluminense. Somos a história. E por falar em presente, passado e futuro, minha mente me deixa escapar outro frase imortal de Nelson: “Se quereis saber o futuro do Fluminense, olhai para o seu passado. A história tricolor traduz a predestinação para a glória”. É, Nelson. Precisamos cada vez mais acreditar que nossos dias de glórias estão ali, dobrando a esquina.
Ainda testemunharemos o dia em que não precisaremos vender nosso futuro, para pagar o passado. E veremos Pedro Rangel, Luan, Higor, Arthur, Metinho, Samuel, John Kennedy, Martinelli, Andre, Calegari…. todos defendendo nossas cores. E lutando na parte alta de tudo. Como sempre foi. Como sempre tem que ser.
O Flu não é um estranho no G4. Estranho é ver o Flu tanto tempo longe de lá. Me despeço hoje, deixando aqui um texto de Artur da Távola, tricolor ilustre:
“Ser Fluminense é entender esporte como bom gosto. É ser leal sem ser boboca e ser limpo sem ser ingênuo. Ser Fluminense é aplicar o senso estético à vida e misturar as cores de modo certo, dosar a largura do grená, a profundidade do verde com as planuras do branco.
Ser Fluminense é saber pensar ao lado de sentir e emocionar-se com dignidade e discrição. É guardar modéstia, a disfarçar decisão, vontade e determinação. É calar o orgulho sem o perder. É reconhecer a qualidade alheia, aprimorando-se até suplantá-la.
Ser Fluminense não é ser melhor mas ser certo. Não é vencer a qualquer preço mas vencer-se primeiro para ser vitorioso depois. É não perder a capacidade de admirar e de (se) colocar metas sempre mais altas, aprimorando-se na busca! E jamais perder a esperança até o minuto final.
Ser Fluminense é gostar de talento, honradez, equilíbrio, limpeza, poesia, trabalho, paz, construção, justiça, criatividade, coragem serena e serenidade decidida.
Ser Fluminense é rejeitar abuso, humilhação, manha, soslaio, sorrateiros, desleais, temerosos, pretensão, soberba, tocaia, solércia, arrogância, suborno ou hipocrisia. É pelejar, tentar, ousar, crescer, descobrir-se, viver, saber, vislumbrar, ter curiosidade e construir.
Ser Fluminense é unir caráter com decisão, sentimento com ação, razão com justiça, vontade com sonho, percepção com fé, agudeza com profundidade, alegria com ser, fazer com construir, esperar com obter. É ter os olhos limpos, sem despeito, e claro como a esperança.
Ser Fluminense, enfim, é descobrir o melhor de cada um, para reparti-lo com os demais e saber a cada dia, amanhecer melhor, feliz pelo milagre da vida como prodígio de compreensão e trabalho, para construir o mundo de todos e de cada um, mundo no qual tremulará a bandeira tricolor”.
ST