Chance de Ouro – Os desafios do novo modelo de cotas de TV
Muito se falou, e ainda se fala até hoje, sobre o desequilíbrio das cotas de TV, para os clubes da série A do Brasileirão, e o que isso acarreta esportivamente no cenário nacional. A simples prerrogativa de se pagar mais aos que, supostamente, tem maior torcida, a meu ver, não é só equivocada como injusta.
Dividir os clubes pelos supostos tamanho de suas torcidas, além de ser uma fórmula antiquada, não traz à tona os verdadeiros números. E isso explico de forma natural. Se pegarmos os números de torcedores que os clubes alegam ter, teremos muito mais torcedores do que brasileiros. É tipo simples assim mesmo.
O novo modelo de gestão apresentado em entrevista pelo diretor de direitos esportivos da empresa, Fernando Manuel Pinto, expõem novidades que, em muito, serão fruto de gestão esportiva individual de cada clube. Nesse trecho da entrevista, Fernando fala sobre as principais mudanças:
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“Você migra de um formato onde alguns clubes tinham valores fixos assegurados para um modelo onde a remuneração de um clube está ligada à participação dele na Série A. É uma soma de quatro fatores absolutamente variáveis. Pela presença na Série A, uma parcela que depende de números de jogos exibidos, uma parcela ligada ao mérito esportivo porque depende da posição final do clube no campeonato, e uma quarta parcela que depende da venda daquele clube no pay-per-view. Creio que os clubes têm um cenário desafiador, que da mesma maneira que o novo modelo trouxe mais meritocracia e projeta mais equilíbrio e divisão de recursos baseados em meritocracia esportiva e comercial, também impõe mais desafio de gestão financeira e estratégica na exploração de ativos.” diz o diretor.
Ou seja, mais do que nunca termos um time competitivo, com ídolos e que dispute títulos, poderá – somente nas cotas de TV – trazer maior retorno financeiro. Isso numa teoria de botequim simples: se o clube está disputando títulos, a TV aberta terá interesse em transmitir mais dos seus jogos; o que por sua vez trará mais audiência; que por sua vez trará uma visibilidade maior; que por sua vez valorizará a marca no mercado; que por sua vez trará mais dinheiro para reinvestir no futebol; que por sua vez fará um time mais competitivo, que dispute títulos; que por sua vez a TV aberta terá mais interesse…. e ai vira um ciclo vicioso do bem.
Cada vez mais a gestão esportiva será exigida em todos os aspectos. Para cota de patrocínios, master e demais; para atração de ídolos, de mais sócios, de times mais competitivos. Se o clube hoje estacionar, e não entender a mudança que está sendo proposta, se não acordar AGORA, depois pode ser tarde demais e a diferença para os demais ser inatingível.
Não podemos nos apequenar em momento tão importante. Temos que ser ousados, mas responsáveis. Temos que buscar montar uma equipe forte, com nomes que tragam público – dentro dos estádios e TV – temos que voltar a ser interessantes ao mercado, a ponto de valorizarmos a nossa marca.
Queremos voltar a torcer por times que brigam por títulos, e não sofrer com a parte de baixo da tabela. E agora, mais do que nunca, o dirigente que entender isso, larga na frente nesse novo modelo.
Abs e ST
Washington de Assis