Fernando Diniz – coletiva do novo treinador tricolor

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Fernando Diniz foi apresentado hoje, no final da manhã, no Centro de Treinamento do Fluminense. Ao lado do diretor de futebol Paulo Angioni, o novo comandante tricolor atendeu aos jornalistas e falou sobre diversos temas, dentre eles o seu retorno ao Flu e sua forma de trabalhar. Confira a entrevista completa:

–  Sem dúvidas, eu acredito sim, que esse seja o maior desafio da minha carreira. Motivo, claro, eu tenho uma história no clube e decidi de fato com o meu coração. Desde o inicio da conversa eu tive muita vontade de vir e a ideia foi amadurecendo. Eu tenho a certeza que eu fiz a melhor opção. Tanto da parte do clube, quanto da minha parte.

– A presença do Paulo aqui também pesou na decisão. Já trabalhei com ele, sendo meu diretor, em três oportunidades. O Paulo Angioni prometeu o de sempre. Muita ajuda, muita entrega, somos amigos há mais de 20 anos, sempre mantemos contato. A figura dele pesou muito para eu aceitar o convite. Prazer, alegria, dá confiança para superar as dificuldades que eu tenho certeza que a gente vai ter.

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Em relação aos problemas vividos pelo Flu:

– Para tudo tem uma solução. Chego sabendo dos problemas do Fluminense, das dificuldades que se encontra. Fluminense precisa de ajuda e de fato eu vim para ajudar, para colaborar. É um clube que eu tenho muita identificação, eu tive o maior orgulho e foi uma honra defender o Flu por três anos da minha vida, e a gente teve uma história muito bonita. Espero resgatar essa história que eu tive no Fluminense e dar minha colaboração para o clube viver dias melhores.

Volta ao Flu como técnico:

– Sou uma pessoa muito intuitiva. Não lembro de falar (que voltaria ao clube como técnico), naquela época nem me imaginava treinador, mas estou muito feliz de poder confirmar algo que falei e nem ter lembrado de ter falado. É uma alegria muito grande estar aqui. Estou muito feliz, confiante e muito disposto a trabalhar.

Sobre a oscilação na carreira e, sobretudo, o insucesso no último trabalho:

– Na realidade eu não me coloco para provar, por conta dessa pressão externa. Eu acredito que a minha carreira sempre foi questionada desde que eu comecei em 2009, já vou fazer 10 anos como treinador,  na terceira divisão de São Paulo, e estou aqui hoje. Quando você faz algo diferente, existe um certo estranhamento, causa uma certa dúvida nas pessoas, principalmente quando tem alguns momentos de queda de rendimento da equipe. O Athletico-PR está aí, foi sexto no Brasileiro e Campeão da Sul-Americana. Embora eu tenha deixado a equipe, numa situação no brasileiro não muito boa, mas o trabalho foi desenvolvido, tinha uma identidade muito boa, mas precisava de tempo para os resultados acontecerem, e o time terminou bem o ano.

A oportunidade de vir para o Flu:

– Eu acredito que minha carreira está evoluindo. Hoje eu estou muito mais maduro do que eu estava no ano que cheguei no Athletico, que foi uma experiência ótima. Nós tivemos um começo mágico e um final que não foi muito bom. A oscilação foi uma coisa que não conseguimos ter muito controle no Athlético, mas ficou uma semente forte lá, uma maneira de jogar ficou muito bem sedimentada. O novo treinador assumiu o time e deu sequência, e os resultados vieram. Precisávamos de mais tempo para que os resultados aparecessem, e acabou aparecendo nas mãos de outro treinador. Mas o trabalho eu tenho certeza que foi muito bem sedimentado nesses seis meses que eu fiquei lá.

Problemas que ocorrem do Flu:

– Tudo foi pesado, estou muito feliz de ter tomado a decisão. Eu sei, muito superficialmente, o que está acontecendo na política, que não é da minha alçada. De uma maneira em geral eu sei dos problemas políticos que o clube está enfrentado, Mas estou muito feliz com a decisão tomada. Ela partiu do meu “feeling“, partiu da minha intuição. Um desafio que eu santi que eu tinha que aceitar e estou muito feliz com isso, e preparado para encarar.

Sobre elenco e reforços:

– Muito prematuro ainda essa conversas sobre os jogadores. Tem algumas indefinições sobre o elenco do ano passado e nós já estamos buscando no mercado peças que possam vir nos ajudar a fazer um ano de 2019 melhor do que esse que terminou. Rodolfo trabalhei pouco com ele, sabe jogar com os pés, é um bom goleiro, mas foi por pouco tempo, pois ele acabou vindo para cá. Daniel teve boa passagem comigo em 2016 no Oeste, jogador muito técnico. Podemos ter a proximidade de se reencontrar aqui de novo. Estamos mapeando o mercado. Ontem sacramentamos a minha chegada, e a partir de hoje tentamos formar o melhor elenco possível. Tenho conhecimento de mercado sim.  Sabemos que para jogar no Fluminense temos que escolher bem, em um tipo de pressão diferente. Como temos poucos recursos financeiros temos que conseguir achar com um olhar bastante critério para acertarmos.

O clube ideal para mostrar seu valor:

– Clube ideal não existe para ninguém. A gente sempre busca chegar no ideal. Temos que nos moldar à realidade para fazer ela virar algo ideal. Sei as condições que o Flu tem para me oferecer. Acredito na força do trabalho, na força coletiva e chego mais maduro, e estou muito confiante.

O que podemos esperar:

– Todos os treinadores que eu tive me deixaram uma marca. Meu pilar central é a preocupação com o jogador. Se a gente consegue melhorar o jogador a gente consegue melhorar o jogo. A torcida pode esperar muito trabalho. Trabalhar com futebol para mim é terapia, me dá prazer. Dedicação, intensidade e um carinho enorme pela torcida. Tenho lembranças maravilhosas. Chegamos perto das finais dos Brasileiros em 2000, 2001 e 2002. Me sinto voltando para casa. Tenho identificação com a história do clube. Me lembro muito a ”Máquina Tricolor” na década de 70. Não teremos uma ”Máquina” agora, mas é um estilo de futebol bem jogado que eu busco’.

– Tive muito tempo para ver jogos nos últimos meses, o curso da CBF. Coisas que reforçam o que penso, coisas que precisam de ajustes. O mais importante você não aprende em curso. É a condição humana, como tratar o grupo. A importância maior do curso da CBF foi a atmosfera criada, a convivência entre os treinadores. Momento de estudo, muitas horas, muita informação e teoria. Mas a atmosfera entre os treinadores une mais a classe. Foi um grande prazer participar. Esse respeito que tivemos lá une mais a classe.

Estilo de jogo

– Acredito muito que é possível implantar o sucesso do Audax. É preciso tempo. Com o Athletico chegamos a ter 11 partidas de invencibilidade, perdemos pela primeira vez no dia 5 de maio. Depois de um mês, o trabalho maravilhoso era trágico. Essa oscilação das pessoas no futebol eu não tenho. Meu olhar é mais frio. Sei que as derrotas causaram insegurança e geraram minha saída. Mas, em termos de conteúdo, tinha muita coisa boa e muita coisa a melhorar. E nesse tempo em procurei me aprimorar e espero poder implantar aqui no Fluminense.

– Tenho que melhorar o que venho fazendo. Acreditam que falta de qualidade dificulta a implantação do meu estilo de jogo. Tendo a achar que é ao contrário. Quero facilitar para os jogadores terem prazer e coragem de jogar. O jeito de jogar que proponho é para facilitar. Quando tem qualidade técnica e humana, tem mais chance de ganhar. Mas o estilo de jogo faz parte da solução. A essência do jogo que eu proponho se adapta ao jogador independente da qualidade técnica, que as pessoas julgam.

ST

Fonte: ST e Globo Esporte

 


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