EXCLUSIVO – Tenório fala sobre projetos, coligações e seus planos para o Fluminense
A data das eleições vão se aproximando e nosso portal inicia nova fase na Cobertura Especial, trazendo as entrevistas com os candidatos a presidência do Fluminense. Hoje Ricardo Tenório inaugura essa série de entrevistas, e fala sobre seus planos para o Flu. Confira, com exclusividade, o que disse o candidato:
Saudações Tricolores: Primeiramente obrigado por nos receber aqui. Gostaríamos que você começasse falando sobre essa possível parceria com Ayrton Xeréz. Já foi sacramentada, ou em que pé que estamos, com esse assunto?
Ricardo Tenório: Primeiro eu que agradeço a oportunidade, dada pelo Saudações Tricolores, em poder dizer ao torcedor tricolor de tudo um pouco, dessa minha campanha à presidência do Fluminense. Dentro da minha linha de união, não poderia deixar de ser, a sinergia com a campanha de Airton Xerez era completa e a gente entendeu ter muitos pontos em comum e, dentro dessa unidade, montamos essa união em prol do Fluminense. E, evidentemente, ali não tem nenhum tipo de personalismo, e o Xerez entendeu muito bem. É uma fusão, uma união de idéias. Há uma sinergia muito grande, pessoas lá capazes de ajudar na área financeira, jurídica, enfim de diversas áreas, capazes de ajudar o Fluminense com toda a expertise de mercado.
Você conhece nosso canal no Youtube? Clique e se inscreva! Siga também no Instagram
Saudações Tricolores: E nessa chapa você viria como presidente e o Xerez comporia como vice, seria isso?
Ricardo Tenório: Não. Eu viria como presidente, como cabeça de chapa, e o Xerez por motivo dele, não viria como vice-presidente geral, mas sim com uma vice-presidência institucional. E a gente está traçando isso, uma forma de comunicarmos isso bem, para que todos entendam a grande contribuição que o Ayrton pode dar ao Fluminense, e à campanha agora nesse momento.
ST: Sobre a saída do triunvirato, formado por Mário Bittencourt e Celso Barros.
RT: Como eu já disse, o Triunvirato perdeu a essência. Ele era a união de três pessoas, em torno de um projeto que fizemos juntos, em benefício do Fluminense. Esse projeto não tinha nenhum personalismo, a ideia era a gente caminhar junto, em oposição a tudo isso que vem acontecendo no Fluminense, nesses últimos anos. Só que, em um dado momento, houve uma antecipação de eleição, e isso tornou o processo um pouco personalista, e os critérios que se desenvolveram ali, em cima da escolha do candidato, foram únicos e exclusivos de uma pessoa só. E quando eu vi que isso estava acontecendo, eu vi que a essência do Triunvirato deixou de existir e eu resolvi tomar um caminho diferente. Eu acredito que eu tenha hoje a capacidade de liderar esse processo, que é o que o Fluminense precisa.
ST: Falando um pouquinho do Ricardo Tenório. Conta um pouco da sua história, da sua história com o Fluminense. Quem é o Ricardo Tenório?
RT: Sou empresário, tenho 58 anos, casado com 3 filhos e 2 netos, todos tricolores. A minha história dentro do Fluminense começa desde cedo. Fui morador de Laranjeiras, desde que nasci meus pais eram sócios e frequentavam o clube, e eu ia para as escolinha de natação, judô, basquete, enfim… Tinha uma vida social dentro do Fluminense. A partir de 2004, eu passei a ter uma vida dentro da política, quando houve a primeira eleição direta, que os sócios puderam votar, antigamente era o conselho que elegia o presidente. Em 2009 eu fui convocado, a gente era oposição ao, então presidente, Horcades e eu fui convocado por ele, após uma declaração do vice de futebol do momento, infeliz, e a gente entrou numa situação de muito risco. E agora eu gostaria de fazer um parênteses, porque se eu tivesse alguma pretensão política pessoal, eu não entraria numa situação dessas. Eu fui para ajudar o Fluminense, como sempre fiz nas vezes que estive lá. E tivemos um sucesso muito grande, conseguimos ajudar o Fluminense. Era 1% de chance de alcance de sucesso e, evidentemente, todos os jogadores, comissão técnica e toda a diretoria teve o mérito daquela arrancada. Logo depois, em 2010 eu já fui oposição, à essa situação que até hoje perdura, a esse grupo e à essas pessoas que lá estão. Em 2013, com aquela campanha terrível, em que seríamos rebaixados, mas aí teve aquele imbróglio com a Portuguesa, que nos manteve na série A e eu fui novamente convocado. Existia uma cisão muito grande entre o presidente do clube e o da patrocinadora, eu entrei nessa história meio que para tentar apaziguar essa situação, mas foi impraticável e a gente viu no que deu. Foram 4 meses tentando ajudar o Fluminense, mas não consegui, em função desse problema político, da gestão estar em conflito. Em 2016, entendendo que eu podia contribuir novamente com o Fluminense, tinha uma candidatura mais ou menos encaminhada, quando que resolvi apoiar a candidatura, já em processo, do Mário (Bittencourt) onde a gente entendia que aquelas pessoas que lá estavam não poderiam continuar. Esse entendimento estava correto, e infelizmente a gente não venceu. Agora, em 2019, eu tô nessa posição com intuito e capacidade para liderar esse processo de mudança e união que o Fluminense precisa.
ST: Em relação as gestões de Pedro Abad e Peter Siemsem. Qual seria a sua avaliação, ou quais seria os principais erros que nos conduziram o Flu até essa situação que a gente se encontra hoje?
RT: O Fluminense tem essa situação de autoflagelo político. As pessoas vivem um Fla x Flu interno. O Peter, quando assumiu em 2011, até tentou implementar um projeto de ideias, até bem importante na verdade, mas foi engolido. E pelo temperamento dele também, ele não tinha a condição necessária para fazer essa mudança e a gente está vendo no que deu. Ele fez o sucessor, e eu costumo dizer, num estelionato eleitoral. Isso porque a gente entendia que o Fluminense estava, naquele momento, com as finanças equilibradas, que estava no caminho certo, e o que se viu foi um desastre. Então o Peter começou isso e o Abad foi a consequência desse desastre.
ST: Qual é o seu principal objetivo da sua gestão, uma vez eleito?
RT: Unir as forças políticas do clube e criar processos administrativos, para que o Fluminense entre na modernidade. Hoje a gente vive um caos administrativo e um caos político. Eu acho que a gente só perde para gente mesmo. A gente precisa ter o torcedor de volta, trazer o torcedor para marca, abraçar o Fluminense. O torcedor teve agora, esse final de semana, uma emoção profunda. E você tem que explorar isso, no bom sentido. Eu sofri, chorei e igual a mim o torcedor a mesma coisa. A gente sofre, a gente chora. Então a gente precisa comunicar isso melhor. O Fluminense é muito grande, a gente precisa trazer esse torcedor para dentro do nosso projeto, que não é um projeto político e nem um projeto pessoal. É um projeto de reerguer o Fluminense, de trazer de volta a história do Fluminense de volta. Essa história de “novo” Fluminense não existe. Não existe um “novo” Fluminense, existe uma história de 117 anos. Como pode isso ser abandonado? A gente é um clube centenário, um clube de uma marca fantástica. E trazer o torcedor de volta, para que a gente reerga o Fluminense é o principal objetivo.
ST: Nesse primeiro desafio. Sentou na cadeira da presidência, onde os esforços serão concentrados? O primeiríssimo ato de gestão?
RT: Nós vamos pegar um carro andando, com o Campeonato Brasileiro com nove rodadas, a gente tem a expectativa de estar numa posição digna, mas tem que se ter muito cuidado na hora de se tomar as decisões. O maior problema do Fluminense é financeiro. Além da comunicação com o torcedor, a gente tem um problema financeiro grave. A gente viu ai, na última demonstração do balanço, o passivo na casa de R$ 800 milhões, quase 1 bi. A gente tem uma dívida de curto prazo que engessa o clube, e isso a gente tem que sentar com credores, criar procedimentos, e paralelo a isso criar um plano de recuperação financeira para que o Fluminense, em médio longo prazo, se torne clube investidor. Um clube que consiga ter capacidade financeira, dentre os grandes competidores hoje, do futebol nacional. Esse é o objetivo.
ST: Entrando agora na seara da governança do clube. Se fala em administração das finanças, de fato muito importante, e a torcida se pergunta se há a necessidade, ou se você enxerga como positiva, alguma alteração estatutária, no sentido de que se possa ter mais transparência nas finanças do clube. Você pensa alguma coisa nesse sentido?
RT: Uma coisa são as finanças do clube estarem transparentes e você ter uma governança dentro da sua administração. Procedimento a gente não tem, então temos que criar para que possa gerar governança e que possa dar transparência às pessoas que estão de fora que estão ou querendo saber o que está acontecendo ou até mesmo investir no clube, porque senão a gente não consegue trazer parceiros para isso. A reforma estatutária ela é necessária, não só do ponto de vista de gestão do clube, mas do ponto de vista político. A gente precisa dar mais pluralidade ao nosso conselho, para que ele tenha voz ativa, para que a gente consiga criar mecanismos de fiscalização efetivos, para que o presidente não seja um soberano e nem esteja lá como um déspota A gente precisa ter um Fluminense plural, e eu pretendo fazer isso com pessoas que realmente querem ajudar, que já tem ideias. Nós temos advogados brilhantes, juristas. O Fluminense tem muita gente boa, querendo ajudar, e isso é importante.
ST: E nessa equipe de gestão, que você pretende montar, você pensa em contratar profissionais remunerados, para exercer as funções, se sim de que forma fariam, e qual a importância de se reunir pessoas capacitadas em suas áreas? Qual a importância de se cercar desses profissionais?
RT: O Fluminense tem bons profissionais. Tanto no futebol, quanto na área administrativa, nos Esportes Olímpicos, no social. Evidentemente o que falta são procedimentos e a gente precisa unificar isso. As unidades do Fluminense precisam conversar, elas tem que se entender. E precisamos criar um mecanismo para que isso aconteça. O que falta é governança. Os profissionais que lá estão muitos são bons, e a gente vai reavaliar, evidentemente, alguns, mas isso é uma coisa que se faz ao longo do tempo, quando você implementa padrões de governança e procedimentos claros e transparentes. Aí sim, o mercado está aí. Existe um balizamento de cargos e salários, você pode consultar o mercado, você pode avaliar o que você tem e implementar o que estou falando. Não é nenhum bicho de sete cabeças. É chegar lá e fazer. O que está faltando ao Fluminense é isso.
ST: Talvez um mapeamento de processos, sistema integrado de gestão… Você já tem alguma plataforma desenhada, alguma coisa de concreto, está desenhando isso?
RT: Sim, já estamos desenhando isso, temos algumas pessoas envolvidas nesse projeto. A gente está com muito cuidado, para não prometer coisas que não são factíveis, sabemos que o Fluminense vive um momento delicado. A gente precisa entender, depois que entrarmos, como é que estão as contas, os contratos, para você poder tomar as atitudes que a gente entende. E aí sim, dentro do projeto, que a gente vai encaminhar, assegurar essa governança e que os procedimentos serão realmente tomados. Essa é a ideia.
ST: Para você saber onde o Fluminense está, você pensa em fazer algum tipo de auditoria? Nós vemos o Fluminense ser vítimas de penhoras na justiça. Você sabe o quanto de dinheiro que o Fluminense pode ver ser desbloqueado, para ajudar nesse momento?
RT: A palavra auditoria sempre traz uma ideia de que você quer buscar responsáveis pelo desastre. Na verdade, a auditoria em que eu penso, em que meu grupo pensa, é que a gente pense para frente. Evidentemente a gente já sabe que o desastre está aí, e temos que reconstruir isso. E uma auditoria para você entender exatamente os contratos, as relações profissionais que lá estão é super importante. Já foi feito um estudo pela Ernst Young, que parece não ter sido muito aproveitado, mas que dá um norte. Então essa auditoria seria nesse sentido, de buscar informações para que a gente consiga buscar implementar uma governança de transparência, que é o que o Fluminense precisa.
ST: Sobre Diniz. O que pensa a respeito do trabalho dele, o manteria?
RT: Sim. Eu acho que a avaliação, que comissão técnica tem que ter condição de trabalho. Tem que estar inserida dentro de um trabalho. O diálogo é importante, o profissional está lá, ele tem que dizer quais são os objetivos dele, o que ele quer, como ele vai alcançar e se está dentro daquilo que o Fluminense espera, que são títulos e vitórias. A gente não tem nenhuma intenção de mudar isso, sobretudo com o Campeonato Brasileiro andando, muito pelo contrário. O meu perfil é outro. Eu quando estive em 2009, o Cuca chegou a balançar. Quando eu cheguei, empatou a primeira, perdeu a segunda e até a coisa engrenar, deu um tempo para ele poder trabalhar. E não vai ser diferente agora. O Fenando Diniz está fazendo um bom trabalho, e a gente só pode avaliar um trabalho ao longo de um período, e não costumo avaliar nem por uma vitória épica, nem por uma derrota em que a gente acha em que ele não sabe nada. É uma relação de profissionais, em que tem que ter respeito, e entender que um projeto tem um tempo para maturar e eu não tenho dúvidas que Diniz está no caminho certo.
ST: Em relação ao diretor de futebol Paulo Angioni:
RT: Até o final do ano eu não tenho a intenção de modificar nada, a não ser que a coisa, dentro da filosofia que eu vou conversar com eles, se perca. Eu não acredito, são profissionais sérios, Angioni é um profissional do mercado, de muito tempo, muito respeitado, e eu vou ter a oportunidade de conversar com ele, conversar com o Diniz, e com toda a comissão, com os jogadores. Eu conheço bem aquele ambiente, eu vivi de uma forma muito intensa e então eu sei a sintonia fina daquilo ali. Então é tranquilidade, dar condições de trabalho. Que passemos 2019 digno, que conquiste, pois o Fluminense quando entra em campo é sempre para ganhar. E aí sim planejando paralelo a isso um 2020, que a gente tome os caminhos de vitórias e que chegue onde sempre sonha.
ST: Estádio próprio. Você pensa numa revitalização das Laranjeiras, ou na construção de um outro?
RT: O estádio próprio é a casa do torcedor, e quem decide é o torcedor. Existe o projeto de Laranjeiras, que eu conheci um pouco mais, estive lá com o arquiteto que elaborou um estudo, um diagnóstico, de revitalização das Laranjeiras. Eu acho interessantíssimo, é um patrimônio histórico, onde é o berço do futebol do Brasil e eu acho que revitalizar, para jogos de pequeno porte, futebol feminino e até eventualmente uma arena de shows, é importante para o clube como patrimônio. Além disso tem o Maracanã, que aí sim eu vou tomar conhecimento do projeto, da assinatura do contrato, em que foi feita essa parceria com o Flamengo. Até acho interessante ter essa parceria comercial com o Flamengo, mas de forma que sejamos os protagonistas da mesma forma que eles. Dai vamos sentar com o presidente do Flamengo, com o Governador do Estado, e ver qual será o próximo passo, se vai haver nova licitação. Mas a parceria já existe, vamos ver como o Fluminense acerta com a sua certidão, para que a gente, dentro do Maracanã, que é a nossa casa, seja o protagonista também. E o projeto estádio próprio, que ai seria um projeto de médio-longo prazo, a gente tem isso na cabeça, mas acho que a gente tem que ter calma, temos que ter um estudo, que eu me prontifico a fazer. E dar alternativas ao torcedor para que ele decida o local, tamanho do estádio e que, a partir disso, a gente possa desenvolver um projeto e um estudo melhor.
ST: Para finalizar, retorno de algum ídolo. Thiago Silva, Thiago Neves, Fred… É possível? Podemos sonhar?
RT: Claro que sim. Primeiro que ídolo a gente não manda embora, segundo que se puder repatriar é importantíssimo. Você viu o Thiago Silva, num vídeo que circulou na internet (assistindo e comemorando a vitória do Fluminense diante do Grêmio). Isso é sensacional, emocionante. Ele é um torcedor nosso, é Fluminense, está na veia. Uma conversa, dentro da realidade do Thiago Silva, e dentro da nossa, é claro que vai existir. Num futuro próximo, quem sabe. A gente não promete que vai trazer A ou B, a gente promete que ídolo a gente cuida.
ST: Por que Ricardo Tenório, no dia 08 de junho?
RT: Porque eu acho que eu tenho capacidade de liderar esse processo de união, um processo que o Fluminense precisa, evidentemente é difícil. Temos uma situação em que se a gente não se unir, se não tivermos pessoas capazes de ajudar o Fluminense, a gente não vai a lugar nenhum. Diferente do meu adversário, que tem um projeto personalista, e que sozinho pode resolver os problemas do Fluminense, eu já acho que não. Eu preciso das pessoas, preciso dos tricolores que queiram ajudar o Fluminense. Principalmente acabar com essas intrigas internas e fazer com que o Fluminense tenha procedimentos administrativos, governança e uma gestão muito transparente para trazer de volta o torcedor de volta para o clube.
Assista ao vídeo completo em nosso canal do YouTube: