Dava para manter Tarciane? E outras atletas? – Entenda como funciona o futebol feminino no Flu e o que clube precisa para segurar seus destaques

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Por João Eduardo Gurgel e Sharon Prais

O futebol feminino Fluminense perdeu hoje uma das suas peças mais importantes – a zagueira Tarciane, que deixou o clube e acertou com o Corinthians até o final de 2022. E muitas perguntas foram feito à respeito de como o tricolor “liberou” uma de suas melhores e mais promissoras jogadoras e como funciona a modalidade. O Saudações Tricolores apurou e explicará essas situações.

Foto: Fluminense FC

O Flu iniciou o seu processo na modalidade em 2018, jogando a Liga de Desenvolvimento da CONMEBOL nas categorias Sub-16 e Sub-14 e só em 2019, a primeira competição adulta. Por conta disso, o futebol feminino tricolor ainda não é profissionalizado, o que quer dizer que as jogadoras possuem vínculo amador com o clube. Isso faz com que o clube não tenha mecanismos que impeçam uma atleta de sair caso assim desejem.

Na séria A2 não há obrigatoriedade de profissionalização e é uma transição que, hoje, não cabe nos cofres do clube – a diretriz da CBF obriga somente os clubes da A1. O atleta profissional tem um contrato específico, incluindo 13º salário, férias remuneradas, FGTS e demais garantias trabalhistas. Além disso, a Lei Pelé veda que o atleta não-profissional receba remuneração, de modo que o Flu proporcione às jogadoras algo como uma bolsa atleta ou ajuda de custo – é uma diferença formal na denominação -, além de todo suporte material necessário para os treinamentos. Viagens e hospedagem nas competições fica a cargo da própria CBF.

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Hoje, o futebol feminino do Fluminense faz um dos melhores trabalhos de desenvolvimento de atletas do Brasil, mas, como dito, ainda não é profissional, muito em virtude da:

  • Não obrigatoriedade de profissionalizar equipes que estão na A-2 (na primeira divisão é obrigatório);
  • Altos custos para profissionalizar todas as atletas do time;
  • Falta de patrocínios, parcerias e aportes financeiros (muito por conta da pandemia) o que dificulta a modalidade ser rentável ao Fluminense;

O Corinthians é um dos poucos clubes do país que profissionaliza, perante a legislação, todas as suas atletas do futebol feminino. Lá, a zagueira vai disputar a Série A do Campeonato Brasileiro Feminino (o time adulto do Flu joga a Série A2) e ter maior visibilidade, além de poder ter a oportunidade de jogar a Copa Libertadores Feminina (caso classifique), competição que as paulistas já conquistaram em 2019. Ela tem o sonho de chegar à seleção brasileira principal. Mas já vinha sendo convocada para a Sub-20 já com uma grande frequência pelas suas grandes atuações pelo Fluminense.

Tarciane apresentada no Timão – Foto: Divulgação/Cortinthians

Nossa reportagem também apurou que essa não foi a primeira vez que Tarciane recebeu propostas para deixar o Fluminense. Outras grandes equipes do Brasil já requisitaram a jovem e lhe ofereceram vínculos profissionais, porém, a defensora não achou que era o momento certa de aceitar qualquer uma das propostas e permaneceu no Fluminense. Até hoje.

O Flu ficou de mãos atadas na situação da proposta que Tarciane recebeu, pois não podia impedir a saída da jogadora, o que só restou liberar a zagueira e torcer para o seu sucesso.

Como o Flu pode conseguir profissionalizar a modalidade?

O futebol feminino cresce bastante em todo o mundo. E também no Brasil. Mas ainda precisa de bastante apelo do público, do torcedor, engajamento e visibilidade para que as equipes consigam parceiros e patrocínios. Tendo aportes financeiros, as equipes conseguiram profissionalizar suas atletas e com contratos vigentes, a possibilidade de perdê-las para outras equipes fica somente mediante à uma proposta de compra. Por isso é importante cada vez mais o torcedor consumir, assistir e apoiar o futebol feminino

Contudo, caso o tricolor consiga o acesso para a Série A1, obrigatoriamente, terá que profissionalizar suas atletas. E com isso, a folha salarial aumenta e os custos da modalidade também.

Desde 2019, por exigência da Conmebol, os clubes classificados para a Libertadores masculina só disputam a competição se tiverem um time feminino. A CBF, no mesmo ano, adotou regra semelhante para as equipes da Série A do Brasileirão. Com isso, o Fluminense foi um dos clubes que precisou de adequar e montou o projeto em parceria com o Daminhas da Bola, da técnica Thaissan Passos.

ST


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