Diniz fala sobre relacionamento com jogadores e estilo de jogo: “O rendimento te aproxima de ganhar”
Na segunda-feira (02/04), o técnico Fernando Diniz foi apresentado oficialmente como novo comandante do Time de Guerreiros e já iniciou os trabalhos no CT Carlos Castilho. De volta ao clube após a primeira passagem entre janeiro e agosto de 2019, Diniz promete estar numa versão melhor para ter sucesso no Tricolor. Em sua primeira entrevista coletiva concedida em seu retorno ao Flu, o treinador falou sobre sua carreira, seu estilo de jogo, os objetivos para a temporada e o relacionamento com atletas.
“Foram três anos vivendo trabalhando, aprendendo coisas novas em todos os sentidos, criando diferenciações táticas para os jogadores se sentirem mais confortáveis, buscando porque as coisas não deram certo em um time ou em outro, e eu sou uma das pessoas que mais me questionam sobre o que estão fazendo. É muita oscilação que vem de fora, então as pessoas sempre acham uma coisas vendo o jogo uma vez na televisão. Eu pego um jogo e fico vendo 6, 7 horas para procurar entender”.

Fernando Diniz assumiu o Fluminense pela primeira vez em janeiro de 2019 e naquela ocasião, não teve muito sucesso. Em 44 partidas sob seu comando, o Tricolor conquistou 18 vitórias, 11 empates e 15 derrotas, totalizando um aproveitamento de 49,2 %. Apesar do desempenho abaixo, jogadores importantes começaram a despontar nas mãos do treinador como Nino, Caio Henrique, João Pedro, Marcos Paulo e o próprio PH Ganso em seu primeiro ano no time. Sobre sua primeira passagem, o treinador destacou:
“O Nino era um desconhecido, Alan, Caio Henrique, Yony González, João Pedro, Marcos Paulo, Miguel… foi um celeiro de preparar jogadores que, praticamente ninguém, conheciam, para estourarem no cenário nacional. Teve muito resultado também naquele time, a campanha do Campeonato Brasileiro, em termos de números, não foi boa, mas teve muita coisa positiva naquele momento também”.
“É um gênio criativo (Ganso) que, por alguns motivos, não conseguiu ter a carreira que o talento dele merecia. A gente teve aquele contato na primeira passagem, eu que me meti para ele vir naquele primeiro momento, foi uma coisa que construí com o Fluminense. Acredito nele como jogador, como pessoa, e fico feliz que o Abel tenha conseguido junto da equipe ter colocado o Ganso para jogar antes de eu chegar. Ele é genial mesmo e eu fico muito feliz pelo momento que ele está vivendo”.
Conhecido por seu estilo de jogo ousado de posse de bola e que causa muita discussão no meio do futebol brasileiro, Diniz não abre mão do “jogar bonito” e não enxerga tal fator como algo separado da busca por resultado:
Você conhece nosso canal no Youtube? Clique e se inscreva! Siga também no Instagram
“Eu acho que a gente discute uma coisa que, na minha opinião, cria-se uma rivalidade totalmente sem fundamento que é rendimento x resultado. O rendimento é uma coisa que te aproxima de ganhar. Quem tem mais rendimento, vai ter mais chances de ganhar. Não quer dizer que vai ganhar, mas ter mais rendimento te aproxima das vitórias. É muito difícil você pegar um time com pouco rendimento que vai ser campeão. Quando uma pessoa tem um rendimento bom e não ganha as partidas, a gente questiona como se render bem fosse uma coisa ruim”.
Após a passagem pelo Flu, o treinador passou pelo São Paulo, Santos e Vasco. No São Paulo, Diniz teve seu melhor momento no futebol e seu pior momento fora dele. A discussão com Tchê Tchê onde o treinador disparou duras palavras ao jogador ainda repercute e perguntado sobre o tema, Diniz se explicou:
“Falei uma vez só sobre esse episódio do Tchê Tchê, e a minha relação com o jogador é muito mais do que aquilo que aparece. A minha vinda para cá tem uma participação dos jogadores, daqueles que jogaram comigo e daqueles que jogaram contra mim. O que eu faço com o jogador é uma relação amorosa que só quem fecha com o amor entende. A principal missão da minha vida é ajudar o jogador de futebol a ter uma vida digna por meio do futebol. Eu tenho uma preocupação com os jogadores que quase ninguém tem, uma preocupação de pai para filho”.
“Aquilo com o Tchê Tchê é uma situação que faço com meus filhos, então essa é a melhor coisa que posso fazer. Não acho que fiz certo, mas a gente erra com filho também. Tudo que eu faço é para que os jogadores tenham uma vida digna jogando e principalmente quando eles vão parar. Eu não quero que os jogadores voltem para a favela, para as periferias de onde eles vieram. Quero que eles tenham uma vida como eu tenho, com filho estudando. Quando a gente vai fazer um julgamento, é muito fácil. A minha história com o Tchê Tchê é muito mais bonita do que aquilo. Eu tenho muita alegria de ser como eu sou”.

Apesar de iniciar a temporada demonstrando enorme consistência defensiva, o mal desempenho da equipe nos últimos jogos marcou a queda no setor. Sobre o sistema defensivo, Diniz aproveitou para elogiar o trabalho de Abel e somou:
“Vamos fazer o possível para que a equipe fique cada vez melhor nas transições defensivas, cada vez mais coesa. Aproveitar pra agradecer ao Abel, por tudo que ele construiu, junto com a equipe, conquistou um título recentemente importante para o clube e para a torcida, e agradecer a história que ele construiu aqui”.
“A minha abordagem com os jogadores, eu vou fazer o que faço sempre, tanto com os mais experientes, quanto com os mais novos, vou implementar as minhas ideias de futebol. A prioridade do meu trabalho é fazer um trabalho direcionado para os jogadores, fazer com que eles se sintam bem, confiantes e a gente vai estruturando a equipe para que isso aconteça. Se temos um jogador confiante, com coragem para jogar, a tendência é que tenhamos um time cada vez mais competitivo para ganhar os jogos”.
Na quarta-feira, Diniz fará sua estreia à frente do Tricolor. No Maracanã, o Flu encara o Junior Barranquilla em busca de uma heroica retomada de classificação na Sul-Americana. Sobre o primeiro desafio, o treinador projetou:
“A base daquilo que eu pretendo fazer é que os jogadores se inspirem a darem o melhor. A entregar tudo o que eles tiverem de todo coração, para que possamos conseguir um resultado positivo na quarta feira, que a gente sabe que é vital para o seguimento na Sul-Americana”.
ST,
Rafa Gutierrez
