Dois treinadores e maior aproveitamento: resumo do Fluminense no primeiro turno do Brasileirão 2022

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Com a vitória sobre o RB Bragantino, no último domingo (24), o Fluminense fechou o primeiro turno do Brasileirão 2022. O time que começou com Abel Braga, encerra com Fernando Diniz e um aproveitamento maior — 66,7% contra 44,4% do antecessor. Além disso, com 34 pontos, o Tricolor protagonizou a melhor campanha em uma primeira metade do Campeonato Brasileiro desde 2012, quando terminou campeão.

Uma semana após voltar a conquistar o Campeonato Carioca, o Fluminense estreava no Brasileirão ainda sob o comando de Abel Braga no comando. Com Abelão — que mais tarde declararia a aposentadoria da função —, o Flu somou uma vitória, um empate e uma derrota. O Tricolor havia marcado só um gol, sofrido um e ocupava o 14º lugar quando o treinador entregou o cargo após perder para o Inter, em casa, pela terceira rodada.

A diretoria então promoveu o retorno de Fernando Diniz. O ex-meia já havia comandado o Fluminense em boa parte do primeiro turno do Brasileirão 2019, mas deixou a equipe na zona de rebaixamento. Desta vez, entretanto, a história está sendo escrita de forma diferente.

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Desde que assumiu, Diniz elevou o aproveitamento do Fluminense no Campeonato Brasileiro. O treinador, que estreou na competição com um empate em 1 a 1 contra o Palmeiras no Allianz Parque, soma — por enquanto — nove vitórias, três empates e três derrotas. Até aqui, o time balançou as redes 26 vezes e sofreu 16 gols. Além disso, também viu o time arrancar da 15ª colocação na quarta rodada para fechar o turno em terceiro, ficando atrás só de Palmeiras e Atlético-MG, após emendar uma sequência de sete jogos invicto.

Posição do Fluminense ao longo do primeiro turno do Brasileirão
Melhor posição do Flu com Abel Braga foi um sexto lugar logo após a vitória sobre o Cuiabá (Arte: Lucas Meireles)

Estilos diferentes e mais eficiência

Abel Braga e Fernando tem métodos reconhecidamente diferentes de treinar. Contudo, os números do time sob o comando dos dois até se assemelham. Até mesmo a posse de bola, uma assinatura dos trabalhos de Diniz, por exemplo, caiu. Com Abel, o Flu ficava com a bola, em média, 61,3% do tempo. Enquanto que, com o atual treinador, este percentual até caiu para 59,4%, de acordo com dados do SofaScore.

Curiosamente, o número de passes trocados também caiu. Com Abel, o time trocava em média 524,3 passes contra 489,7 de Diniz. Claro que, nesta matemática entram jogos em que o Flu dominou como, por exemplo, no clássico contra o Botafogo quando chegou a trocar 730 passes e jogos atípicos como o diante do Juventude, em que só tocou 259 no campo encharcado do Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. E a média de passes certos também diminuiu de 455,3 para 415.

Conhecido pelo estilo de passes curtos e jogo de aproximação entre os atletas, Fernando Diniz também melhorou o passe longo. Com o treinador, a média de bolas longas caiu de 48,3 para 40,8 por jogo e o percentual de acertos subiu de 48% para 51,23%. Da mesma forma que média de cruzamentos, que também caiu de 23 para 17 e o percentual de acertos quase dobrou, de 12% para 23,27%.

Com Fernando Diniz, Fluminense termina primeiro turno com o terceiro melhor ataque do Brasileirão

Embora faça mais gols, o Fluminense de Diniz também finaliza menos que o de Abel Braga. Com o antecessor, o Tricolor finalizava 16,6 vezes por jogo contra 14,4 com o atual treinador. O que aumentou, no entanto, foi a eficiência para aproveitar as oportunidades criadas. A média de finalizações no gol, por exemplo, subiu de 3,6 sob o comando de Abelão para 4,8 por partida.

O número de grandes chances também subiu 0,33 para 2,06 por jogo. E o treinador viu a média de gols subir 0,33 para 1,7 gols por jogo. O Fluminense, aliás, hoje marca um gol a cada 8,3 finalizações enquanto o de Abel não marcou um gol em 50 chutes nas primeiras rodadas do Brasileirão — o único gol foi marcado pelo zagueiro Paulão (contra).

Cano terminou o primeiro turno como artilheiro do Fluminense e do Brasileirão 2022
Artilheiro do Brasileirão, Germán Cano marcou todos os 12 gols já sob o comando de Fernando Diniz. Antes só Paulão (contra) e Ganso haviam marcado para o Flu (Foto: Marcelo Gonçalves/FFC)

O estilo do Flu de Fernando Diniz também resulta em menos finalizações de fora da área, 6,75 por jogo contra 8 do time de Abel. Enquanto a média de finalizações de dentro da área se manteve estável, 8,4 contra 8,6 do antecessor.

Números quase idênticos na defesa

Em contrapartida, com Diniz, o Flu também passou a sofrer um pouco mais de finalizações por parte dos adversários. Conhecido por montar bons sistemas defensivos, o time de Abel sofria 6,6 finalizações por jogo enquanto o do atual comandante sofre 11,5. Só na vitória contra o Fortaleza no Castelão, por exemplo, foram 23.

Por outro lado, as ações defensivas permanecem praticamente iguais. Com Abel, o Flu mantinha uma média de 15 desarmes, 9 interceptações, 9,6 cortes. Já com Diniz, o número de desarmes caiu para 13,4 e o número de cortes subiu para 16,1. O que pode ser explicados principalmente pela marcação alta, que pressiona o adversário na saída e o obriga a devolver para o Fluminense sem que haja necessidade de roubar a bola.

Fabio em campo pelo Fluminense no primeiro turno do Brasileirão
Além diso, com Fernando Diniz, Fabio precisou fazer mais intervenções. A média subiu de 1,3 para 3,1 por jogo. Contra o Fortaleza, por exemplo, foram oito na vitória por 1 a 0 na Arena Castelão (Foto: Mailson Santana/Fluminense FC)

Campanhas do Fluminense no primeiro turno do Brasileirão desde 2012

Com 34 pontos em 19 rodadas, o Fluminense faz sua melhor campanha desde que conquistou o tetra em 2012. Naquele ano, o time comandando por Abel Braga terminou a primeira metade do Brasileirão na vice-liderança com 42 pontos. O treinador, aliás, também esteve à frente no primeiro turno das edições 2013 e 2017, terminando em 15º e 9º, respectivamente.

A melhor campanha, até então, havia sido em 2015, quando ainda comandado por Enderson Moreira fechou na quarta colocação com 33 pontos. Contudo, o time acabou fechando a competição na 13ª posição já com Eduardo Baptista no comando.

E embora tenha terminado lutando contra o rebaixamento em 2013, 2017 e em 2018, o Tricolor chegou — com exceção de 2013 e de 2019 — acima do meio tabela ao final da primeira parte do Brasileiro. Em 2020, com Odair Hellmann, e em 2014, com Cristóvão Borges, por exemplo, o Time de Guerreiros terminou em quinto.

Em contrapartida, a pior campanha em 2019 com 18 pontos e 16ª posição — justamente quando teve Fernando Diniz no comando durante as 15 primeiras rodadas.

Ano Pontos Posição
2012 42
2022 34
2015 33
2020 32
2014 31
2016 28
2017 26
2021 25
2018 23 10º
2013 22 15º
2019 18 16º

ST


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Lucas Meireles

Jornalista formado pela UFRRJ, apaixonado por esportes e pelas boas histórias.