Análise Tática: Transição ofensiva é o principal problema do Flu

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O Fluminense conseguiu um empate em 1 a 1 com o Palmeiras, na última quarta-feira (12), no Maracanã. Mas o Tricolor voltou a apresentar as dificuldades que tem sido responsáveis pela queda na produtividade ofensiva. Sobretudo na transição da defesa para o ataque.

Para o confronto contra o Palmeiras, o técnico Odair Hellmann fez duas alterações em relação a derrota por 1 a 0 para o Grêmio. Michel Araújo e Fred entraram nos lugares de, respectivamente, Yuri e Marcos Paulo.

Assim, o treinador abriu mão da formação com três volantes. No entanto, nem mesmo a entrada do polivalente uruguaio — que começou como terceiro homem de meio-campo e terminou como volante — fez o Tricolor ser mais agressivo no ataque.

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O Fluminense continua a sair a bola a partir da defesa, como faz desde que era treinado por Fernando Diniz. Mas a falta de aproximação dos jogadores — deixando o meio-campo esvaziado — e de velocidade na troca de passes faz com que o time tenha dificuldade em propor o jogo. O problema, inclusive, vem sendo recorrente desde o início da temporada. Mesmo quando enfrentou equipes de menor investimento no Campeonato Carioca.

Contra o Palmeiras,  por exemplo, o Fluminense chegou a ter 62% de posse de bola no primeiro tempo. De acordo com o Sofascore, site especializado em estatísticas, trocou 429 passes ao longo do jogo. Mas a maior parte destes foi para o lado ou para trás. Isolados, os jogadores dificilmente optam pela jogada individual.

Transição ofensiva do Fluminense
Na primeira boa chegada do Fluminense, Yago Felipe recebeu de Nenê e acelerou pelo meio. Mas a falta de amplitude impediu que o time abrisse a defesa palmeirense.Neste momento não havia ninguém aberto pelo lado direita (Foto: Reprodução/Rede Globo)

Dificuldade de propor, mas também de contra-atacar

No Internacional, Odair Hellmann se destacou por montar um time reativo, ou seja, que espera pelo adversário. No Fluminense, o treinador montou uma equipe bem compactada defensivamente — com exceção do gol sofrido, que nasceu de uma bola recuperada pelo Alviverde no campo de ataque —, o Tricolor conseguiu 15 cortes no jogo, quatro a mais que o Palmeiras. Além de nove desarmes e sete interceptações.

No entanto, a falta de velocidade na transição faz com que o time também não adotar o contra-ataque como estilo de jogo. Mesmo quando jogadores velozes como, por exemplo, Marcos Paulo, Evanilson e Michel Araújo tentam acelerar com a bola nos pés.

Aos 30 do primeiro tempo, o uruguaio arrancou pela esquerda, ultrapassou dois marcadores, mas não teve com quem dialogar. Isso porque, como o restante do time não acompanhou, o Flu só tinha Evanilson, “encaixotado” na marcação, dentro do campo de ataque. O camisa 15 então foi recuando com a bola e chamou a falta, feita pelo zagueiro Luan, do Verdão.

Ganso melhora a transição

Na segunda etapa, o técnico Odair Hellmann sacou Yago Felipe para entrada de Paulo Henrique Ganso. Embora não tenha a mesma velocidade que o camisa 20, Ganso deu mais poder de articulação ao meio-campo tricolor, a acelerando a circulação da bola. O camisa 10, inclusive, teve a atuação elogiada pela torcida após a partida.

Transição ofensiva do Fluminense no segundo tempo
Foi pelos pés de Ganso que o Fluminense teve a melhor chegada no segundo tempo. O jogador se aproximou de Egídio e tocou no espaço vazio para abrir a defesa palmeirense. Se Jailson não tivesse intervindo, lance poderia resultar em mais um gol de Evanilson. (Foto: Reprodução/Rede Globo)

Odair até tentou colocar mais jogadores de velocidade abertos, como Welington Silva e o estreante Luiz Henrique, para que pudessem ser acionados por Ganso. Mas, com os palmeirenses recuados sem a bola, novamente a falta de aproximação e de velocidade na troca de passes continuou impedindo uma transição mais rápida do Tricolor.

Finalização de Dodi
Neste momento, o volante Dodi recebe a bola sem que nenhum jogador do Fluminense se aproxime para sair das linhas de marcação do Palmeiras. O camisa 22 então tenta a finalização de fora da área. (Foto: Reprodução/Rede Globo)

As dificuldades em chegar ao ataque são refletidas diretamente pelos números. Ao todo, o Fluminense finalizou em 10 oportunidades na partida. No entanto, só a do gol de Evanilson foi no alvo. Enquanto o técnico Odair Hellmann não solucionar os problemas na transição da defesa para o ataque, vai continuar sem levar perigo aos adversários.

ST

Lucas Meireles


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Lucas Meireles

Jornalista formado pela UFRRJ, apaixonado por esportes e pelas boas histórias.